• por Bianca Alves
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Pesquisas afirmam que consumir vegetais crucíferos diminui o risco de câncer, porém ainda há muito a ser estudado (Foto: Shape.com/ Reprodução)

Pesquisas afirmam que consumir vegetais crucíferos diminui o risco de câncer, porém ainda há muito a ser estudado (Foto Shape.com/ Reprodução)

Plant Based é um tipo de dieta vegana que valoriza os alimentos em sua forma original, priorizando frutas, legumes e todos os tipos de vegetais. Agora, um termo em inglês que surge entre os amantes de dieta é o "raw", que significa cru, ou seja, mais do que priorizar a forma natural, incentiva as pessoas a comer vegetais crus, para que os alimentos não percam nenhum nutriente em processos de cozimento.

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Por ser uma alimentação limpa e natural, os benefícios mais comentados são o bem-estar e o bom funcionamento do organismo, além de ajudar na cura contra o câncer. Mas o que a ciência diz sobre isso?

Ricos em fibras, vitaminas E, C e K, ácido fólido e minerais, vegetais crucíferos,como brócolis, couve-flor, couve de bruxelas e folhas escuras, são muito consumidos pelos adeptos da "dieta raw", e são considerados como responsáveis por prevernir o câncer. Mas as conclusões ainda não são muito claras. 

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Segundo a porta-voz da Academia de Nutrição e Dieta dos Estados Unidos, Vandana R. Sheth, o alto consumo de vegetais crus pode colaborar na prevenção do câncer, mas ainda são necessários mais estudos para comprovar tal vantagem. 

O fato de "blindar" o corpo contra o câncer é explicado uma vez que os vegetais crucíferos possuem glucosinolatos, substâncias que se decompõem durante o corte, cozimento, mastigação e digestão, tornando-se compostos biologicamente ativos, chamados de isotiocianatos e indóis, que protegem o DNA inativado dos danos das células cancerígenas, diminuindo a inflamação. Além disso, eles atuam na formação de vasos sanguíneos e na migração de células tumorais. Em testes com ratos e camundongos, essas substâncias foram capazes de inibir cânceres na bexiga, de mama, no cólon, no fígado, pulmão e estômago.

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Porém, em pesquisas com humanos, essas conclusões não são tão efetivas. Muitos estudos afirmam que não há associação entre vegetais crucíferos e alguns tipos de câncer. O diretor de pesquisa da Fundação Hallelujah Acres, Michael S. Donaldson, avaliou dezenas de artigos sobre o assunto, e chegou a conclusão que uma dieta anticâncer não necessariamente deve ser baseada em legumes crus, mas ser o mais saudável possível, eliminando processados, refinados e carne vermelha, ter baixas calorias, ser rica em fibras, com pouca gordura e muitas vitaminas e minerais essenciais para o funcionamento do corpo.

Por outro lado, uma pesquisa feita pela instituição Estudo de Coorte da Holanda sobre dieta e câncer, concluiu que mulheres que comem vegetais crucíferos têm os riscos do desenvolvimento de câncer de cólon reduzidos. O mesmo não se aplica para os homens.

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Os resultados variam muito devido a genética de cada um, uma vez que muitas pessoas não carregam um tipo de gene que determina o tempo em que o corpo consegue reter e utilizar compostos derivados destes legumes. 

Uma avaliação de artigos realizada pelo Instituto Americano de Pesquisa sobre Câncer concluiu que uma dieta rica em fibras pode ser conveniente para a proteção contra o câncer colorretal, de boca e de garganta. Porém, esses resultados não são baseados apenas no consumo dos crucíferos, mas em alimentos que oferecem muitas fibras e baixa quantidade de carboidratos e açúcares. Enquanto isso, os produtos ricos em carotenóides, como cenoura e abóbora, podem ajudar a reduzir o risco de câncer de pulmão, boca e garganta.

Ou seja, as pesquisas que atestam e não encontram vínculos entre o consumo de alimentos crus são muitas. O Fundo Mundial de Pesquisas sobre Câncer, por exemplo, acredita que ainda há poucas evidências para chegar a essas conclusões. Por isso, o importante é a recomendação mais usual: uma alimentação equilibrada é essencial para prolongar a vida e manter o bem-estar e a saúde.