Uma das árvores mais antigas do mundo pode estar ameaçada pela especulação imobiliária na Califórnia, Estados Unidos. Conhecida como Jurupa Oak, estima-se que ela tenha de 13 mil a 18 mil anos de existência. À primeira vista, a planta parece apenas um conjunto de arbustos aninhados no topo de uma colina, mas eles são apenas a copa de um carvalho gigante de 27,5 m de comprimento e 9 m de largura. A maior parte da árvore fica no subsolo.
Jurupa Oak é mais velha do que quase qualquer outra planta na Terra, tendo sobrevivido a uma era glacial, ao rápido aquecimento global e vivido próximo a tigres-dentes-de-sabre e preguiças-terrestres. Mas, agora, ambientalistas e moradores locais temem que a árvore antiga esteja sob ameaça de uma força “mais letal” para as plantas do que as mudanças climáticas: o desenvolvimento imobiliário.
A Comissão de Planejamento de Jurupa Valley, uma cidade de 100 mil habitantes a leste de Los Angeles, está prestes a aprovar um empreendimento de 3,6 km², que inclui um parque empresarial, 1.700 casas e uma escola primária. As construções ficariam a apenas algumas dezenas de metros da árvore antiga.
A incorporadora Richland Communities disse que planeja proteger a árvore, mas ambientalistas acreditam que a construção e o desenvolvimento resultante podem ser letais para o Jurupa Oak.
“É única entre a maioria das espécies no planeta”, disse Aaron Echols, presidente da divisão Riverside-San Bernardino da California Native Plant Society, ao The Washington Post. “Precisamos ter certeza de que não vamos causar danos a esta planta.”
A Jurupa Oak é uma “árvore clonal”, uma rede de arbustos geneticamente idênticos conectados por um sistema de raízes compartilhado formando uma única planta. Este carvalho Palmer foi identificado na década de 1990 pelo botânico local Mitch Provance — mas foi somente em 2009 que pesquisadores da Universidade da Califórnia – Davis calcularam sua imensa idade.
Agora, estima-se que seja o terceiro ou quarto organismo mais antigo do mundo: seus concorrentes incluem um álamo tremedor em Utah, estimado em 80 mil anos, e um azevinho na Tasmânia, estimado em 43 mil anos.
![O vale Jurupa na Califórnia, Estados Unidos — Foto: Scottthezombie / Wikimedia Commons](https://s2-casaejardim.glbimg.com/ODmIhwE559GguDPKReReTyVyL1Q=/0x0:1400x661/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_a0b7e59562ef42049f4e191fe476fe7d/internal_photos/bs/2024/o/U/BPzAfQTtWf4rBr8bJekQ/arvore-que-sobreviveu-por-mais-de-13-mil-anos-pode-ter-seu-fim-decretado-pela-especulacao-imobiliaria-na-california1.jpg)
Parte da preocupação é que o Jurupa Oak está sobrevivendo além do que se esperava. Na última era glacial, a região era repleta de carvalhos Palmer, mas todos eles morreram — exceto este, que conseguiu viver em condições que deveriam ser muito quentes e secas.
Cientistas e conservacionistas acreditam que pode haver um microclima especial ou algum tipo de bacia subterrânea que esteja fornecendo água adicional à árvore. Se as colinas forem cobertas com asfalto e concreto, teme-se que esse fluxo de água subterrânea seja interrompido — matando potencialmente a árvore. Já foi feito um estudo sobre as ameaças ao vegetal, mas o relatório não foi divulgado ao público porque o local é sagrado para os povos indígenas e é preferível evitar divulgar sua localização específica.
A Richland Communities prometeu não construir a menos de 60 m da árvore e manter o equipamento de construção a 80 m de distância. A empresa também afirmou que doará o terreno imediatamente ao redor da árvore para uma organização sem fins lucrativos, junto a uma doação de US$ 250 mil, cerca de R$ 1,4 milhões, para protegê-la.
Mas ambientalistas dizem que a metragem sugerida não é nem de longe suficiente para proteger o carvalho. Eles argumentam que o empreendimento poderia produzir tráfego excessivo de veículos e uma ilha de calor urbana de cimento e asfalto que poderia prejudicar a árvore.
A comissão da cidade ainda não deliberou sobre o assunto e, após ouvir as partes interessadas em uma reunião no final de junho, decidiram adiar a decisão até 10 de julho.