Curiosidades

Por Texto Beatriz Lourenço Com Marilena Dêgelo


O chá é a bebida a mais popular depois da água, segundo pesquisa feita em 2017 pela Euromonitor. Na foto: chás da Moncloa (Foto: Iara Venanzi) — Foto: Chás - Ritual de sensações (Foto: Iara Venanzi)
O chá é a bebida a mais popular depois da água, segundo pesquisa feita em 2017 pela Euromonitor. Na foto: chás da Moncloa (Foto: Iara Venanzi) — Foto: Chás - Ritual de sensações (Foto: Iara Venanzi)

Por ano, 236 xícaras de chá são consumidas por pessoa no mundo. Isso faz da bebida a mais popular depois da água, segundo pesquisa feita em 2017 pela Euromonitor. Difundido em rituais simples e exóticos em todos os continentes, ele apresenta diferentes sabores. Além de proporcionar diversos benefícios à saúde e ao bem-estar, desperta curiosidades sobre seu amplo universo.

Para começar, o chá é antigo e vem da China. Lá, há milênios, teve início o cultivo da Camellia sinensis, planta nativa do sul do país e da Índia, que deu origem à bebida. Sua cultura reúne rituais, costumes, histórias e arte. Atualmente ainda há cerimônias de chá com coreografias elaboradas e movimentos das mãos feitos com graça e perfeição que demonstram como se portar, segurar e usar os utensílios, beber e se limpar.

Dessa mesma maneira acontece no Japão, onde o ritual ocorre não só pelo consumo, mas também pela estética. A tradição zen-budista chamada chanoyu é focada na preparação e no servir do matcha — chá verde moído em pó — perante os convidados. “Cada ato é concebido para aguçar os sentidos nessa tarefa, e as distrações são reduzidas ao mínimo possível”, diz a professora e sommelier Raquel Magalhães.

Na Índia, há o consumo do chai, mistura de chá preto com especiarias, leite e açúcar. Ele tornou-se popular apenas na segunda metade do século 19, quando fazendeiros britânicos disponibilizaram o produto para a população. Cardamomo, canela, gengibre, cravo, pimenta e noz-moscada estão entre os condimentos mais utilizados.

Já o costume inglês conhecido como chá da tarde surgiu em meados do século 19 a partir da implantação da iluminação a gás nos lares aristocráticos. Como as famílias jantavam mais tarde, a duquesa de Bedford pediu uma pausa para o consumo da bebida às 16h, instaurando a tradição. Lá a xícara é servida com leite ou limão.

No Brasil, a bebida mais apreciada é feita com a erva-mate, chamada em algumas regiões de chimarrão, um legado dos povos indígenas Aimará, Quéchua e Guarani.Também é consumido por aqui o chá preparado com a planta Camellia sinensis, cujo cultivo está associado às colônias japonesas.

Chamada de tisana na Espanha, na Itália e na França, a bebida difere no preparo. Mas em qualquer parte do mundo, ela é sinal de hospitalidade, tem fins medicinais ou serve como um presente. Pode ser desfrutada em reuniões privadas ou em público, e causa múltiplas sensações. “É bom para a saúde do corpo e da mente. Além de ser uma viagem sem sair do lugar”, diz Raquel.

"O chá permite uma conexão, um encontro consigo e com o outro." - Raquel Magalhães, sommelière

Chá verde (Foto: Healthline/ Reprodução) — Foto: Chá verde (Foto: Healthline/ Reprodução)
Chá verde (Foto: Healthline/ Reprodução) — Foto: Chá verde (Foto: Healthline/ Reprodução)




Uma planta várias bebidas
Só pode ser chamada de chá a bebida derivada da planta Camellia sinensis. Qualquer outra feita a partir de ervas, como camomila, erva-doce, capim-cidreira, é uma infusão — nome da produção do líquido. A Camellia sinensis dá origem aos chás preto, verde, branco, vermelho, pu erh e oolong. Cada um deles é obtido dessa planta conforme o grau de oxidação da folha, combinado com o processo de fermentação. Quanto menor a oxidação, há mais propriedades antioxidantes e menor quantidade de teína, substância estimulante cujo efeito é semelhante ao da cafeína. Assim, na escala, o chá branco é o menos oxidado, e o preto, o mais oxidado.

No corpo humano
No cultivo das ervas, inúmeros fatores influenciam sua qualidade, como o solo, o clima, a temperatura do ambiente e a umidade do ar. Segundo Michel Bitencourt, sócio da rede Tea Shop, cada planta tem propriedades diferentes que resultam em reações no corpo humano.

De acordo com a nutricionista Gisele Carvalho, o chá vem com os benefícios da erva escolhida. Existem as calmantes, as digestivas, as diuréticas. Algumas podem acelerar o metabolismo, aliviar sintomas da TPM, servir como desintoxicante ou simplesmente hidratar.

Ao ingerir o chá, a erva é metabolizada e desempenha sua função, enquanto a água vai direto para o sistema renal agindo na filtragem do sangue. Por isso, é preciso tomar cuidado com os exageros. “Estudos apontam que beber mais de três xícaras de chá por dia aumenta a incidência de artrite e artrose”, diz Gisele. Isso ocorre porque perdemos minerais importantes pela urina quando ingerimos maior quantidade do que precisamos.

Além disso, quanto mais jovem a planta, mais antioxidantes ela contém. “As propriedades são liberadas na superfície da folha. Para o preparo do chá, escolha os brotos e até a quarta folha da planta, que deve ser usada inteira para seu melhor aproveitamento”, explica Michel.

"Adicionar flores e frutas ressalta o aspecto visual, o aroma e o sabor." - Michel Bitencourt, do Tea Shop

De acordo com a nutricionista Gisele Carvalho, o chá vem com os benefícios da erva escolhida. Existem as calmantes, as digestivas, as diuréticas (Foto: Thinkstock) — Foto: Chás medicinais (Foto: Thinkstock)
De acordo com a nutricionista Gisele Carvalho, o chá vem com os benefícios da erva escolhida. Existem as calmantes, as digestivas, as diuréticas (Foto: Thinkstock) — Foto: Chás medicinais (Foto: Thinkstock)


Combinações
Para misturar ervas em casa, a dica do sommelier e sócio da Moncloa Rodrigo Lopes é, primeiro, pensar na intenção de sabor: mais cítrico, adocicado, simples ou frutado. Em seguida, escolher um ingrediente-base. “Os mais fáceis de serem combinados são a maçã, a pera e o capim-limão”, afirma. Por último, busque blends com características parecidas entre si. Tenha cuidado para não misturar produtos muito fortes que mascaram o sabor das outras plantas. O ideal é adicionar uma erva aromática e outra para dar o sabor. Nesse momento, aguçar os sentidos pode ser a chave para o preparo.

Como fazer o chá perfeito
Há duas formas de fazer chá: por infusão ou decocção. Para os derivados da Camellia sinensis e de ervas delicadas, a primeira opção é a melhor. Aqueça a água, adicione a erva, tampe o recipiente, espere alguns minutos e está pronto para beber. O segundo método é indicado para cascas, raízes e caules já que se deve esperar a água levantar fervura e deixar os ingredientes por mais tempo. “O ideal para os chás verde e branco é adicionar a água a 80 °C e deixar a erva descansar de um a três minutos. Já o chá preto deve ser colocado em água a 100 °C por até cinco minutos”, afirma Rodrigo.

Para misturar ervas em casa, a dica do sommelier e sócio da Moncloa Rodrigo Lopes é, primeiro, pensar na intenção de sabor: mais cítrico, adocicado, simples ou frutado. Na foto: conjunto de porcelana e coador da Talchá (Foto: Iara Venanzi) — Foto: Chás - Ritual de sensações (Foto: Iara Venanzi)
Para misturar ervas em casa, a dica do sommelier e sócio da Moncloa Rodrigo Lopes é, primeiro, pensar na intenção de sabor: mais cítrico, adocicado, simples ou frutado. Na foto: conjunto de porcelana e coador da Talchá (Foto: Iara Venanzi) — Foto: Chás - Ritual de sensações (Foto: Iara Venanzi)

Curiosidades

• Segundo a nutricionista Aline Quissak, a infusão das ervas em água quente por mais de cinco minutos faz o nutriente ficar no chá por até 26 horas.“Se for feita em menos tempo, ele permanece apenas quatro horas na bebida”, afirma.

• O rooibos é um arbusto da África do Sul, naturalmente livre de cafeína. Sua infusão produz uma bebida avermelhada com sabor adocicado. Além de ser isotônica, é rica em minerais como ferro, cálcio,magnésio, fosfato, potássio e antioxidantes. Pode ser colocado na compostagem após o uso.

• Se você gosta de cores, saiba que é possível preparar uma infusão azul. A clitória é uma planta nativa da Ásia Equatorial de flores azul-violeta, que são comestíveis e usadas como corante. Tem propriedade anti-estresse, ansiolítica e antidiabéticas.

• Gestantes e lactantes devem evitar algumas ervas que alteram o sabor do leite, prejudicando a amamentação ou provocando desconforto no bebê. São elas: carqueja, angélica, ginseng, alcaçuz e palmeira-anã.

No cultivo das ervas, inúmeros fatores influenciam sua qualidade, como o solo, o clima, a temperatura do ambiente e a umidade do ar. Na foto: conjunto de cerâmica e colher da Talchá (Foto: Iara Venanzi) — Foto: Chás - Ritual de sensações (Foto: Iara Venanzi)
No cultivo das ervas, inúmeros fatores influenciam sua qualidade, como o solo, o clima, a temperatura do ambiente e a umidade do ar. Na foto: conjunto de cerâmica e colher da Talchá (Foto: Iara Venanzi) — Foto: Chás - Ritual de sensações (Foto: Iara Venanzi)


Efeitos

Ervas
Alecrim: antidepressivo, evita cáries e alivia a gripe.
Boldo: auxilia na digestão de gorduras.
Camomila: acalma, melhora o sono e reduz a ansiedade.
Capim-limão: analgésico, expectorante, digestivo e melhora cólicas menstruais.
Cavalinha: combate dores de cabeça, varizes, fortalece cabelos e unhas.
Cidreira: acalma, auxilia na digestão e alivia distúrbios renais.
Dente-de leão: desintoxicante do fígado, previne hepatite e problemas digestivos.
Ginseng: usado para tratar o cansaço e a fadiga.
Hibisco: antioxidante, diurético e rico em cálcio e magnésio.
Hortelã: indicada para enjoo, náusea e problemas digestivos.

Blends
Dente-de-leão + chá verde + hibisco: acelera o metabolismo e a queima de gordura e açúcar.
Chá branco + hibisco + carqueja: desintoxicante, elimina toxinas, além de melhorar o funcionamento do intestino.
Chá verde + boldo + cavalinha: termogênico, acelera a queima de gordura.
Carqueja + centelha-asiática + cavalinha: é diurético e melhora as funções do fígado.
Dente-de-leão + centelha-asiática + alfafa: diurético, drena o excesso de líquido.

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