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T U TO R : C A R L A P I N H E I R O

T U R M A : BBI7792 - 2023/1
EPIDEMIOLOGIA E BIOESTATÍSTICA

UNIDADE 1 – UNIDADE 2 - UNIDADE 3 -


INTRODUÇÃO À DEMOGRAFIA, SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA
EPIDEMIOLOGIA - ASPECTOS GOVERNABILIDADE APLICADA
CONCEITUAIS E HISTÓRICOS
TÓPICO 1 - A SITUAÇÃO
TÓPICO 1 – ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICA DAS
TÓPICO 1 - MATEMÁTICA, DEMOGRÁFICOS E ESTUDOS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS
DADOS ESTATÍSTICOS E EPIDEMIOLÓGICOS NO BRASIL
PLANEJAMENTO EM SAÚDE

TÓPICO 2 - EPIDEMIOLOGIA
TÓPICO 2 - DINÂMICA APLICADA – ENFRENTAMENTO
TÓPICO 2 - POR QUE AS POPULACIONAL E SITUAÇÃO DE DE SURTOS E EPIDEMIAS
PESSOAS E AS POPULAÇÕES SAÚDE NO BRASIL
ADOECEM E MORREM
TÓPICO 3 – VIGILÂNCIA
EPIDEMIOLÓGICA COMO
TÓPICO 3 - UM PAINEL DAS INSTRUMENTO DE
TÓPICO 3 - CONCEITOS DE CONDIÇÕES CRÔNICAS E A PLANEJAMENTO EM SAÚDE E
EPIDEMIOLOGIA E SUA PREVENÇÃO DE RISCOS GOVERNABILIDADE
APLICAÇÃO
EPIDEMIOLOGIA

BIOESTATÍSTIC
Considerado o mais matemático de todos os nossos
conteúdos:

Epidemiologia.
UM POUCO DE HISTÓRIA...

Epi Sobre
Demio ou Demos Povo, população
Logia ou Logos Estudo

A palavra “epidemiologia” deriva do grego.

Portanto, em sua etimologia, significa “estudo que ocorre em uma população;

A epidemiologia como método é uma ciência recente


A principal ferramenta para planejar ações em
saúde, realizar orçamentos, priorizar investimentos,
comprar insumos, contratar pessoas, é o conjunto de
Ciências exatas dados, gráficos, estatísticas, informações que a
Epidemiologia nos traz.
Publicado (Associação Internacional de Epidemiologia - IEA) “Guia de Métodos de Ensino.
A Epidemiologia pode ser definida como ciência que se
dedica ao “estudo dos fatores que determinam a frequência
e distribuição das doenças nas coletividades humanas”

Definição de Maria Zélia Rouquayrol e Moisés Goldbaum, importantes epidemiologistas no


cenário brasileiro:

EPIDEMIOLOGIA é a ciência que estuda o processo saúde doença


em coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores
determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos
associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de
prevenção, controle ou erradicação de doenças, e fornecendo
indicadores que sirvam de suporte ao planejamento,
administração e avaliação das ações em saúde
Um dos aspectos da epidemiologia é poder olhar dos dados e
números com visão crítica.

À medida que as condições socioeconômicas de uma população


melhoram, os índices mostrados pelos dados epidemiológicos
apresentam níveis de saúde melhores, menor incidência de
doenças, menos mortes.

E a melhora dos índices não tem a ver diretamente com


investimentos em saúde, mas em melhor alimento, saneamento,
oferta de água de boa qualidade, emprego e moradia digna, acesso
ao lazer, redução da carga de estresse e diminuição na violência
urbana, seja no trânsito, seja entre pessoas.
Outra ilustração de como a epidemiologia não se restringe a números,
investimento e planejamento - existência das chamadas doenças
negligenciadas, tais como a hanseníase, a doença do sono, doença de
Chagas e úlcera de Buruli.

Os laboratórios pararam de investir em tecnologia para desenvolver os


tratamentos e seus medicamentos específicos deixaram de ser fabricados.

Os indivíduos acometidos pelas doenças negligenciadas vivem, em sua maioria,


em áreas remotas, ou pobres, em níveis de pobreza ou miséria extrema e em
locais onde a presença do Estado é pouco expressiva e/ou ineficiente.

Este conjunto de fatos faz com que as indústrias farmacêuticas percam o


interesse. Os acometidos por elas são muito pobres e não representam um
mercado consumidor de bom retorno.
Mas estes também são dados para nos fazer pensar.
Seria a lucratividade o critério maior para impulsionar a pesquisa
científica quando se trata de saúde e de vidas?

Qualquer doença, por mais remota que seja a população atingida,


pode mudar seu comportamento epidemiológico e se tornar uma
ameaça global.
Refletir sobre os pilares da ciência epidemiológica

O nexo causal - Buscar as causas.

Pois, não ocorreu um caso isolado

E não apenas estabelecer nexo causal, mas correlaciona-lo a estratégias de


prevenção e planejamento;

reduzir a incidência do evento, preveni-lo e estabelecer estratégias de


tratamento e intervenção para resolver o problema ou a doença;
A repetição de certos eventos ou doenças é um sinal de alerta para que se
desencadeiem pesquisas cuidadosas a partir de observação e comparação de
dados.

Necessidade de se fazer registros, mantê-los à disposição de outros


pesquisadores e profissionais de saúde e investir tempo para estudar e pesquisar
por que tal evento se repete.

Este é um trabalho realizado em nosso país pela Vigilância em Saúde,


principalmente na Divisão da Vigilância Epidemiológica, órgão importantíssimo, que
determina ações em todos os estabelecimentos de saúde (entre outros) do país.
Dentro da Vigilância em Saúde trabalha a
Vigilância Sanitária, que trata de orientar e
fiscalizar empresas de saúde, alimentícios,
indústrias, com o objetivo de proteger as
pessoas de riscos.

As vigilâncias têm como missão realizar buscas e pesquisas sobre


condições de saúde e condições de moradia, saneamento, acesso a
água potável, condições de trabalho, venda de produtos alimentícios
e depois divulgar, orientar e fiscalizar que em uma coletividade se
pratique conscientemente as leis da prevenção.

Estas “leis de prevenção” foram baseadas em dados e estudos


epidemiológicos que, por sua vez, foram anotados e sistematizados.
A IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

Para atuar em qualquer área ligada à saúde, uma das primeiras informações
necessárias será o perfil epidemiológico da população atendida por aquele
serviço.

Montar um serviço de atendimento à saúde:

É necessário conhecer:
• Do que as pessoas adoecem e morrem,
• Quais os grupos mais vulneráveis,
• Qual a idade da população que adoece e,
• Quais as doenças mais importantes e por que estas são consideradas assim.
O processo saúde-doença é um conceito amplo, que requer entender que
saúde não é somente a ausência de doenças, mas a possibilidade de
acesso a uma vida em que as potencialidades do indivíduo sejam
alcançadas:

• bom desenvolvimento físico e mental,


• acesso à educação de qualidade,
Um indivíduo que alcança as suas melhores
• proteção de contaminantes ambientais,
possibilidades de condições de vida tem
• condições de trabalho dignas,
menos risco de adoecer.
• acesso ao lazer,
• Entre outros...
E se adoecer, é maior a probabilidade de
restabelecimento mais rápido e sem
sequelas.

Entender o processo saúde-doença também


requer observar como e onde se processa
o adoecimento, quais recursos o indivíduo
terá disponíveis para o tratamento, e
como é a vida após o evento.
Exemplo escolhido da mortalidade e dos acidentes por motocicleta por sua relevância no cenário do país.

Os custos sociais, hospitalares, familiares dos acidentados de trânsito são muito elevados e
requerem muitos recursos do sistema de saúde.

Muitos destes acidentados levam anos para se recuperar e alguns ficam com sequelas
permanentes. A isto podemos chamar de magnitude do problema. As lesões pós-acidente e
sequelas podemos chamar de agravos.

Podemos com certeza dizer que este evento tem relevância social e política, e merece
detalhados estudos epidemiológicos.
Muitos destes acidentes seriam evitados se tivéssemos uma rede de
transporte público mais eficiente e mais infraestrutura viária.

Embora acidentes de trânsito não sejam eventos transmissíveis, medidas


governamentais precisam ser tomadas, tais como a melhoria de infraestrutura
urbana.

A maior parte das vítimas é jovem, do sexo masculino, e de camadas de renda


mais baixa, o que também sinaliza para a vulnerabilidade deste grupo de risco:
condutores de motocicletas.

Podemos chamá-los de grupo de risco para acidentes de trânsito com


motocicletas.
A epidemiologia começou com o estudo das doenças
transmissíveis, mas com o seu amadurecimento como
ciência, com a implantação do Sistema Único de Saúde, com
a redução das doenças transmissíveis e a ampliação das
redes de dados, esta pôde se estender para o estudo das
doenças crônico-degenerativas (conjunto de fatores, levam à
deterioração progressiva da saúde ) e as causas externas, como
são chamados os acidentes de trânsito e as mortes por
violência.
UM POUCO DE HISTÓRIA... Epi Sobre
Demio ou Demos Povo
A palavra “epidemiologia” deriva do grego.
Logia ou Logos Estudo
Portanto, em sua etimologia, significa “estudo que ocorre em uma população;

A epidemiologia como método é uma ciência recente


No entanto...
desde os tempos de Hipócrates, médico e cientista grego, já
havia algumas noções de como as doenças podiam se transmitir.

Descreveu estas observações no livro “Dos ares águas e


lugares”, escrito aproximadamente quatrocentos anos antes de
Cristo.

Muitas ideias erradas, míticas e com forte influência religiosa prevaleceram até o século
dezenove, como a teoria dos miasmas, que explicava a origem das doenças pela inalação dos
miasmas, odores fétidos emanados por pântanos, cadáveres e matéria em putrefação.
• A teoria dos miasmas mesmo errada ajudou a salvar muitas vidas.
• Evitando os miasmas, ou o mau cheiro, as pessoas ficavam distantes das fontes de infecção.
• começaram a afastar as causas de mau cheiro, deixar os cemitérios em lugares mais retirados,
proteger as águas de consumo humano, e dar destino aos esgotos
No decorrer dos séculos XVII e XVIII o asseio pessoal não incluía banhos,
normalmente considerados perigosos para a saúde.

Lavavam-se o rosto, as mãos e os pés. Eram utilizados perfumes fortes, para


disfarçar os maus odores corporais.

No século XVIII a situação melhorou gradualmente, especialmente entre as


mulheres, e os perfumes passaram a ser mais suaves.

Nessa época foram inventados os bidês, que auxiliavam na higiene corporal. As


casas não costumavam ter banheiros.

O sistema de esgotos nas cidades era precário.


[...] A preocupação com limpeza e ventilação nos hospitais diminuiu muito a
mortalidade – que chegava a 50% na maioria deles.

Os cemitérios, que ficavam ao lado das igrejas, foram sendo desativados,


sendo criados outros em lugares mais distantes.

Os matadouros de animais foram também deslocados para fora das cidades.

Aos poucos, as principais fontes de maus odores estavam sendo controladas.

Os resultados mais importantes desse movimento sanitário foram sendo


implantados gradualmente, ao longo do século XIX – tudo isso sendo motivado
apenas pelo desejo de libertar as pessoas dos cheiros pútridos, que poderiam
transmitir doenças.
Ignaz Semmelweiss, médico obstetra húngaro, 1847 enlouqueceu
tentando provar aos seus colegas da Maternidade de Viena que as
infecções passavam dos cadáveres em decomposição (que eram
dissecados pelos estudantes de medicina e professores nas aulas de
anatomia) para as pacientes da maternidade pelas mãos dos
médicos.

Somente com Louis Pasteur e Robert Koch, décadas depois, é que


ficou demonstrada a presença destes micróbios e que Semmelweis
passou a ser levado a sério.

Ou melhor, as suas ideias, porque Semmelweis, que hoje é


considerado o “pai da antissepsia”, “salvador das mães” já estava
morto e praticamente esquecido.
Agora é fácil imaginar porque epidemias como
a peste e a cólera dizimaram parte da
população da Europa.
John Snow em seus estudos (1813-1858) lançou as bases da moderna
epidemiologia, a cerca da epidemia da cólera.

Observou e anotou cuidadosamente a distribuição dos casos e em que


direção se propagavam, até que chegou perto da fonte de contaminação: a
água.

Para comprovar, desenvolveu um método epidemiológico descrevendo o


comportamento da doença por meio de dados de mortalidade, frequência e
distribuição dos óbitos, cronologia dos fatos, locais de ocorrência, e
levantamento de outros fatos referentes aos casos, a fim de estabelecer
hipóteses causais.

Isto lembra o nexo causal do caso mineiro.


A partir dos estudos de Snow, mudaram-se os locais de captação de água e a
epidemia foi controlada. E seus estudos estabeleceram as bases da
epidemiologia científica.
Estudos e métodos semelhantes foram realizados para monitorar doenças
importantes.

Pesquisadores puderam se dedicar a outros tipos de doenças e eventos e


descrevê-las utilizando métodos epidemiológicos.

Ex:. Em Framinghan 1984 recrutaram 5.209 habitantes, sem doenças cardíacas


diagnosticadas, e monitorados a cada dois anos para identificar o que seriam
os fatores de risco para doenças chamadas cardiovasculares.

E estabeleceu a relação entre tabagismo, atividade física, colesterol elevado e


hipertensão arterial com o risco de morrer por um ataque cardíaco ou de ter
doenças cardiovasculares.
Josef Goldberger, pesquisador de saúde pública dos Estados Unidos, realizou
a Primeira pesquisa que levou a epidemiologia para além do campo dos
micróbios e doenças transmissíveis, possibilitaram a descoberta da etiologia (ou
causa) da pelagra.

Doença que atormentava marinheiros, tropas militares e populações inteiras pela


falta da vitamina B3, chamada também de Niacina.

Este problema ocorreu principalmente pela substituição do arroz integral, base


quase universal da alimentação humana, pelo arroz branco ou polido, que retirou
deste alimento a vitamina B3.
Depois da Segunda Guerra Mundial, com o
desenvolvimento da estatística e dos computadores, a
epidemiologia se desenvolveu intensamente e passou a
cobrir um espectro de doenças cada vez maior.
Graças aos estudos epidemiológicos, podemos
prevenir a maior parte das doenças transmissíveis,
interromper a sua cadeia de transmissão, prever e
prevenir os principais agravos que ocorrem a pessoas
idosas e de meia idade portadoras de hipertensão,
diabetes, obesidade, dislipidemias.

Naturalmente que a ciência da epidemiologia por si


não vai realizar estas ações, mas indicar, como uma
bússola, qual a direção melhor a ser tomada para que
os investimentos em saúde tragam retornos garantidos.
Pesquisador intervêm

Controle da variável

Padrão ouro

Novas drogas
Avanço de testes
• Os estudos ecológicos ou de correlação, feitos com populações
e poucas variáveis globais, e são relativamente de fácil
execução e baixo custo. Podem medir coisas como o impacto
de adição ao flúor na água e a cárie de uma população;

• Os relatos de caso ou de série de casos - relato detalhado, de


uma circunstancia de um individuo ou comunidade, mas em ambas as
situações com um universo bem menor que o anterior.
Os estudos seccionais ou de corte transversal
também são conhecidos por estudos de prevalência e medem a
exposição de um indivíduo, em um dado tempo, a um efeito.

Estes estudos são especialmente válidos para fatores de risco de


doenças de evolução lenta, que não costumam ter diagnóstico fácil
nas etapas iniciais.
ESTUDOS ANALÍTICOS

Nos estudos analíticos, já se realiza a testagem da hipótese, e


podemos dividi-los entre estudos de coortes e estudos de caso-
controle.

Estudos de coorte
Uma coorte é uma amostragem grande de pessoas,
acompanhadas em geral por longo tempo. Os estudos de coorte
podem ser complexos e de longa duração.

Mas eles também são o melhor método para investigar surtos


epidêmicos em populações pequenas e bem delimitadas, segundo
Waldmann .
Estudos tipo caso-controle
Os estudos tipo caso-controle são aqueles que comparam dois
grupos. Em geral, os que têm a doença e os que não a têm.

Importante que os grupos de amostra sejam o mais rigorosamente


iguais possível;

Os estudos deste tipo também são observacionais, isto é, não se


realizarão intervenções. Apenas se estudará o que aconteceu na
história pregressa em geral.
EPIDEMIOLOGIA EXPERIMENTAL

Estudos analíticos – ensaio clínico

O ensaio clínico é um dos estudos mais comuns em epidemiologia.

É através do ensaio clínico que se testa a eficácia de uma intervenção.


Normalmente, se divide o grupo pesquisado em dois.

Grupo controle, se aplicará a intervenção, que pode ser um remédio


novo, uma vacina, ou outra prática, como terapia de grupo, por exemplo.
Este será o grupo feito a intervenção.

Grupo em que não se fará a intervenção com o agente que motiva a


pesquisa será o grupo de controle.
Randomização
Randomização fator importante para garantir confiabilidade na pesquisa .

E isto quer dizer que os dois grupos precisam ter características semelhantes:
idade, paridade entre os sexos, estado nutricional, nível de adoecimento ou o
comprometimento do organismo pela doença etc.

É preciso garantir a homogeneidade das amostras.

O pesquisador não pode separá-los por escolha, porque mesmo


inconscientemente pode estar privilegiando este ou aquele grupo.
Uso de placebo (estudo cego)

A metade dos indivíduos pesquisados estará tomando um remédio completamente


inócuo, isto é, um placebo: uma pílula ou medicamento exatamente com a
mesma aparência, mas sem o princípio ativo do remédio.

Isto fará com que todos imaginem estar tomando o medicamento. Tal fato se deve
à poderosa influência que a mente deve ter no estado de saúde das pessoas.

Também se pode dizer que é um estudo cego, porque as pessoas envolvidas


não sabem quem toma e quem não toma a substância a ser testada.

Há muitos estudos demonstrando que algumas doenças tratadas com o placebo


melhoram, e isto tem a ver com a crença no remédio no tratamento ou nas
pessoas que o aplicam.
NÍVEIS DE CONFIABILIDADE (MATEMÁTICOS) NAS ESTATÍSTICAS
– DESVIO PADRÃO, QUI QUADRADO E OUTROS

Como poderemos ter certeza de que os cálculos de uma pesquisa estão corretos?

Guardadas as devidas proporções, é o que se faz em estatística: aplicar testes e


provas para conferir se os resultados obtidos não estão sendo influenciados por
outros fatores e “dar uma quebra ou desconto” nos achados das pesquisas, por
conta do cálculo de incertezas que é inerente a qualquer pesquisa que usa dados
estatísticos.

Pois em toda estatística existe uma incerteza inserida, pois está se trabalhando
com um cálculo de probabilidades.

Teste de Ki Quadrado. O que seria isto?


Testes de significância estatística realizados na pesquisa

Normalmente as equipes de pesquisa contam com o apoio de um


profissional da área da matemática ou estatística, e que muitas vezes é um
profissional de saúde que se especializou nestas questões.

Então não custa repetir: a matemática é um dos pilares da epidemiologia,


que, por sua vez, é a nossa bússola para o planejamento das ações em
saúde.

O teste de Ki Quadrado compara proporções e as possíveis diferenças ocorridas


entre a frequência de resultados observados e os resultados esperados.

E serve para calcular a significância da diferença ou desvio entre resultado


observado e esperado.

Para isto são utilizadas fórmulas matemáticas e programas de computador.


Epi Info - Um programa bastante conhecido dos que trabalham com
pesquisa em epidemiologia;

Um software de domínio público criado pelo CDC – Centro para o


controle e prevenção de doenças.

O Epi Info é utilizado para gerenciar e analisar dados em saúde


e epidemiologia.

O Ministério da Saúde e as universidades e gerências de saúde


sempre estão disponibilizando cursos e treinamentos para usos
específicos desta ferramenta, sendo que a autora destas linhas,
assim como muitos profissionais de saúde, já teve a oportunidade de
frequentar alguns deles.
Este foi um erro importante cometido no alvorecer da epidemiologia como
ciência, o de achar que saber da história natural da doença e dos micróbios que
a causavam era o “ponto final” colocado na verdade científica.

Por este motivo levaram-se dezenas de anos e milhares de mortes até que os
cientistas entusiasmados pelos micróbios abrissem mão desta certeza
microbiana para descobrir que o beribéri era uma doença carencial e a pelagra
também, ambas por falta de vitaminas do complexo B.
EPIDEMIOLOGIA CRÍTICA

Sempre é bom lembrar que a epidemiologia não se faz apenas com números e
estatísticas.

A clareza matemática de se trabalhar com números não pode dar conta da


complexidade do processo de adoecimento de uma pessoa ou de uma
coletividade.

Resumindo: quando utilizamos uma visão crítica da epidemiologia,


enxergando para além dos micróbios e seus respectivos remédios e
vacinas, estamos adentrando as portas de uma ciência política,
social e revolucionária!

Não é à toa que o nascimento da Medicina Social incomodou muita


gente, dentro e fora das universidades!
EPIDEMIOLOGIA E GOVERNABILIDADE
É possível construir uma nova postura ética para a vida cotidiana.

Posturas rigorosamente éticas:


• Nas formas de trabalho
• Nos direitos do consumidor
• Nos direitos e equidade étnicos e de gênero
• No manejo ecológico seguro

Estas grandes mudanças não são tarefa simples. Há fortes lobbys interessados em vender
seus medicamentos e produtos, interesses corporativistas, falta de educação
problematizada e de qualidade, e principalmente muita desigualdade entre negros, brancos
e pardos e ainda desigualdades de gênero.

Cabe ao Estado fiscalizar para que de fato estes pressupostos estejam


contemplados e sejam cumpridos na vida cotidiana, garantindo a
governabilidade ou bom andamento do governo. Facilitando e mantendo a vida
e a segurança da população.
NÍVEIS DE CONFIABILIDADE (ÉTICOS) NAS PESQUISAS E
ESTATÍSTICAS

Além dos testes de confiabilidade matemáticos, é importante


pensar que uma pesquisa precisa ser confiável do ponto de
vista ético.

Muito da literatura científica é paga pelos laboratórios que fabricam


medicamentos.

Para você ter uma ideia, observe a quantidade de livros sobre


psiquiatria e saúde da mulher cuja publicação é financiada pelos
laboratórios que fabricam medicamentos para estas duas
especialidades.
Pesquisas pagas pela indústria de medicamentos, seria ético?

Elas realmente são necessárias e precisam fazer pesquisas para testar a


eficácia ou a segurança de seus produtos.

Mas este texto é um alerta para que quando você, ao fazer pesquisa acerca de
alguma coisa, observe as fontes de suas pesquisas, para saber de onde provêm e
de que lugar o pesquisador está falando.

Existem pesquisadores éticos e competentes trabalhando para as indústrias, não


há dúvida. E ensaios clínicos necessitam ser realizados para que um novo
medicamento seja liberado para comercialização.

Mas pesquisas financiadas pela indústria em geral não podem ser nossas fontes
principais de informação.
ÉTICA NO FINANCIAMENTO DAS PESQUISAS – O CONFLITO DE INTERESSES E A
PESQUISA CIENTÍFICA
Observe este texto-assinatura no final do capítulo do periódico The Lancet:
Saúde no Brasil, 2011:
Ricardo Uauy
Instituto de Nutrição, Universidade do Chile, Santiago, Chile; e
Departamento de Pesquisas de Nutrição e de Intervenções na
Saúde Pública, London School of Hygiene and Tropical Medicine,
London WC1E 7HT, UK
[email protected]
Declaro não ter conflitos de interesses. (THE LANCET, 2011, p. 9, grifo do autor)

A assinatura de um artigo – declara onde trabalha e que não tem conflito de interesses.

Isto significa que ele não foi financiado por nenhuma empresa que apresente interesse contrário aos
seus temas de pesquisa.

Suas afirmações científicas com certeza podem influenciar a compra de produtos em grande escala,
uma vez que as intervenções em saúde pública são de âmbito populacional.
A IMPORTÂNCIA DOS DADOS DE MORTALIDADE
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE UMA POPULAÇÃO – O QUE É
ISTO?

O perfil epidemiológico é uma espécie de retrato das condições de saúde de uma população.

Para compor este perfil precisaremos dos dados de nascimento, expectativa de vida,
informações sobre mortalidade, morbidade, quais são as doenças que mais internam
pessoas nos hospitais, quais as que mais mortes causam e quais os motivos de dias
perdidos no trabalho.

As condições sociais também ajudam a delinear o perfil epidemiológico de uma população.

Se há pobreza e desemprego, baixas condições sanitárias, dificuldades no acesso aos


serviços de saúde, podemos dizer que esta população não tem um bom perfil
epidemiológico.

Os determinantes do que adoece e do que melhora a saúde de uma população são os mais
variados possíveis e, com certeza, passam pelas condições sociais e econômicas e podem
ser minitorados ou agravados pelo tipo de infraestrutura urbana.
Vamos tomar como um exercício prático pensar no bairro onde você vive.

Imagine-se como gestor da unidade pública de saúde que atende as pessoas de seu bairro.

Mesmo que você não utilize os serviços do SUS, poderá conversar com seus vizinhos ou
até mesmo ir até a unidade e conversar com algum de seus trabalhadores.

Construa o perfil epidemiológico de seu bairro, partindo destas perguntas:

• Quais as principais causas de adoecimento e mortalidade?


• Quais são os medicamentos mais utilizados?
• Quais as principais ocupações dos moradores?
• O número de idosos é alto neste bairro?
• E o número de crianças e escolares?
• Há boa estrutura urbana (creche, escola, praça, local para caminhar, ônibus,
calcadas, coleta de lixo, saneamento, posto de saúde)?
• Há poluição?
• Como estão os índices de violência?
• Qual o nível econômico da população?
• Há muitas pessoas afastadas do trabalho? Por qual motivo?
• Que serviços as pessoas procuram quando estão doentes?
BASES DE DADOS E INDICADORES DISPONÍVEIS

Para construir o perfil epidemiológico e estudar as condições de saúde de


uma população, podemos (e precisamos) lançar mão das bases de dados
disponíveis nos principais sistemas de notificação.

Estes bancos de dados são de base populacional, quer dizer que se propõem a
abranger todos os eventos daquela natureza existentes na população nacional:

• SIM – Sistema de Informações sobre Mortalidade


• Sinasc – Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos
• Sinan – Sistema de Informações de Agravos sob Notificação
• SIH – SUS – Sistema de registro das internações hospitalares do SUS
• SIA – SUS – Sistema de registro de informações ambulatoriais
UM PARADOXO: PARA MEDIR A SAÚDE PRECISAMOS MEDIR A MORTE
E A DOENÇA

Uma contradição - Mas a primeira coisa que necessitamos investigar para cuidar da saúde de
um grupo de pessoas é saber: o que mais as ameaça de morrer e adoecer? Pois é focando
no risco que se faz a prevenção.

Por quê? Os estudos epidemiológicos mostram que a “maior causa de mortes e


complicações obstétricas se deve às complicações hipertensivas na gravidez.

Isto significa que a pressão precisa ser monitorada sempre! Verificar a pressão é um cuidado
simples, que pode ser feito diariamente, se necessário, e que direcionará a gestante aos
cuidados médicos imediatamente, caso indique algum alarme.

Outro exemplo que já foi comprovado há muitos anos pelas estatísticas de mortalidade é que
a obrigatoriedade do uso de cinto de segurança diminuiu as mortes no trânsito, embora, ainda
assim, tenhamos estatísticas de mortes no trânsito catastróficas.
A IMPORTÂNCIA DOS REGISTROS DE ÓBITOS E O SIM – SISTEMA DE INFORMAÇÕES
SOBRE MORTALIDADE

Os registros de morte são muito importantes. E por isso, as declarações de óbito devem ser
preenchidas cuidadosamente por médicos, pois é pela notificação do óbito que se faz o
levantamento mais importante para a epidemiologia, o registro de mortalidade por causas.

Os dados são coletados pelas secretarias municipais de Saúde, por meio de busca ativa nas
Unidades Notificadoras.

Depois de devidamente processados, revistos e corrigidos, são consolidados em bases de dados


estaduais, pelas secretarias estaduais de Saúde.

A Base Nacional de Informações sobre Mortalidade é de acesso público. Os dados do SIM podem
ser obtidos não só no Anuário de Estatísticas de Mortalidade, como em CD-ROM ou na internet,
na página da FUNASA <http://www.funasa. gov.br/sis/sis00.htm>. *Coordenação Geral de Análise
de Informações em Saúde (CGAIS). (BRASIL, 2001, p. 4).
SUBNOTIFICAÇÃO, O QUE É?

Muitas doenças e mesmo as mortes podem estar subnotificadas. Existem falsos atestados de
óbito, isto é, atestam causas diferentes da morte.

Para proteger o morto de um diagnóstico pouco honroso ou por incompetência no diagnóstico,


ainda existem causas de morte erradas nos atestados.

Também existem muitas doenças que ainda passam longe dos serviços de saúde por
vergonha, dificuldade de acesso, o desconhecimento da população de sua gravidade.

Assim existem muitas mulheres que desconhecem ser portadoras de DSTs como HIV/AIDS e
sífilis. A incidência destas doenças em gestantes, mulheres jovens e em idade reprodutiva e
produtiva é alarmante.

Há muitas doenças de existência desconhecida nas estatísticas por subnotificação. Como


gestor em saúde, gostaríamos que você fixasse e valorizasse este conceito: a importância da
notificação!
QUANDO A QUALIDADE NOS REGISTROS “PIORA” O PERFIL
EPIDEMIOLÓGICO
À medida que se aumenta a qualidade dos registros, que se passa a notificar
com mais eficiência, e se melhora o conhecimento das doenças, os registros
aumentam em número.

Logo, para um leitor desavisado das estatísticas, aquela doença aumentou a sua
incidência.

E geralmente este fato não é verdade: o que aumentou não foi a estatística, mas,
na realidade, a eficiência do diagnóstico e da notificação.

Há muitas doenças de notificação compulsória ou obrigatória, e pouco a pouco


melhoram os conhecimentos acerca destas, a capacidade de diagnóstico e a
consciência de que é importante notificá-las aos órgãos competentes de
Vigilância Epidemiológica, para que se observe o comportamento das mesmas
e se tomem as devidas precauções para proteger a população.
INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS
Como se constrói uma medida para determinar a quantidade e qualidade de saúde de uma
população?

A ONU – Organização das Nações Unidas decidiu, no ano de 1952, convocar um grupo de
trabalho para encarregá-lo de determinar o que seriam indicadores de saúde, ou maneiras
confiáveis de avaliar os coletivos humanos.

Não se encontrou nenhuma fórmula global para avaliar qualidade e quantidade de saúde, é
lógico, mas o grupo sugeriu indicadores parciais agregados para:
• Condições de trabalho
• Ensino técnico (quantidade, disponibilidade e qualidade dos profissionais de saúde)
• Saúde
• Nutrição
• Educação
• Recreação
• Transporte
• Habitação
• Segurança social
Os indicadores de saúde foram desenvolvidos para facilitar a quantificação e
a avaliação das informações produzidas com tal finalidade.

Em termos gerais, contém informação relevante sobre determinados atributos


e dimensões do estado de saúde, bem como do desempenho do sistema de
saúde.

Vistos em conjunto, devem refletir a situação sanitária de uma população e


servir para a vigilância das condições de saúde.

A construção de um indicador é um processo cuja complexidade pode variar


desde a simples contagem direta de casos de determinada doença, até o
cálculo de proporções, razões, taxas ou índices mais sofisticados, como a
esperança de vida ao nascer.
TAXAS DE MORTALIDADE

São muito importantes para o planejamento e a epidemiologia,


elas vão nos indicar do que morrem as pessoas, o que mata mais
e em que idade.

Vão nos mostrar as doenças mais importantes do ponto de vista


epidemiológico, o que mata pessoas jovens, o que mata as
idosas, quais as doenças crônicas que mais matam e em que
idade.

Estas taxas serão os indicadores de investimento e recursos


para o governo e profissionais gestores e planejadores em saúde.
Para calcular a taxa de mortalidade geral de uma população no período de um ano, precisamos
saber a população residente naquela área em que se deseja medir e dividir por este número a
quantidade de óbitos ocorridos naquele mesmo período:

Número de óbitos do ano


____________________
População residente naquele ano

Depois, para ter ideia se esta mortalidade está dentro do esperado para aquela região e
condições de vida, calcula-se o número por 100.000 habitantes.

Isto dará uma ideia se esta população está bem ou não. E homogeneizará a taxa. Porque pode
ser que estejamos comparando uma pequena cidade com 20 mil habitantes a uma cidade como
São Paulo ou Rio de Janeiro.

Naturalmente, em lugares com grande quantidade de jovens a mortalidade será menor do que em
cidades onde moram muitos idosos ou aposentados. Isto faz parte dos coeficientes esperados de
variação e devem ser analisados caso a caso.
TAXA DE MORTALIDADE POR CAUSAS

O que diz o Guia Ripsa: mais de 60% dos óbitos informados no país em 2004
foram devido a três grupos de causas:
• Doenças do aparelho circulatório (31,8%)
• Causas externas (14,2%)
• Neoplasias (13,4%)

O guia continua dizendo que, comparando os dados entre os anos de 1996 e


2004, houve pequenas variações. Nos anos analisados as causas
circulatórias sempre ocuparam o primeiro lugar.

Já as causas externas (violência, acidentes e suicídios) ocuparam o segundo


lugar nas regiões Norte, Nordeste e Centro- Oeste, e as neoplasias estavam
em segundo lugar nas regiões Sul e Sudeste.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL

A taxa de mortalidade infantil está entre os indicadores mais


sensíveis da governabilidade de um país.

Hannah Arendt, prover condições de saúde, educação,


sobrevivência aos que chegam (nascem) é considerado um fator de
civilização e desenvolvimento.

Esta taxa é medida dividindo-se o número de mortes antes de


completar um ano pelo número total de crianças nascidas vivas
naquele ano.
“Epidemia: é a ocorrência da doença em um grande número de pessoas ao
mesmo tempo”

A epidemia, às vezes, é percebida empiricamente pela população, como ocorreu


com as pestes na Europa da Idade Média.

A doença era bem definida e havia muitos sintomas comuns a todas as pessoas
afetadas. Mas há outras epidemias que podem passar despercebidas, como
a questão da obesidade infantil e obesidade em geral.

Este é um fenômeno que está ocorrendo em massa, e as pessoas pouco estão


se apercebendo dele.

O SISVAN – Sistema Nacional de Vigilância em Alimentação e Nutrição está


tentando monitorar esta situação, mas ainda faltam registros mais abrangentes.
EPIDEMIA (conceito operativo) – é uma alteração, espacial e cronologicamente delimitada do
estado de saúde-doença de uma população, caracterizada por uma elaboração
progressivamente crescente, inesperada e descontrolada, dos coeficientes de incidência de
determinada doença, ultrapassando e reiterando valores acima do limiar epidêmico
preestabelecido.
O surto epidêmico define-se como a ocorrência da doença em uma região
delimitada, como um bairro, um prédio ou uma creche.

“Pandemia é uma ocorrência epidêmica de larga distribuição espacial,


atingindo várias nações”.

Podemos citar como exemplos recentes a pandemia de gripe H1N1 e a sétima


pandemia de cólera que ocorreu inclusive por vários anos aparecendo em
vários países e continentes.

Endemia é a ocorrência coletiva habitual de uma doença que de tempos em


tempos aparece na mesma população. Ou seja, é uma doença habitual
daquele local.

Diz-se dela que é endêmica naquela região. Um bom exemplo de endemia é a


ocorrência de malária na região Norte do Brasil.
VARIÁVEIS DOS INDIVÍDUOS: IDADE, SEXO E RAÇA

As variáveis individuais são indubitavelmente importantes para caracterizar


grupos pesquisados.

Para construir o perfil de uma população com estas variáveis, desenha-se o


que é tecnicamente chamado de pirâmide populacional, assim se poderá
observar o conjunto da população: se há mais idosos ou jovens, se há muitos
nascimentos, se há mais brancos ou negros e pardos, se há homens ou
mulheres.

Pirâmides de países pobres costumam ter o desenho bem diferente daquelas


dos países ricos.
RESUMO DA UNIDADE 1

• A história e a importância da epidemiologia.


• Os principais métodos de estudos epidemiológicos.
• A importância da visão ética e crítica da epidemiologia que integra o social, a
Matemática, a biologia e a estatística.
• Relacionamos a epidemiologia com a prática em saúde.

A importância de conhecer e delimitar o perfil epidemiológico de uma população.


• A importância de registrar corretamente os óbitos, por causas.
• Sobre o SIM – Sistema de Informações sobre a Mortalidade e outros bancos de dados
disponíveis para consulta on-line.
• Sobre os bancos nacionais de dados e a importância da fidedignidade nos registros.

A constituição dos indicadores de saúde e a importância dos índices de mortalidade.


• Alguns conceitos fundamentais da epidemiologia.
• As variáveis que entram na composição dos indicadores.
E o ambiente
https://www.youtube.com/watch?v=YQPSkAS3dUk
BANCOS DE DADOS DISPONÍVEIS E SISTEMAS DE DADOS
DISPONÍVEIS PARA CONSULTA ON-LINE

IBGE

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Muitos dos dados


utilizados para planejamento em saúde, e seu planejamento orçamentário, são
subsidiados pelas pesquisas desta instituição.

Tem como missão a produção, análise, pesquisa, disseminação de


informações de natureza estatística – demográfica, socioeconômica e
científica.

As informações e pesquisas do IBGE são fundamentais para entender a saúde


e a doença no país, e são frequentemente consultadas pelos epidemiologistas.
https://www.youtube.com/watch?v=jvAZYQdLKkw
DATASUS - Departamento de Informática do SUS
Órgão incumbido de sistematizar, consolidar e veicular a informação produzida
coletivamente na Rede de Atenção à Saúde, mediante a transferência eletrônica de dados.

O DATASUS também vai se servir dos dados do IBGE, assim como outras publicações na área
da saúde pública e gestão em saúde.
A OPAS E A RIPSA

A OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde trabalha com os


países das Américas para melhorar a saúde e a qualidade de vida de suas
populações.

A RIPSA - Rede Interagencial de Informações para a Saúde propósito


promover a disponibilidade adequada e oportuna de dados básicos,
indicadores e análises sobre as condições de saúde e suas tendências,
visando aperfeiçoar a capacidade de formulação, gestão e avaliação
de políticas e ações públicas pertinentes.

https://www.youtube.com/watch?v=93qXQOQU7iI https://www.youtube.com/watch?v=eVmc3JVyO70
https://www.youtube.com/watch?v=R9TwFhhkg84 https://www.youtube.com/watch?v=ArmW74KJ1fc
https://www.youtube.com/watch?v=2DTGYBPh-xc
https://www.youtube.com/watch?v=4YDek3GzaKY
OS FATORES DE RISCO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA
Boa parte da população adulta encontra-se exposta a fatores de risco, como:

Fumo Abuso de álcool Inatividade física Obesidade

Os fatores relacionados nesta pesquisa são “explosivos” para patologias


circulatórias e também para aumentar o risco das neoplasias.

Reduzir os fatores de risco é um dos desafios para as gestões dos serviços


públicos e privados de saúde.
AS NECESSIDADES DE PREVENÇÃO – NOVAS ESTRATÉGIAS PARA O
FAZER SAÚDE

A necessidade de prevenção sinaliza para novas estratégias de marketing


das empresas produtoras de serviços de saúde;

Tais como ofertar descontos aos usuários que praticam atividade física regular,
realizam consultas e exames preventivos, não fumam e mantêm seu peso nos
níveis considerados seguros.

Em algumas capitais e grandes cidades brasileiras é possível ver as empresas


de convênio saúde promovendo práticas esportivas.

Com certeza, esta é uma estratégia que, além do marketing, gera economia a
estes prestadores – além de melhorar a qualidade de vida de seus
segurados.
A TRIPLA CARGA DE PROBLEMAS DE SAÚDE

Condição epidemiológica chamada de tripla carga de problemas de saúde:

• Persistência concomitante das doenças infecciosas e carências e das doenças


crônicas;
• movimentos de ressurgimento de doenças que se acreditavam superadas;
• as doenças reemergentes como a dengue e febre amarela;
• as doenças emergentes.

Essa complexa situação tem sido definida como tripla carga de doenças, porque
envolve, ao mesmo tempo: uma agenda não concluída de infecções,
desnutrição e problemas de saúde reprodutiva; o desafio das doenças
crônicas e de seus fatores de risco, como tabagismo, sobrepeso, inatividade
física, uso excessivo de álcool e outras drogas, alimentação inadequada e
outros; e o forte crescimento das causas externas.

https://www.youtube.com/watch?v=uRHE1TsLhH4
DOENÇAS EMERGENTES

" Doença emergente é um problema novo de saúde em que sua incidência


cresceu nos últimos anos.

Pode ser também um problema conhecido, mas que, ultimamente, tem


aparecido com mais frequência.

Doenças emergentes, como a HIV/AIDS o inicio da década de 80;

Uma vez HIV positivo, o usuário deverá tomar medicação, participar de grupos
de apoio e monitorar a sua carga viral.

E isto significa o resto da vida (configura também uma condição crônica).


VIVENDO COM QUALIDADE APESAR DA DOENÇA OU CONDIÇÃO
CRÔNICA
Doença crônica é aquele que persiste por um período superior a 6 meses;

As pessoas pensam em soluções rápidas para seus problemas de saúde.


Aqueles que no momento estão incomodando (doença aguda).

Mas as soluções imediatistas, como os tratamentos com medicamentos, não


vão tornar aquela pessoa mais saudável ou menos vulnerável a doenças.

Sem mudanças no estilo de vida não é possível enfrentar com eficiência


problemas crônicos de saúde.

Diminuir os fatores de risco é a chave para enfrentar as complexas


condições que o cenário epidemiológico nos mostra e investir na prevenção.

https://www.youtube.com/watch?v=od052E9hFcc
PRINCIPAIS FATORES DE RISCO A EVITAR COMO MUDANÇA DE
COMPORTAMENTO

TABAGISMO

Programas bem-sucedidos de combate ao hábito de fumar


implantados no Brasil reduziram o hábito de fumar de 34,8%
em 1989 para 17,2% em 2009.

Mas ainda assim cerca de 13,6% das mortes de adultos,


nas capitais, ainda estão ligadas diretamente ao cigarro.

A diminuição do hábito de fumar deveu-se a um conjunto


de fatores, e talvez o mais significativo deles foi a
redução da propaganda.

https://www.youtube.com/watch?v=oM7RvHV_-CU https://www.youtube.com/watch?v=COHYtQ6agZk
ALIMENTAÇÃO INADEQUADA

Alimentar-se de forma inadequada parece ser um risco para a saúde que frequenta
todas as casas, inclusive as dos profissionais de saúde.

O baixo consumo de frutas e hortaliças é fator de aumento para muitas doenças,


inclusive câncer de intestino, obesidade e obstrução das coronárias.

Há quem diga que a alimentação inadequada se equivalerá ao cigarro como


causador de doenças e morte.

A produção industrial de alimentos visa em primeiro lugar o lucro e a rentabilidade de


seus produtos, e produtos de qualidade nutricional duvidosa são colocados no
mercado diariamente.

O compromisso da indústria, embora fabrique alimentos que são necessários à vida,


não é com a saúde das pessoas e nem com a qualidade nutricional dos alimentos.
OBESIDADE
Falar em obesidade não seria novamente falar em alimentação? Sim e não, porque uma
alimentação inadequada não leva somente à obesidade. Muitos obesos têm anemia e
doenças carenciais.

E muitos magros têm altos índices de colesterol, avitaminoses e outras doenças ligadas à
alimentação de má qualidade.

O risco de morte cresce com o aumento do peso; mesmo aumentos moderados de peso
incrementam os riscos de morte, especialmente na idade de 30 a 64 anos;

Indivíduos obesos têm mais de 50% de riscos de morte prematura que indivíduos com peso
adequado;

A incidência de doenças cardiovasculares é maior em pessoas com sobrepeso e obesidade;

a prevalência de hipertensão arterial é duas vezes maior em indivíduos obesos ;

https://www.youtube.com/watch?v=-SU-AheDoWg https://www.youtube.com/watch?v=tVrjYy5HqgA
IMC - Índice de Massa Corporal
SEDENTARISMO E ATIVIDADE FÍSICA

Você se movimenta? É capaz de subir escadas a pé, deslocar-se a pé? Correr


para pegar um ônibus sem “por o coração pela boca”? Exercita-se ao menos três
vezes por semana?

Apenas 30,8% dos brasileiros que vivem nas capitais realiza alguma atividade
física.

É possível que o fator isolado de mudança de comportamento mais capaz


de evitar riscos e morte seja mesmo a atividade física.

Que outra mudança de comportamento – que pode ser bem pequena – geraria ao
mesmo tempo bem estar, fortalecimento imunológico, redução dos níveis de
depressão, diabetes, hipertensão, obesidade, dificuldades intestinais e
circulatórias, aumento da resistência imunológica, cardiorrespiratória e
mais uma infinidade de benefícios?
Mesmo pessoas com câncer, depressão acentuada e outras moléstias graves se
beneficia imensamente da atividade física.

E vejam que a proposta de atividade física da OMS , em conjunto com a Federação


Internacional de Medicina e Esportes –, é bastante “compreensiva”.

“Ela propõe que se faça ao menos 30 minutos de atividade física todos os dias.

Isto pode incluir as caminhadas para o trabalho, algumas das atividades domésticas
como varrer vigorosamente e lavar janelas, e algum exercício físico propriamente
dito.

A proposta da OMS também aceita que estes períodos sejam divididos em três partes
de dez minutos.

Isto quer dizer que quase todas as pessoas, por mais ocupadas que sejam, podem
realizar a atividade física mínima para ter uma vida saudável.
ALCOOLISMO – MAIS UM GRAVE FATOR DE RISCO

O consumo de álcool é responsável por 3,2% a 4% dos óbitos ocorridos na


população mundial, de acordo com a OMS – Organização Mundial de Saúde.

Contudo, o consumo moderado de álcool pode ser considerado saudável (uma


dose por dia para mulheres e duas doses por dia para homens).

Acima destes níveis o consumo é considerado fator de risco associado a várias


doenças digestivas, como pancreatite, gastrite, úlcera gástrica, cânceres
do aparelho digestivo, cirrose hepática e, naturalmente, os fatores
comportamentais, que engrossam as estatísticas de morte e adoecimento
por causas externas – as violências.

https://www.youtube.com/watch?v=DoMm9a_QEKE
MORTALIDADE MATERNA, MORTALIDADE INFANTIL E SEUS DESAFIOS

O Brasil reduziu significativamente seus riscos referentes à mortalidade infantil;

Doenças como a desnutrição e as chamadas imunopreveníveis – aquelas


evitadas por vacinas – diminuíram substancialmente.

A saúde das gestantes apresenta melhores índices. No entanto, ainda estamos


longe de países de primeiro mundo, mesmo que o sistema público de saúde
seja abrangente.

Há que se qualificar as ações de assistência a todas as fases do ciclo


reprodutivo, com preparo dos profissionais, estudo detalhado dos óbitos e
eventos adversos como os comitês de investigação dos óbitos maternos e
infantis.
POLÍTICAS DE SAÚDE DA MULHER E GÊNERO

Tão importantes nas políticas de atenção ao nascimento, são as políticas de atenção à


mulher em si, e não apenas para aquela que está na fase reprodutiva.

O exercício de uma sexualidade saudável e sem riscos, onde a mulher é protagonista de


suas escolhas, ainda é um horizonte a se ter em vista quando se fala de políticas de
saúde para as mulheres.
ABORTO – UMA TRISTE ESTATÍSTICA
A engrossar as estatísticas ligadas à mortalidade materna – e de mulheres em idade fértil e produtiva –
está a sombra dos abortos ilegais e clandestinos em nosso país. Destes abortos, a maioria das
vítimas é de mulheres pobres e em situação de desespero. Vejamos o que diz o periódico The Lancet,
Saúde no Brasil, publicado em 2011:

A legislação brasileira proíbe a indução de abortos, exceto quando a gravidez resulta de estupro ou
põe em risco a vida da mulher. [...] Porém, a ilegalidade não impede que abortos sejam realizados, o
que contribui para o emprego de técnicas inseguras e restringe a confiabilidade das estatísticas sobre essa
prática. Em um inquérito nacional realizado em áreas urbanas em 2010, 22% das 2.002 mulheres
entrevistadas com idades entre 35–39 anos declararam já ter realizado um aborto induzido.
É um triste quadro este que o aborto mostra

Um número elevado de abortos sinaliza educação de má


qualidade, mulheres sem acesso ao exercício de uma vida sexual
segura, e histórias de desespero e de sofrimento.

https://www.youtube.com/watch?v=vkZyXlSfMT0
SEGURANÇA ALIMENTAR PARA GESTANTES E LACTENTES

O Aleitamento Materno
Quando falamos em proteção à infância,
precisamos também falar sobre a questão da
segurança alimentar da gestante e do bebê.

A alimentação está cada vez mais


inadequada em todas as faixas etárias, mas
nas crianças pequenas esta é uma questão
de alto risco, especialmente na fase do
aleitamento materno.

A OMS – recomenda o aleitamento materno


exclusivo nos primeiros seis meses de vida –
e complementado com outros alimentos até
dois anos de idade ou mais.
O PNIAM – PROGRAMA NACIONAL DE INCENTIVO AO ALEITAMENTO
MATERNO –

Lançado em 1981, não só treinou agentes de saúde, mas também estabeleceu


um importante diálogo com os meios de comunicação, com pessoas
responsáveis pela elaboração de políticas de saúde.

O Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno foi


implementado com muito rigor desde 1988.

O Brasil tem a maior rede mundial de Hospitais Amigos da Criança, com mais de
300 maternidades credenciadas e mais de 200 bancos de leite humano.

Tais iniciativas, em conjunto, colaboraram para que a mediana da duração do


aleitamento no país tenha se multiplicado por quatro nas últimas três décadas.
OUTRAS QUESTÕES DO PANORAMA EPIDEMIOLÓGICO
BRASILEIRO

• AS NEOPLASIAS
• AS DOENÇAS DEPRESSIVAS E O SOFRIMENTO PSÍQUICO
• DIABETES E HIPERTENSÃO
AS NEOPLASIAS

Sabemos pelo SIM – Sistema de Informações sobre Mortalidade que a morte por
câncer é a segunda ou terceira no ranking das estatísticas.

Ela disputa este lugar com as causas externas, alterando-se ambas


dependendo da região do país.

As estatísticas brasileiras para câncer de mama se equiparam aos achados


internacionais.

Outras sugerem que o Brasil está alinhado a países de baixo nível


socioeconômico, como a taxa de sobrevida após o diagnóstico de câncer
AS DOENÇAS DEPRESSIVAS E O SOFRIMENTO PSÍQUICO

Uma significativa parte das condições crônicas de saúde é incidência de


sofrimento psíquico ou transtornos neuropsiquiátricos, sendo que destes a
maior é a depressão.

Muito do sofrimento psíquico permanece escondido. Muitas famílias sentem


vergonha de procurar os serviços de saúde.

Mesmo porque tratar este tipo de problema significa expor-se, rever conceitos
de todos.

Tal fato vai fazer com que estes doentes ou suas famílias procurem os
serviços de saúde apenas quando o transtorno já se tornou insuportável.

No entanto, doenças desta espécie causam significativos afastamentos de


trabalho e encargos previdenciários e sociais.
DIABETES E HIPERTENSÃO
O índice de pessoas com hipertensão arterial permanece estável no país,
atingindo 24,1% da população adulta brasileira (26,3% das mulheres e 21,5% dos
homens).

Já o percentual de pessoas com diabetes cresceu desde 2006, passando de 5,5%


para 6,9% no ano passado.

A doença é mais comum entre as mulheres (7,2%) do que entre os homens


(6,5%).

Talvez a prevalência do diabetes tenha aumentado por aumentar a oferta de


testes diagnósticos. E pela epidemia de obesidade.

Mas o que estes dados sinalizam é que tratar estas pessoas é uma prioridade e
um desafio para qualquer serviço de saúde. E a manutenção estável destes
pacientes vai diminuir em muito as mortes e as sequelas graves.
https://www.youtube.com/watch?v=NeDF0ms8P3w
INFORMAÇÃO PRECISA E PADRONIZADA – UMA FERRAMENTA
INDISPENSÁVEL

Para facilitar os estudos da


epidemiologia e para que vocês
possam ter à mão para consulta em
seus locais de trabalho – atuais e
futuros – a versão PDF do Manual
GUIA DE BOLSO DE DOENÇAS
INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS,
do Ministério da Saúde.
TENDÊNCIA ATUAL DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

Embora a mortalidade total por este tipo de doenças tenha “despencado” nas
estatísticas, continua sendo prioridade manter vigilância nacional e internacional
sobre as mesmas.

No ano de 1930, as DIP – Doenças Infecciosas e Parasitárias eram responsáveis


por 45,7% de todas as mortes no país.

Em 2006 as DIP ainda respondiam por 4,9% do total de óbitos.

Embora a redução tenha sido substancial no número de mortes, estas doenças


ainda representam um grande ônus para tratamentos, sendo responsáveis por
8,45% das internações totais no país.

Nas regiões Norte e Nordeste estas taxas são substancialmente maiores.


As doenças transmissíveis no Brasil, corresponde a um quadro
complexo que pode ser resumido em três grandes tendências:

• doenças transmissíveis com tendência declinante;


• doenças transmissíveis com quadro de persistência;
• doenças transmissíveis emergentes e reemergentes.

Um pouco acerca destas três tendências:


DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS COM TENDÊNCIA DECLINANTE

São reduções significativas na ocorrência de varias doenças transmissíveis;

Dispõe de instrumentos eficazes de prevenção e controle;

São exemplos de doenças transmissíveis com tendência declinante;

Sarampo, teve a sua transmissão endêmica encerrada desde 2000, embora


depois houvessem surtos isolados, porém mesmo com o surto, o sarampo se
encontra em franco declínio no país.

Raiva humana, doença que era 100% mortal, teve seu primeiro caso de cura no
Brasil no ano de 2008 e nos EUA em 2004.

Difteria, a coqueluche e o tétano acidental, aquele que ocorre após um ferimento


infectado. São imunopreveníveis, isto é, evitadas por vacinação.
DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS COM QUADRO DE PERSISTÊNCIA
O Brasil ainda convive com doenças persistentes e cujos números continuam
sinalizando alta incidência. Vamos enumerar algumas delas:
• HEPATITES VIRAIS – as hepatites B e C são doenças que podem ser silenciosas, ficando muito tempo
sem apresentar sintomas.

Hepatites também são doenças que podem evoluir rapidamente para formas bastante graves e causar a
morte.

A hepatite B pode ser prevenida com vacinas. E sua vacina está à disposição para jovens de até 19 anos,
gestantes e pacientes considerados susceptíveis, na rede pública.

A hepatite C cronifica-se com danos na maior parte dos casos e não pode ainda ser prevenida por
vacinação.

Transmissões, sexual, parenteral (transfusão), compartilhamento de objetos contaminados (agulhas,


seringas, lâminas de barbear, escovas de dente, alicates de manicure), procedimentos sem as adequadas
normas de biossegurança, via de transmissão vertical (da mãe para o bebê), geralmente, a transmissão
ocorre no momento do parto, sendo a via transplacentária incomum
A gentes etiológicos? agentes causadores de doenças em plantas
e animais, sendo os principais vírus, bactérias, fungos e parasitas.

Doenças hepáticas? são quaisquer doenças que


prejudicam o funcionamento e a saúde do são doenças provocadas por diferentes
fígado. Podem ser causadas por diferentes HEPATITES VIRAIS? agentes etiológicos, com tropismo primário
fatores, como infecções virais, intoxicação por pelo fígado.
substâncias nocivas, consumo excessivo de
álcool, má alimentação ou, ainda, de origem
genética. Os agentes etiológicos que causam hepatites virais mais relevantes do ponto
de vista clínico e epidemiológico são designados por letras do alfabeto (vírus
A, B, C, D e E). Estes vírus têm em comum a predileção para infectar os
hepatócitos (células hepáticas)

Formas de transmissão, podem ser classificadas em dois grupos:

Um Grupo de transmissão fecal-oral, Outro grupo por transmissões, como o parenteral, sexual, compartilhamento
transmissão ligado a condições de de objetos contaminados (agulhas, seringas, lâminas de barbear, escovas de
saneamento básico, higiene pessoal, dente, alicates de manicure), procedimentos cirúrgicos e odontológicos e
qualidade da água e dos alimentos: hemodiálises sem as adequadas normas de biossegurança, via de transmissão
vertical (da mãe para o bebê), geralmente, a transmissão ocorre no momento
Hepatite A (existe vacina) do parto, sendo a via transplacentária incomum:
Hepatite E
Hepatite B: é mais comum por via sexual (existe vacina)
Hepatite C: pessoa com múltiplos parceiros, coinfectada com o HIV, com
alguma lesão genital (DST), alta carga viral C e doença hepática avançada.
Hepatite D
Obs: vacina somente para Hepatite A e B
• A TUBERCULOSE continua a ser uma doença bastante presente nas agendas dos serviços de
saúde.

A desistência do tratamento com medicamentos em meio de sua vigência pode fazer com que
os bacilos se tornem resistentes e desenvolver formas graves de difícil tratamento.

• AS MENINGITES importantes no panorama nacional, com a incidência de 24 mil casos por


ano. Elas são causadas por vários agentes etiológicos, mas boa parte delas é prevenível com
vacinação.

• A MALÁRIA A doença ocorre pela ocupação desordenada da região amazônica, com projetos
de colonização e mineração sem a estrutura necessária. Após uma ampla mobilização em
diversos setores, organizando a ocupação e promovendo medidas profiláticas e de controle, o
número de casos começou a diminuir.
• A FEBRE AMARELA SILVESTRE é uma doença de ocorrência relativamente baixa, mas de altíssima
mortalidade – mais de 50%. A febre amarela é também imunoprevenível, mas a vacina pode ser perigosa,
podendo causar sérios efeitos colaterais. E é por este motivo que não se vacina em massa contra esta
doença.

Se você viaja para áreas onde a febre amarela é endêmica, como a Amazônia ou a Colômbia, deverá tomar a
vacina.

Outra coisa que preocupa bastante os epidemiologistas é a possibilidade de o Aedes aegypti, mosquito que
transmite a dengue, passar a transmitir também o vírus da febre amarela, o que até o momento não ocorreu,
mas é uma possibilidade a se ter em conta e que é monitorada pela vigilância epidemiológica.

Dois tipos de febre amarela:

Febre amarela silvestre: o vetor (mosquito) é o


Haemagogus e o Sabethes. Eles são encontrados em
áreas silvestres e de mata.

Febre amarela urbana: a doença é transmitida pelo


Aedes aegypti e Albopictus. (último registro em 1942).
A LEISHMANIOSE E A ESQUISTOSSOMOSE (Schistosoma mansoni) são doenças que
modificaram seu perfil epidemiológico e aumentaram a sua incidência e área de abrangência e
vêm ocorrendo em regiões de rápida urbanização, ocupação desordenada e desmatamento, com
deficiência de saneamento e rede de água e esgoto.
DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS EMERGENTES OU REEMERGENTES

Doença emergente é uma doença que podemos chamar de nova, ou que foi
descrita recentemente (como é o caso do HIV/AIDS) descrita em 1981– ou, ainda,
uma doença que já existia em ocorrências isoladas ou remotas e passa a mudar
seu comportamento, tornando-se um problema de saúde pública.

Doenças reemergentes são doenças que já foram controladas no passado, mas


voltaram a incidir sobre a população, como é o caso da cólera e da dengue.
Dengue

A dengue voltou a assombrar o país a partir do aumento da ocupação urbana e sua expansão
acelerada, pelo fato de o mosquito Aedes se multiplicar tanto em áreas urbanas de todo o país.

O Aedes aegypti foi erradicado em muitas regiões das Américas nos anos 70, mas voltou a se
multiplicar, particularmente no Brasil.

Todos os mecanismos de controle estabelecidos não parecem suficientes, pois a doença continua
se manifestando em larga escala e a presença do mosquito também.

A diminuição nos índices de internações pode estar relacionada à detecção precoce da doença e
a correta classificação de risco.

O Ministério da Saúde tem priorizado a ampliação da assistência pela rede de atenção,


intensificando a capacitação dos profissionais.

Com capacitação dos profissionais de saúde, promovendo o Curso de Atualização no Manejo


Clínico da Dengue.
A dengue não existia como doença autóctone no Estado de Santa Catarina, mas a partir de janeiro deste ano (2015) foi
confirmado um surto de dengue em Itajaí/SC.

O número de casos confirmados de dengue chegou a 781 em Santa Catarina, conforme o relatório divulgado pela Diretoria
de Vigilância Epidemiológica

Uma notícia assim significa intensificar as medidas de controle e vigilância sobre os criadouros de mosquitos, terrenos baldios,
depósitos de materiais recicláveis e cemitérios.

Calhas entupidas devem ser esvaziadas e caixas d’água mantidas bem tampadas.
Chicungunya
A chicungunya não é mortal como a dengue e nem tem, por enquanto, a sua magnitude, mas é
uma febre transmitida pelo mesmo mosquito Aedes que transmite a dengue, portanto, a estratégia
de enfrentamento é parecida.

Por ser uma doença nova no cenário nacional, é necessário prover ampla logística para enfrentá-la.
HIV/AIDS

AIDS, ou SIDA – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, causada pelo vírus


HIV – é considerada também uma doença emergente, pois era praticamente
desconhecida até meados dos anos 80.

Provocou grandes mudanças de comportamento social, cultural e sexual nas


últimas décadas.

Quando ocorre a infecção pelo vírus HIV, o sistema imunológico começa a ser
atacado. E é na primeira fase, chamada de infecção aguda, que ocorre a
incubação do HIV – tempo da exposição ao vírus até o surgimento dos
primeiros sinais da doença AIDS.

Esse período varia de 3 a 6 semanas. O organismo leva de 8 a 12 semanas


após a infecção para produzir anticorpos anti-HIV. Os primeiros sintomas são
muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar.
Ainda não há cura para o HIV, mas há muitos avanços científicos nessa área
que possibilitam que a pessoa com o vírus tenha qualidade de vida.

O tratamento inclui acompanhamento periódico com profissionais de saúde e a


realização de exames. A pessoa só vai começar a tomar os medicamentos
antirretrovirais quando os exames indicarem a necessidade.

A medicação diminui a multiplicação do vírus no corpo, recupera as defesas do


organismo e, consequentemente, aumenta a qualidade de vida

A mortalidade por AIDS tem se mantido mais ou menos estável, com leve
declínio, sendo que a cada ano morrem 5,7 pessoas em decorrência da AIDS,
para cada grupo de 100.000 pessoas.

https://www.youtube.com/watch?v=C8esflv78b4
Influenza, gripe H1N1 e companhia
No século 20 ocorreram três grandes pandemias de gripe:

a gripe espanhola, que matou mais de 20 milhões de pessoas (1918-1919),

a gripe asiática (1957-1963 – um milhão de mortes)

e a gripe de Hong Kong, em 1968, com um milhão de mortes.

O vírus que causou a maior mortalidade do século 20 era um tipo de H1N1 muito
semelhante aos vírus de gripe que ocorreram nos anos de 2009 em diante.

Os vírus influenza tipo “A” são encontrados em várias espécies animais, sendo as
aves aquáticas silvestres seu principal reservatório.

O tipo “A” é o responsável pelas pandemias periódicas de influenza com início na


forma zoonótica, a partir de aves e suínos.
Os epidemiologistas sabem que a gripe se manifesta em duas formas:

Sazonal, que ocorre a todo ano e em geral não apresenta episódios de maior
gravidade;

Epidêmica, e cujas formas podem variar a cada ano pela capacidade de


mutação dos vírus.

As gripes costumam atacar em ondas, e no primeiro surto as formas de gripe


têm apresentado menor gravidade e letalidade.

Este fato possibilita que rapidamente se produza a vacina para que no próximo
ano, com a volta da mesma gripe, a população susceptível esteja vacinada.

As vacinas utilizadas são uma mistura de vários tipos de vírus, que têm maior
probabilidade de incidir sobre a população.
UM POUCO DE HISTÓRIA – A GRIPE QUE MATOU 1% DA HUMANIDADE

A Gripe Espanhola, maior pandemia de gripe aconteceu ao fim da Primeira Guerra


Mundial, em 1918, e se estendeu até 1922, gripe potencialmente mortal matou
mais pessoas do que a Primeira Guerra Mundial, entre 20 a 40 milhões de
pessoas.
Coronavírus
Os coronavírus (CoV) são uma ampla família de vírus que podem causar uma variedade de
condições, do resfriado comum a doenças mais graves, como a síndrome respiratória do
Oriente Médio (MERS-CoV) e a síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV).

O novo coronavírus (nCoV) é uma nova cepa que havia sido previamente identificada em
humanos. Conhecido como COVID-19, ele só foi detectado após um surto em Wuhan, China, em
dezembro de 2019, após casos de uma misteriosa pneumonia. A OMS emitiu o primeiro alerta em
31 de dezembro de 2019.

O surto inicial atingiu pessoas ligadas a um mercado de frutos do mar em Wuhan – o que
levantou a suspeita de que a transmissão ocorreu entre animais marinhos e humanos. Mas duas
pesquisas apontam outras hipóteses para a transmissão para humanos: uma cita a cobra e, outra,
os morcegos.

No dia 20 de janeiro, cientistas comprovaram a transmissão de pessoa para pessoa.

Pouco mais de dois meses após a epidemia na China, a OMS apontou, no dia 13 de março, a
Europa como o epicentro da doença no mundo, com mais casos registrados do que o país
asiático.
O conselheiro Byron Amaral, que vivia em Abuja, na Nigéria, morreu em
decorrência de uma infecção por malária contraída no país.

Na ocasião dos primeiros sintomas, o diplomata brasileiro que trabalhava na


Nigéria, África, estava de férias em um país e região onde a malária não é
endêmica: Paris, França.

Nesta situação é possível que não se pense logo em malária, pois esta não é
uma doença comum em Paris.

Os casos que aparecem em Paris, assim como os casos que ocorrem no sul do
Brasil, são importados, o que significa que as pessoas contraíram malária em
outras localidades.
Se esta ocorrência fosse em alguma cidade remota da Amazônia ou Mato
Grosso, os profissionais que atendem iam pensar primeiro em malária, uma
vez que a sua ocorrência é tão comum na região.

Este raciocínio é determinado epidemiologicamente. Em locais endêmicos


onde a doença ocorre com frequência, todos já sabem o que fazer – há
protocolos e rotinas estabelecidos para “ataque rápido” à doença e aos
sintomas.

E os medicamentos e insumos necessários ao tratamento estão disponíveis


para maior rapidez de ação.

Nos passos do Processo de Investigação Epidemiológica, é necessário


interrogar de onde veio o doente, por que lugares esteve viajando, para
imaginar que possíveis doenças seriam endêmicas no lugar de origem do
mesmo e incluí-las nas possibilidades.

Doenças endêmicas são as que ocorrem comumente em um lugar.


ESTRUTURA PARA RESPOSTAS ÀS EMERGÊNCIAS EM SAÚDE PÚBLICA

O que caracteriza ou não uma emergência em saúde pública é:

• a letalidade de uma doença (sua capacidade de causar óbitos),

• sua virulência (capacidade de se espalhar),

• magnitude (quantidade de pessoas afetadas)

• e abrangência geográfica, entre outras.

Muitas destas doenças, como a dengue, as gripes, a cólera, ou mesmo o


sarampo, mobilizam o planeta como um todo, e para isto, acordos internacionais
devem ser firmados, a fim de que todas as nações cumpram sua parte na
vigilância e controle das doenças.
O REGULAMENTO SANITÁRIO INTERNACIONAL

Regulamento Sanitário Internacional, com regras claras para a vigilância das doenças e de
seus riscos para a saúde.

Dentro deste regulamento existe uma situação acordada internacionalmente de “Emergências


de saúde pública de importância internacional”.

Para se mensurar quais seriam estes eventos, desenvolveu-se um instrumento técnico chamado
de algoritmo de decisão. Uma espécie de escala de risco.

É através deste algoritmo que os técnicos decidem ações como dar alertas à população, ofertar
ajuda internacional, monitorar fronteiras e assim por diante.

É uma responsabilidade muito séria. Isto tendo em vista o grande fluxo internacional de
indivíduos, de mercadorias e de turismo, que mantém as pessoas viajando por todo o planeta.

Podemos imaginar que nos dias de hoje ainda existam, apesar do progresso das ciências da
saúde, muitos riscos decorrentes do grande e rápido fluxo de pessoas e mercadorias que faz do
planeta a “Aldeia Global”.
A INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA
A partir da ocorrência de qualquer doença inusitada em uma região, seja esta transmissível
ou não, se inicia um processo de investigação da mesma para que seja averiguada a
possibilidade desta doença infectar ou atingir mais pessoas.

Isto vai fazer com que seja ou não caracterizada como risco potencial para a ocorrência de
novos casos.

Quando ocorre o caso novo, um cuidadoso exame do doente deverá ser realizado e
amostras de sangue colhidas para investigação sorológica do caso.

Uma detalhada entrevista deverá ser feita, para descobrir quem são os contatos, quais os
hábitos de vida que configuram risco.

Perguntar em que lugares esteve o doente também é muito importante para acrescentar
como hipóteses as doenças endêmicas destes lugares.

Fichas de investigação serão preenchidas.


Como definiríamos então a investigação epidemiológica?

Vejamos o que o Guia de Vigilância Epidemiológica tem a dizer:

Investigação epidemiológica é um trabalho de campo, realizado a partir de


casos notificados (clinicamente declarados ou suspeitos) e seus contatos, que
tem por principais objetivos:

• identificar a fonte de infecção e o modo de transmissão;


• grupos expostos a maior risco e os fatores de risco;
• bem como confirmar o diagnóstico e determinar as principais características
epidemiológicas.

O seu propósito final é orientar medidas de controle para impedir a ocorrência


de novos casos.
OS PASSOS DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA

De acordo com o Manual da VE (vigilância epidemiológica), os primeiros passos a serem


seguidos na investigação são os seguintes:

• consolidação e análise de informações já disponíveis;


• conclusões preliminares a partir dessas informações;
• apresentação das conclusões preliminares e formulação de hipóteses;
• definição e coleta das informações necessárias para testar as hipóteses;
• reformulação das hipóteses preliminares, caso não sejam confirmadas, e comprovação
da nova conjectura, caso necessária;
• definição e adoção de medidas de prevenção e controle, durante todo o processo.

Estes são os passos do processo científico.

Um verdadeiro trabalho de detetive e de matemático!

Os fundamentos de uma investigação de campo são aplicados tanto para o esclarecimento


da ocorrência de casos como de epidemias.
Tudo começará com o atendimento do paciente – consulta médica, instituir medidas
de tratamento, promover conforto e cuidados, e proteger os profissionais de saúde
e contatos do doente (familiares e colegas de trabalho).

E preencher a ficha de investigação. É importante ter o diagnóstico ou hipótese


diagnóstica, confirmada depois sorologicamente, para que se possa investir no
tratamento e na prevenção.

Depois do tratamento do doente propriamente dito, os passos se seguirão.

Em campo podemos detalhar este processo passo a passo, para melhor


compreensão:
ETAPA 1 – COLETA DE DADOS

As unidades de saúde já possuem fichas padronizadas pelo SINAN para


investigação epidemiológica de doenças suspeitas de risco.

Nesta etapa deverá se proceder a uma cuidadosa pesquisa. É importante saber


onde o doente andou, se esteve fora do país ou em local de risco para outras
doenças.

É importante saber por onde o usuário esteve recentemente para que medidas
possam ser tomadas para proteger outros que estiveram em contato – familiares,
colegas de trabalho, viajantes de um voo.

Nem sempre estas medidas precisam aguardar a confirmação sorológica (do


exame de sangue).
ETAPA 2 – BUSCANDO PISTAS

Nesta fase se investigará qual doença pode ser.

Algumas perguntas serão bastante pertinentes:


• Qual o tempo desde os primeiros sintomas?
• Seria transmitida por vetores?
• Quanto tempo levou a incubação?
• Qual a água que este usuário toma ou tomou?
• Qual seu padrão alimentar? Usa alimentos suspeitos de risco, como peixes,
carnes cruas, mal refrigeradas etc.?
• Qual teria sido a forma de transmissão (sexual, respiratória etc.)?
• Existem casos parecidos na região?

Todas estas informações vão compor um painel do que está acontecendo.


ETAPA 3 – BUSCA ATIVA DE CASOS

Nesta fase é importante buscar e investigar cada caso suspeito nas redondezas,
afinal, este doente investigado se movimentou por onde?

Existem mais casos novos?

Não seria um surto?

Se necessário, a equipe VE fará a busca domiciliar de cada suspeito.

E tão importante como investigar é escutar o que aconteceu a cada uma


daquelas pessoas, para levantar novas pistas. Qualquer mínima informação é
importante!
ETAPA 4 – PROCESSAMENTO DOS CASOS
Este é um trabalho de laboratório. Confrontando os dados encontrados no local,
analisando seu movimento no espaço geográfico, colocando os casos em um mapa
territorial, para que haja seguimento.

Muitas destas pesquisas são realizadas com grandes amostras de pessoas e


então planilhas e mapas deverão ser construídos em busca de respostas.
ETAPA 5 – ENCERRAMENTO DOS CASOS
É bem importante encerrar os casos para que se tenha o registro efetivo e um banco de
dados.

O doente sarou? Morreu? A suspeita não se confirmou? Os exames deram negativo?

Este caso deverá ser descartado ou arquivado com a comprovação diagnóstica nos casos
em que a doença foi confirmada por exames e o doente sarou ou morreu.

Mesmo assim, muitos casos serão “carimbados” com a definição de não esclarecidos.
ETAPA 6 – RELATÓRIOS

Após o encerramento do caso, há uma importante missão a cumprir – documentar


tudo. O manual de VISA recomenda que estejam anotados:

• causa da ocorrência, indicando, inclusive, se houve falhas da vigilância


epidemiológica e/ou dos serviços de saúde e quais providências foram adotadas
para sua correção;
• se as medidas de prevenção implementadas em curto prazo estão sendo
executadas;
• descrição das orientações e recomendações, a médio e longo prazos, a serem
instituídas tanto pela área de saúde quanto de outros setores;

Este documento deverá ser enviado aos profissionais que prestaram assistência médica aos
casos, bem como aos participantes da investigação clínica e epidemiológica, autoridades locais,
administração central dos órgãos responsáveis pela investigação e controle do evento.
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Serviço de Vigilância que tem uma Secretaria Especial no Ministério da Saúde – a


ANVISA

Criada pela Lei nº 9.782, de 26 de janeiro 1999, é uma autarquia sob regime especial,
que tem como área de atuação não um setor específico da economia, mas todos os
setores relacionados a produtos e serviços que possam afetar a saúde da
população brasileira.

Não se ocupa das doenças em si, mas de todos os setores que possam de alguma
forma estar relacionados à saúde humana.

São ações tão grande que uma disciplina seria pouco para dar conta de tamanha
complexidade.

O que é importante saber, no momento, é que a vigilância sanitária estará dialogando


o tempo todo com a vigilância epidemiológica
ÁREAS DE ATUAÇÃO DA ANVISA

• Agrotóxicos/análises de resíduos.
• Alimentos/registro.
• Cosméticos e produtos de beleza/registro.
• Farmacovigilância.
• Hospitais-sentinela.
• Infecção hospitalar/controle.
• Inspeção em vigilância sanitária.
• Medicamentos/remédios.
• Mercado de medicamentos. • Portos, aeroportos e fronteiras.
• Programa Produtos Dispensados de Registro (Prodir).
• Propaganda de medicamentos.
• Rotulagem nutricional.
• Saneantes/produtos de limpeza.
• Tabaco/cigarro.
• Termo de Ajustes de Metas (TAM).
• Vigilância em saúde.
VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Conjunto de ações legais, técnicas, educacionais, de pesquisa


e de fiscalização, que exerce o controle sanitário de serviços e
produtos para o consumo que apresentam potencial de risco à
saúde e ao meio ambiente, visando à proteção e à promoção
da saúde da população.
DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA

A PORTARIA Nº 1.271, DE 6 DE JUNHO DE 2014, define a Lista Nacional de


Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública;

A portaria não inventa quais os tipos de doenças são perigosos para toda a
população, mas estabelece como obrigatoriedade para notificação uma série
de doenças.

Se houver emergências populacionais ou riscos de epidemia, outras doenças


podem ser temporariamente acrescentadas.

São obrigatoriamente notificáveis por todos os estabelecimentos de saúde,


sejam eles públicos ou privados.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

De todas as vigilâncias, a que mais interessa para a nossa disciplina é a Vigilância


Epidemiológica.

A definição do que seria a VE passou por diversos estágios, pois sempre teve o caráter
fortemente influenciado pela economia, uma vez que o adoecimento dos trabalhadores
prejudica os processos de produção e o giro de mercadorias.

Além de salvar vidas humanas, reduz a mão de obra parada e inativa, os custos com tratamento
e hospitalização e facilita o fluxo internacional de viajantes, turistas, mercadorias e negócios.

Vigilância Epidemiológica toma a seu cargo:


• ações de investigação epidemiológica
• medidas de prevenção
• controle das doenças transmissíveis,
• E também das doenças crônicas não transmissíveis.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Objeto de estudo da epidemiologia: populações humanas e seu processo de


adoecimento e cura formam uma cartografia viva, pois as populações da terra
movimentam-se constantemente e modificam seus hábitos, formas de vida e
trabalho e também o meio onde vivem.

Todos são responsáveis pelo meio ambiente: donos dos meios de produção,
cientistas e profissionais da saúde e governantes e a comunidade científica.

É um desafio para o qual todos os trabalhadores da área da saúde estão


convocados.

Tornar o mundo habitável e saudável, apesar das pressões dos mercados em


expansão, e preservar as suas capacidades de vida.

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