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Tratado de Adrianópolis (1829)

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Portão do Triunfo de Moscou em São Petersburgo (1836-1838) comemora a vitória da Rússia na guerra russo-turca de 1828—1829

O Tratado de Adrianópolis (também chamado de Tratado de Edirne) concluiu a Guerra Russo-Turca de 1828–29, entre a Rússia Imperial e o Império Otomano. Os termos favoreceram a Rússia, que ganhou acesso à foz do Danúbio e novo território no Mar Negro. O tratado abriu os Dardanelos a todos os navios comerciais, concedeu autonomia à Sérvia e prometeu autonomia à Grécia. Também permitiu que a Rússia ocupasse a Moldávia e a Valáquia até que o Império Otomano pagasse uma grande indenização; essas indenizações foram posteriormente reduzidas. O tratado foi assinado em 14 de setembro de 1829 em Adrianópolis pelo Conde Alexey Fyodorovich Orlov da Rússia e Abdülkadir Bey do Império Otomano.[1]

O Império Otomano deu à Rússia acesso à foz do Danúbio e às fortalezas de Akhaltsikhe e Akhalkalaki na Geórgia. O sultão reconheceu a posse russa da Geórgia (com Imerécia, Mingrélia, Gúria) e dos canatos de Erevã e Naquichevão, que haviam sido cedidos ao czar pela Pérsia no Tratado de Turkmenchay um ano antes.[2] O tratado abriu os Dardanelos a todos os navios comerciais, liberando assim o comércio de cereais, gado e madeira. No entanto, foi preciso o Tratado de Hünkâr İskelesi(1833) para finalmente resolver a questão do estreito entre os signatários.

Sob o Tratado de Adrianópolis, o sultão garantiu a autonomia anteriormente prometida à Sérvia, prometeu autonomia para a Grécia e permitiu que a Rússia ocupasse a Moldávia e a Valáquia até que o Império Otomano pagasse uma grande indenização. No entanto, sob as modificações do Tratado de Hünkâr İskelesi, essas indenizações foram drasticamente reduzidas. O tratado também fixou a fronteira entre o Império Otomano e a Valáquia no talvegue do Danúbio, transferindo para a Valáquia o domínio dos raios de Turnu, Giurgiu e Brăila.[3][4][5]

As principais seções do tratado eram as seguintes:

  1. Em reconhecimento ao Tratado de Londres, a independência da Grécia, ou autonomia sob a suserania otomana, foi aceita;
  2. A Turquia tinha suserania nominal sobre os estados da Moldávia e Valáquia no Danúbio; para todos os efeitos práticos, eles eram independentes;
  3. A Rússia assumiu o controle das cidades de Anape e Poti no Cáucaso;
  4. Os comerciantes russos na Turquia foram colocados sob a jurisdição legal do embaixador russo.

Alterações demográficas

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Entre os habitantes do território anexado, predominavam os georgianos, além dos quais viviam azerbaijanos ("tártaros" na terminologia da época), turcos, armênios, curdos. Logo após o fim das hostilidades, turcos e curdos deixaram os territórios recém-anexados ao Império Otomano, e cerca de 30 mil armênios otomanos de Erzurum e Kars Pashalyks se estabeleceram em seus lugares. Os armênios reassentados não só se estabeleceram nas regiões de Akhaltsikhe e Akhalkalaki, mas também em Tbilissi, Erevan e Nakhchivan.[6]

Referências

  1. John Emerich Edward Dalberg Acton (1907). The Cambridge Modern History. Macmillan & Co. p. 202.
  2. Tucker, Spencer C., ed. (2010). A Global Chronology of Conflict: From the Ancient World to the Modern Middle East. [S.l.]: ABC-CLIO. p. 1154. ISBN 978-1851096725 
  3. Note 285 contained in the Collected Works of Karl Marx and Frederick Engels: Volume 12 (International Publishers: New York, 1979) p. 678.
  4. Constantin Giurescu. Istoria Românilor. București, 1938.
  5. Nicolae Iorga. Istoria Românilor. București, 1934.
  6. Наталия Георгиевна Волкова, «Этнические процессы в Закавказье в XIX—XX вв»