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Por Por Yara Guerra


Não dá para negar que um dos momentos mais fofos na vida de um tutor é quando o seu pet tem filhotes. Cães, gatos e coelhos em miniatura são irresistíveis e os primeiros dias de seu desenvolvimento são momentos de muita ternura, inclusive o parto. No entanto, o nascimento é delicado e requer muitos cuidados por parte de quem o acompanha.

O acompanhamento pré-natal é fundamental para avaliar a saúde da fêmea e dos filhotes durante a gestação — Foto: ( Unsplash/ CreativeCommons/ Jametlene Reskp)
O acompanhamento pré-natal é fundamental para avaliar a saúde da fêmea e dos filhotes durante a gestação — Foto: ( Unsplash/ CreativeCommons/ Jametlene Reskp)

Para início de conversa, é importante que os tutores estejam conscientes sobre a gravidez do seu pet, se possível antes do cruzamento. Isso porque, assim, os médicos-veterinários podem garantir a assistência necessária ao bicho, entender se a saúde está debilitada antes de adentrar na gestação e, uma vez prenha, permitir que a fêmea previna e trate possíveis problemas obstétricos. Os especialistas também devem orientar sobre o manejo ideal da fêmea e cuidados necessários para a hora de dar à luz.

De acordo com Amanda Tartarelli, médica-veterinária especialista em obstetrícia e reprodução animal, os pets podem apresentar alguns indícios de gravidez. "Nas cadelas, os sinais clássicos gestacionais são ganho de peso e aumento das mamas. Geralmente, ficam mais evidentes somente na segunda metade da gestação", diz.

As mudanças de aparência na gata prenha podem passar despercebidas até as últimas semanas de gestação — Foto: ( Pexels/ Helena Lopes/ CreativeCommons)
As mudanças de aparência na gata prenha podem passar despercebidas até as últimas semanas de gestação — Foto: ( Pexels/ Helena Lopes/ CreativeCommons)

As gatas também apresentam mudanças na aparência abdominal e mamária, embora, segundo a especialista, elas sejam muito menos evidentes, podendo passar despercebidas até as últimas semanas de gestação.

"Caso haja suspeita de prenhez, o indicado é agendar uma consulta com o veterinário especializado para o correto diagnóstico gestacional, que pode ser realizado por meio de palpação transabdominal das vesículas fetais, por radiografia ou por ultrassonografia abdominal (o mais indicado)", orienta.

Pré-natal

Este acompanhamento é fundamental e, da mesma forma que ocorre com humanos, deve incluir o pré-natal. O especialista pode pedir alguns exames laboratoriais para avaliação geral da saúde e uma ultrassonografia para confirmação da prenhez, bem como análise do desenvolvimento fetal, evolução da gestação e diagnóstico de possíveis anormalidades. Já a radiografia é requisitada para a contagem correta da quantidade de fetos.

"A partir dessas informações, o veterinário instruirá os tutores da paciente a respeito dos cuidados exigidos neste período, mudanças na alimentação, planejamento do parto, além de instituir tratamentos, caso necessário", explica Dra. Amanda.

A gestação de coelhos dura por volta de um mês — Foto: ( Unsplash/ CreativeCommons/ Pablo Martinez)
A gestação de coelhos dura por volta de um mês — Foto: ( Unsplash/ CreativeCommons/ Pablo Martinez)

A médica veterinária Thalita Queté, especialista em animais silvestres, afirma que os cuidados são os mesmos para os coelhos. "No pré-natal, são realizados exames como o de sangue e físico da mãe, e também os de imagem, como o ultrassom, para saber como está a saúde dos filhotes. Pelo menos duas visitas devem ser realizadas durante a gestação, uma com cerca de 10-15 dias e outra próxima do parto", diz.

Entre cães, o tempo de gestação pode variar entre 57 a 70 dias a partir da primeira cruza. Já com gatos, o padrão varia entre 56 e 71 dias. Com coelhos, as grávidas demoram menos tempo para dar à luz: são geralmente 30 dias de espera, podendo chegar aos 33.

O pré-natal também indica a quantidade de filhotes esperada. Quanto às cadelas, o tamanho da ninhada depende da raça e do porte da fêmea, podendo variar de 1 a 15 cães. Nas gatas, como não há variação significativa de peso corpóreo, o tamanho da ninhada varia entre 1 a 5 filhotes. Em relação aos coelhos, a ninhada também depende do tamanho dos pais. Os pequenos costumam ter entre 1 a 3 filhotes, os médios entre 4 e 10 e os maiores podem ter de 12 a 15 filhotes.

Alguns sinais deduram que o parto está próximo, como presença de leite nas mamas, inquietação por parte da mãe, isolamento, confecção de ninho, ação de cavar, relutância à atividade física, período intermitentes de inapetência, vômitos ocasionais, rompimento da bolsa e liberação de secreção.

As coelhas geralmente ficam mais calmas e têm algumas alterações físicas, como aumento da circunferência abdominal, mamas proeminentes e aumento do apetite.

Há também todo o ritual semelhante aos dos humanos, como sessões de contrações e dores, além da dilatação da pelve. Depois disso, dura geralmente duas horas até o início do trabalho de parto.

O parto

Quando finalmente é hora de dar boas vindas aos filhotes, a atenção se mantém necessária. Para Fernanda Silva Carmo, veterinária especialista em clínica geral, que oferece serviços de parto assistido, os animais preferem que não haja alguém de fora neste momento.

"Nas consultas de pré-natal, eu sempre faço uma orientação para o tutor sobre o que pode ser um sinal de risco de gravidez e, em sinais de alarme, que ele recorra a um veterinário para exames complementares. Assim, teremos uma posição mais avançada em relação a estar na hora do parto", diz.

Gestações de risco devem ser acompanhadas pelo médico especialista e, se indicado, realizadas na clínica por meio de cesariana — Foto: ( Pexels/ Pixabay/ CreativeCommons)
Gestações de risco devem ser acompanhadas pelo médico especialista e, se indicado, realizadas na clínica por meio de cesariana — Foto: ( Pexels/ Pixabay/ CreativeCommons)

Alguns de seus colegas, no entanto, preferem que o especialista esteja presente de forma invariável. É o caso da professora doutora Camila Infantosi Vanucchi, responsável pelo Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. Segundo ela, é aconselhável que todo o parto seja acompanhado por um profissional, preferencialmente um obstetra veterinário.

"A assistência veterinária no momento do parto não necessariamente indica a exigência de intervenção direta, pois algumas fêmeas podem se incomodar com a presença de estranhos. No entanto, a observação é de suma importância para identificar qualquer anormalidade durante o parto, ou mesmo com a assistência aos filhotes", defende.

Ela diz ainda que não há necessidade que o parto ocorra em ambiente hospitalar, embora lá a assistência médica possa ser mais rápida e assertiva com a disponibilidade de recursos mais aprimorados.

De qualquer forma, o imprescindível é que, no caso de um diagnóstico de gravidez de risco, o parto ocorra no hospital ou clínica veterinária para que os médicos intervenham imediatamente diante das emergências. No caso de gestações normais, o nascimento pode ocorrer em casa.

"Uma semana antes do parto, o tutor deve providenciar uma caixa maternidade forrada e de fácil limpeza, que apresente tamanho adequado para comportar a fêmea e os filhotes com espaço sobressalente, além de permitir que a fêmea entre e saia com facilidade. Deve estar localizada em local tranquilo, aquecido e isolado de outros animais", orienta a Dra. Amanda Tartarelli.

Na hora do parto, o tutor deve ainda fazer vigília permanente desde o início até a expulsão de todos os filhotes, evitando a intervenção ao máximo. Deve também se atentar às contrações e intervalos entre os nascimentos, contar os filhotes nascidos e as placentas e observar a interação da mãe com os filhos.

É do instinto da fêmea fazer o parto sozinha. Quando um filhote nasce, a mãe rompe o saco amniótico e come os anexos embrionários enquanto massageia o filhote para que ocorram os movimentos respiratórios. Ela também pode ingerir a placenta, depois de expulsa.

"O intervalo comum entre o nascimento de cada filhote é de até 2 horas. Nesse período, a fêmea lambe continuamente os filhotes e sua região genital", diz Dra. Amanda.

Ela indica que o tutor deve checar se todos os recém-nascidos estão mamando e se não possuem malformações. No caso de qualquer alteração, deve-se entrar em contato com um veterinário especialista.

O parto de coelhas geralmente acontece à noite e dura por volta de duas horas — Foto: ( Pexels/ Pixabay/ CreativeCommons)
O parto de coelhas geralmente acontece à noite e dura por volta de duas horas — Foto: ( Pexels/ Pixabay/ CreativeCommons)

As mamães coelhas também são autossuficientes: "Geralmente, a coelha faz tudo sozinha, sem necessitar ajuda de ninguém. Os partos normais costumam ocorrer à noite e ser bem rápidos – cerca de 1 a 2 horas", diz a médica-veterinária Thalita Queté.

No mais, se a fêmea mãe não apresentar estes comportamentos, o veterinário deve intervir: "Rompemos a bolsinha e colocamos o filhote próximo à narina para que ela comece a lamber e criar esse vínculo com o ele. Ela deve prosseguir lambendo o animalzinho, secando, tirando a bolsa, e mordendo o cordão umbilical. Caso ela não o faça, a gente também precisa retirar o cordão para que o filhote fique bem. E, depois, garantir que ele mame, colocando-o nas mamas da fêmea", explica a Dra. Fernanda.

Parto de risco e cesariana

Os partos normais são priorizados sempre que possível, mas, em caso de sinais de risco, a cirurgia cesariana pode ser necessária.

"A cesariana é indicada para qualquer alteração que impeça o início ou a progressão do parto espontâneo. É possível, ainda, realizar o procedimento agendado, sem necessariamente haver início do parto. Entretanto, neste caso, é muito importante que se faça um correto pré-natal para evitar o nascimento de filhotes prematuros", explica a Dra. Camila.

Alguns dos problemas que podem levar a uma cesariana são malformações fetais, morte fetal, posicionamento incorreto do feto, alterações uterinas e vaginais, falha nas contrações, tamanho exagerado dos fetos e anomalias pélvicas, por exemplo.

Depois do parto, é importante que o tutor acompanhe possíveis mudanças de comportamento da fêmea e a rotina de alimentação dos bichos — Foto: ( Unsplash/ CreativeCommons/ Prasad Panchakshari)
Depois do parto, é importante que o tutor acompanhe possíveis mudanças de comportamento da fêmea e a rotina de alimentação dos bichos — Foto: ( Unsplash/ CreativeCommons/ Prasad Panchakshari)

A médica-veterinária Fernanda Silva Carmo chama atenção para outras possibilidades, como quando a fêmea começa a ter contrações, mas o parto não evolui. "Ela apresenta contrações, faz o ninho, para de comer, rompe a bolsa, mas nenhum filhotinho sai. Daí a gente precisa intervir com a cesariana", diz.

"Alguns sinais que deduram uma gravidez de risco são secreções ou sangramentos vaginais, sangue na urina, dor abdominal, aborto de um ou mais filhotes, dificuldade respiratória, inapetência, perda de peso, vômitos ou diarreia, entre outros", completa Dra. Amanda.

A existência de comorbidades na gestante, como diabetes, senescência reprodutiva e doenças infecciosas podem ser fatores de complicação.

Há ainda o fator da raça. Animais braquicefálicos, como buldogues e pugs, geralmente têm maior predisposição a apresentar dificuldades na hora do parto.

"Essas raças podem apresentar maior incidência de alterações no sistema respiratório, levando a uma dificuldade respiratória no momento do parto que sobrecarregará o metabolismo da paciente. Além disso, devido ao padrão racial, os filhotes, com cabeças e ombros largos, podem não conseguir passar pela estreita pelve da mãe, o que pode tornar necessária a realização de cesariana", explica.

Nos coelhos, as raças que demandam uma maior atenção são aquelas tidas como mini, até cerca de 1,2 kg, que costumam apresentar problemas. As mais comuns são os netherland dwarf, hotot e polonês.

"Em coelhos, deduram gravidez de risco alterações como sangramentos vaginais, falta de apetite da mãe, falta de movimentação dos filhotes e problemas de saúde anteriores não controlados", explica a especialista Thalita Queté.

Nasceram! E agora?

Nos dias subsequentes ao parto, o tutor deve observar se todos os filhotes estão conseguindo mamar adequadamente e se a fêmea dispõe de leite para nutri-los. A Dra. Camila Infantosi Vanucchi diz que, caso seja necessário, deverá ser feito um manejo suplementar para os filhotes.

"Recomenda-se a pesagem diária dos neonatos para avaliação de seu desenvolvimento, visto que a perda de peso ou ausência de ganho podem indicar problemas de saúde", orienta a Dra. Amanda Tartarelli.

Ao longo do período de amamentação, o tutor deve assegurar a correta alimentação (orientada pelo veterinário) e hidratação da fêmea lactante e estar atento a qualquer mudança de comportamento ou de saúde geral da fêmea. Petiscos devem ser evitados.

Esta fase de amamentação varia de uma ninhada para outra. Geralmente, o desmame se inicia a partir da quarta semana de vida e termina entre a sexta ou oitava. "É algo que deve ser feito de maneira bem gradual, pois o desmame precoce pode trazer muitas consequências negativas", diz Dra. Amanda.

Já os coelhos recebem o leite em média até o trigésimo dia de vida, mas alguns animais podem exigir mais de suas mães, sendo amamentados até os 40 ou 45 dias.

Outros cuidados no pós-parto incluem afastar a mãe e sua ninhada de outros animais e pessoas estranhas, evitando situações de estresse e ruídos, bem como manipular excessivamente os filhotes nos primeiros dias.

"Além disso, garanta que o ambiente no qual a cadela e os filhotes estão instalados esteja sempre higienizado", completa a especialista.

Para os tutores de coelhos, a médica Thalita Queté indica esperar ao menos 3 dias antes de limpar o ninho pela primeira vez. "Deve-se apenas manter o fornecimento de água e comida para a mamãe. Após esse período, maneje a fêmea e os filhotes com cuidado para limpar e reposicionar todos no ambiente novamente, evitando manusear muito os filhotes", diz.

Idade reprodutiva ideal

Segundo a Dra. Camila, a idade reprodutiva das cadelas e gatas varia de 2 a 6 anos, mas pode ser mais prolongada em raças miniaturas ou pequenas. "É aconselhável reduzir o período reprodutivo de cadelas que já apresentaram 3 a 4 gestações", afirma.

"Nas gatas e cadelas, o cruzamento deve ser feito a partir do terceiro cio até, no máximo, 6 anos de idade, a depender da raça e condições de saúde. Caso a gestação se desenvolva fora dessa faixa de tempo, há muitos riscos tanto para a cadela, quanto para os filhotes", complementa Dra. Amanda.

Já as coelhas podem engravidar a partir dos 7 ou 8 meses de idade e no máximo até os 3 anos.

"Para animais mantidos como pet, não é recomendado a procriação, pois nascem muitos filhotes e o tutor terá dificuldade de vender ou doar esses bichos. Hoje, a castração das fêmeas é indicada a partir dos 6 meses e, dos machos, a partir dos 4 meses. O procedimento evita alguns problemas de saúde, como tumores de útero e testículo, infecções no trato reprodutivo, além de deixarem os animais mais tranquilos e calmos", orienta a especialista Thalita Queté.

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