Mortalidade Infantil-Artigo
Mortalidade Infantil-Artigo
Inayara Cristina Costa Soeiro Jessica Torres Silva Kelly Garreto Rodrigues de Arajo Nilton Gustavo Barreto Guimares Raissa Frota de Araujo Thalita Teixeira Nunes
RESUMO
A mortalidade infantil um srio problema de Sade Pblica - uma vez que evidencia mazelas em fatores biolgicos, scio-culturais e, fundamentalmente, estruturais -, refletindo na precariedade desta. De acordo com os dados do Ministrio da Sade, as taxas de mortalidade na infncia (menores de cinco anos) vm caindo de forma sustentada, passando de 53,7 bitos por mil nascidos vivos, em 1990, para 22,8, em 2008. A meta reduzir para 17,9 mortes por mil nascidos vivos at 2015. Com relao mortalidade infantil (menores de um ano), a taxa caiu de 47,1, em 1990, para 19, em 2008. O objetivo at 2015 diminuir a taxa para 15,7. Por sua vez, a mortalidade fetal partilha com a mortalidade neonatal precoce as mesmas circunstncias e etiologia que influenciam o resultado para o feto no final da gestao e para a criana nas primeiras horas e dias de vida. Os bitos fetais so tambm, em grande parte, considerados potencialmente evitveis. No entanto, tm sido historicamente negligenciados pelos servios de sade, que ainda no incorporaram na sua rotina de trabalho a anlise de sua ocorrncia e tampouco destinaram investimentos especficos para a sua reduo. O artigo a seguir refere-se mortalidade infantil no Brasil e no estado do Maranho, atravs de uma reviso de literatura. Apresenta as taxas que variam em cada ano, e as causas evitveis e no evitveis da mortalidade infantil e fetal no estado do Maranho, sobretudo, em sua capital, de acordo com os dados e grficos do Sistema de Informao de Mortalidade (SIM), os quais esto atualizados at o ms de Agosto do ano de 2011.
Palavras-Chave: problema de Sade Pblica, mortalidade infantil e fetal, causas evitveis e no evitveis.
1 INTRODUO
A mortalidade infantil e seus componentes neonatal e ps neonatal no Maranho tm se mantido superiores s mdias nacionais e regionais e seu
__________________________ Graduandos em Biomedicina da Faculdade So Lus. Artigo apresentado a disciplina de Sade Pblica e Epidemiologia do Semestre Letivo 2011.2.
decrscimo se d de forma mais lenta que nas regies Sul, Sudeste e Nordeste. Fatores estruturais, tais como: distribuio de renda, acesso aos servios de sade, estrutura fundiria, saneamento e educao retardam a queda destes coeficientes, tanto no estado quanto nas capitais (1). A tendncia de estabilidade ou aumento da mortalidade neonatal em So Lus semelhante observada recentemente no Brasil como um todo, diferindo de outras cidades brasileiras, nas quais foi descrita queda lenta, porm persistente, da mortalidade neonatal em oposio a uma reduo mais dramtica em pases desenvolvidos (2). Os bitos infantis esto mais propensos a determinantes sociais do que os ocorridos na idade adulta, devido ao organismo infantil ser um complexo psicobiolgico em formao, com a capacidade de defesa das agresses externas naturalmente reduzida, sendo frequentemente exposto a inmeras doenas e complicaes que potencializam o risco da morte infantil (3). Os fatores determinantes da mortalidade infantil e da sobrevivncia infantil so alvo de preocupao entre a comunidade cientifica brasileira e internacional. Organismos e instituies governamentais e no-governamentais reconhecem como desafiadora a luta pela manuteno de taxas cada vez menores desse indicador (4). O estudo dos fatores de risco dos bitos entre crianas menores de um ano possibilita a elucidao da rede de eventos determinantes, a identificao de grupos expostos, bem como das necessidades de sade de subgrupos populacionais, permitindo a programao de intervenes voltadas reduo dos bitos infantis (5).
A subnotificao de bitos no Pas ainda um problema, especialmente nas regies Norte e Nordeste. A omisso do registro do bito em cartrio seja pela dificuldade de acesso ou pela falta de orientao, existncia de cemitrios irregulares ou pela falta de conhecimento da populao sobre a importncia da Declarao de bito, compromete o real dimensionamento do problema e a identificao das aes adequadas de sade para a diminuio das taxas de mortalidade (9).
lugar desde 1999, e pela primeira vez, em 2007, as doenas do aparelho respiratrio passam a representar a terceira causa de morte infantil, no lugar das doenas infecciosas e parasitrias (9). As afeces perinatais respondem atualmente por cerca de 60% das mortes infantis e 80% das mortes neonatais, alm de ser a primeira causa de morte em menores de cinco anos. Nesse grupo de causas destacam-se a prematuridade e suas complicaes (como o desconforto respiratrio do recm-nascido ou doenas da membrana hialina) e a enterocolite necrotizante, as infeces especficas do perinatal e a asfixia como causas prevenveis de bitos (13-8). A asfixia uma causa de bito com grande potencial de preveno, uma vez que 98% dos partos no Brasil ocorrem em maternidades e 88% so atendidos por mdicos (14). Na anlise dos bitos em menores de um ano, segundo a Lista de Causas de mortes evitveis por ao do Sistema nico de Sade (15), observa-se que 62% dos bitos dos nascidos vivos com peso ao nascer acima de 1500 gramas, eram evitveis, percentual que vem se mantendo desde 1997. Entre as causas evitveis, predominam as reduzveis por adequada ateno ao recm-nascido, representando 25,8% de todas as causas evitveis, em funo da prematuridade e suas complicaes foram includas neste grupo de causas (9). Com relao mortalidade fetal, existe uma precariedade nos estudos disponveis na literatura e estatsticas brasileiras, reflexo da baixa visibilidade, interesse e compreenso de que esse evento , em grande parte, prevenvel por aes dos servios de sade e, ainda, da baixa qualidade da informao. As regies Nordeste e Norte apresentam as maiores taxas de mortalidade infantil enquanto a Regio Sul apresenta a menor, 9,2/1000, em 2006 (9).
De 2002 Agosto de 2011 o nmero de bitos infantis (masculino e feminino) diminuiu, como mostra o grfico 1. Causas Evitveis
Nmero de bitos infantis (masculinos e femininos) notificados, no ano selecionado (2011) e ltimos dez anos precedentes.
Causas No Evitveis Quando se trata de causas no evitveis o desenho do grfico muda, e o nmero de bitos torna-se maior, como mostra o Grfico 1.1.
Nmero de bitos infantis (masculinos e femininos) notificados, no ano selecionado (2011) e ltimos dez anos precedentes.
b) Nmero de bitos segundo ms e ano O grfico abaixo apresenta o decrscimo do nmero de bitos de acordo com o ms no ano de 2011. Houve um aumento mximo de bitos infantis no ms de Maro e uma diminuio quase que zero no ms de Julho. Grfico 2. Causas Evitveis
Causas No Evitveis
Nmero de bitos infantis (masculinos e femininos) notificados, por ms de ocorrncia no ano de 2011 e no ltimo ano precedente.
J em relao s causas no evitveis, o nmero de bitos alcanou seu valor mximo no ms de Abril e foi diminuindo no ms de Junho. c) Nmero de bitos segundo grupo etrio e ano O grfico apresenta os dados relacionados ao grupo etrio neonatal precoce, neonatal tardio e ps-neonatal. Numa escala de 0 180 o nmero de bitos maior prevaleceu no grupo etrio neonatal precoce no ano de 2008. O grupo ps-neonatal obteve maior ndice tambm no ano de 2008. No ano de 2011, houve uma diminuio do nmero de bitos infantis em todos os grupos em relao aos anos anteriores, entretanto o grupo neonatal precoce apresentou maior nmero de bitos neste mesmo ano. Grfico 3. Causas Evitveis
Nmero de bitos infantis (masculinos e femininos) notificados, no ano de 2011 e ltimos quatro anos precedentes, segundo grupo etrio.
Causas No Evitveis
Nmero de bitos infantis (masculinos e femininos) notificados, no ano de 2011 e ltimos quatro anos precedentes, segundo grupo etrio.
Observa-se que o nmero de bitos no ano de 2011 foi maior por causas evitveis, em todos os grupos. d) Nmero de bitos segundo localidade e ms
Em relao localidade, o grfico apresenta dados referentes ao pas, regio, unidade federativa, mesorregio, microrregio, regio de sade, municpio e capital. Os dados so referentes at o ms de Agosto de 2011. Em relao ao Estado do Maranho o nmero de bitos infantis obteve maior nmero no ms de Maro, j em relao ao municpio e a capital, So Lus, o ms de Maro tambm foi o que apresentou maior nmero de bitos.
Localidades Brasil Nordeste Maranho Norte Maranhense Aglomerao Urbana de So Lus So Lus So Lus
Jan
Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
2.083 1.849 2.128 2.073 2.042 1.619 778 5 661 80 34 591 84 33 738 108 47 680 88 31 639 99 30 503 212 2 50 13 18 2 0 0
14
14
23
13
78
10 10
11 11
18 18
11 11
7 7
6 6
1 1
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
64 64
Causas Evitveis
Causas No Evitveis
Localidades Brasil Nordeste Maranho Norte Maranhense Aglomerao Urbana de So Lus So Lus So Lus
Ju Jul Ago Set Out Nov Dez Ano n 3 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6.44 2 1.91 9 260 105 65 57 57
1.01 1.11 1.05 1.05 42 931 857 2 1 6 2 0 302 280 351 43 23 15 13 13 43 18 8 8 8 56 21 11 10 10 325 41 18 15 14 14 317 238 45 16 11 8 8 27 9 5 4 4 10 3 5 0 0 0 0
Pas Capital
Regio
Unidade Federativa
Mesorregio
Microrregio
Regio de Sade
Municpio
Em relao ao Estado do Maranho o nmero de bitos foi alto tambm no ms de Maro, assim como no caso de bitos por causas evitveis e a capital So Lus apresentou ndice alto no ms de Abril.
As causas evitveis como j foram mencionadas no 4 pargrafo do tpico 3, deste trabalho, so goras apresentadas de forma grfica, mas de acordo com o SIM. A adequada ateno ao RN (recm-nascido) apresentou maior porcentagem (42%). Entre as causas evitveis, predominaram as reduzveis por adequada ateno ao recm-nascido, representando 25,8% de todas as causas evitveis... (9). Pode-se fazer uma comparao em relao a esses dados, percebese que a porcentagem do nmero de bitos por causas evitveis aumentou 16,2% do ano de 2009 para o ano de 2011. Grfico 5. Causas Evitveis
Nmero de bitos infantis (masculinos e femininos) notificados, no ano de 2011, evitveis segundo tipo de evitabilidade.
Este outro grfico refere-se apenas s porcentagens de causas evitveis, mal definidas e causas no evitveis. A porcentagem de causas evitveis maior (45%).
Causas No Evitveis
Nmero de bitos infantis (masculinos e femininos) notificados, no ano de 2011, evitveis segundo tipo de evitabilidade.
As informaes disponibilizadas no Painel de Monitoramento da Mortalidade Infantil e Fetal so geograficamente referenciadas segundo o local de residncia. Fonte dos grficos: SIM - Sistema de Informaes sobre Mortalidade - Agosto
de 2011.
5 CONCLUSO
Apesar da reduo significativa na taxa de mortalidade infantil, os nveis atuais ainda so elevados e h importantes desigualdades regionais, sendo Norte e Nordeste as regies com os mais altos ndices. Melhorias no pr-natal e parto contribuem para reduzir a mortalidade materna e, consequentemente, a mortalidade
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infantil e fetal. As doenas terminais - como problemas perinatais ou diarria constituem as causas imediatas (ou proximais) do bito. Tais mortes precoces podem ser consideradas evitveis, em sua maioria, desde que se garanta o acesso em tempo oportuno a servios qualificados de sade. Decorrem de uma combinao de fatores biolgicos, sociais, culturais e de falhas do sistema de sade. As intervenes dirigidas sua reduo dependem, portanto, de mudanas estruturais relacionadas s condies de vida da populao, assim como de aes diretas definidas pelas polticas pblicas de sade.
6 REFERNCIAS
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