Absinto: conheça a erva por trás da bebida que já foi proibida no Brasil

Também conhecido como losna, sintro e artemísia, o absinto (Artemisia absinthium) pode ser encontrado em diversos países, em especial, naqueles situados na Europa, Ásia e norte da África. Seu uso milenar é medicinal, mas também é utilizado como composto para uma das bebidas de maior teor alcoólico do mundo, que chegou a ser proibida no Brasil.

O mistério por trás do uso da Artemisia a. no Absinto, bebida homônima à planta, é a tujona: um composto extraído da erva com propriedades psicoativas. "Por possuir um traço neurotóxico, em altas doses ela pode causar convulsões e outros efeitos adversos", alerta o paisagista Erick Souza, diretor de projetos do Kawai Garden Paisagismo.

A bebida absinto pode apresentar entre 40% e 89,9% de teor alcoólico. Após ser proibida nacionalmente, como também já aconteceu na Suíça, país de origem do destilado, a bebida voltou a ser distribuída no Brasil nos anos 2000, com teor alcoólico máximo de 54% limitado pelo Ministério da Fazenda.

Muito além do álcool

O absinto deve ser consumido com cuidado e jamais sob uso prolongado — Foto: Flickr / Papa Pic / Creative Commons

Apesar de ser conhecida pela bebida, a Artemisia absinthium há milhares de anos é considerada uma planta medicinal. Ainda hoje, é utilizada em chás e até mesmo na gastronomia. Harri Lorenzo, engenheiro agrônomo e fundador do Jardim Botânico Plantarum, explica que o absinto pode ser utilizado para tratar problemas digestivos, febres e até vermes intestinais, por conta de suas propriedades vermífugas. "Contudo, deve ser utilizado com cautela pelo potencial tóxico da tujona", frisa o profissional.

Na gastronomia, apesar de pouco comum, o absinto pode ser usado como condimento, em pequenas quantidades, para conferir amargor a pratos e bebidas. Ainda assim, Harri aconselha conhecimento prévio e moderação na hora de utilizar a Artemisia absinthium na cozinha.

Como cultivar

As flores do Absinto são amareladas e também possuem um sabor amargo — Foto: H. Zell / Wikimedia Commons

Os "pais de planta" que são fãs de uma horta diversa e funcional podem cultivar o absinto em casa sem grandes problemas! Fã de um bom sol e brisa à vontade, a planta é propagada por sementes ou estacas, explica Erick.

No caso do cultivo das sementes, basta plantá-las superficialmente em um substrato qualquer. Por estaquia, o ideal é escolher um pedaço de caule saudável, priorizando o corte nas gemas da planta, e cultivá-lo diretamente no solo. "É preciso deixar um espaço de 30 a 60 centímetros entre as plantas, pois o absinto pode crescer bastante", aconselha o paisagista.

O melhor período para iniciar o cultivo das sementes é no final do inverno e início da primavera. "Elas devem ser ligeiramente cobertas com solo e mantidas úmidas até a germinação. Na propagação por estacas, opte por ramos saudáveis de 10 a 15 centímetros de comprimento e plante já na primavera ou início do verão", indica Harri.

Como cuidar da sua muda de absinto

Após o desenvolvimento das raízes ou acomodação da muda, o absinto deve receber cerca de seis horas de luz solar direta todos os dias. Tolerante a secas, a planta também não necessita de muita água ou adubação, tornando-se uma adição inteligente e descomplicada ao jardim por conta do seu sistema radicular profundo e extenso.

"O absinto prefere solo seco e bem drenado, por isso, a rega é moderada e sem excessos. Pode-se aplicar um fertilizante balanceado no início da primavera para estimular o crescimento, mas evite solos muito ricos, pois eles podem reduzir a concentração de compostos medicinais", finaliza Harri.

Contraindicações

Os uso de medicamentoso do absinto não deve ser feito sem a indicação ou acompanhamento de um profissional de saúde. Seja como infusão ou como acompanhamento de bebidas e pratos, a Artemisia absinthium não deve ser consumida de modo prolongado, nem por lactantes, gestantes, pessoas com problemas renais, úlceras ou hiperacidez no estômago.