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Uma mãe yucateca maia e seu recém-nascido (Foto: Rosy Garibay)

Uma mãe yucateca maia e seu recém-nascido (Foto: Rosy Garibay)

É fato que a amamentação oferece inúmeros benefícios para a mãe e, principalmente, para o bebê. No entanto, muitas mulheres encontram dificuldades para alimentar seus filhos. Mas uma pesquisa recente publicada no American Journal of Human Biology, revela que isso pode ser mediado culturalmente. Em alguns países, a cesárea é vista como uma das barreiras para o sucesso no aleitamento, já que o bebê pode ficar mais tempo separado da mãe nas primeiras horas de vida e o leite pode demorar mais para descer, por exemplo. Só que quando a comunidade ajuda e o ambiente é favorável, mães que deram à luz cirurgicamente também podem oferecer o leite materno por mais tempo, fortalecendo a saúde e a imunidade dos filhos.

A maior prova, segundo um estudo da Purdue University, nos Estados Unidos, são as mães que vivem em comunidades agrícolas em Yucatán, no México. A pesquisadora Amanda Veile, professora assistente de antropologia, e sua equipe compararam as durações da amamentação e as taxas de infecções na infância dessas famílias com base em como a criança nasceu. Após analisar 88 crianças desde o nascimento até os 5 anos de idade, os resultados mostram que as mães que tiveram filhos por cesárea amamentam cerca de 1,5 meses a mais do que as que deram a luz por parto normal. "Precisamos continuar estudando o assunto, mas parece que essas mães, talvez, no subconsciente, aumentem seus esforços para conseguir amamentar depois de uma cesárea", supõe Veille. 

A explicação para isso, segundo a pesquisadora, é que elas estão inseridas em um ambiente de amamentação excepcionalmente favorável. "As mães que vivem nessa comunidade mexicana não precisam se esconder em um banheiro para alimentar seus filhos quando estão em público", diz. "Aqui, é uma norma cultural amamentar a qualquer hora, em qualquer lugar e sustentar a amamentação por mais de dois anos", completa. Também não houve diferença nas taxas de infecção entre os dois grupos de crianças. "Acreditamos que o aleitamento materno prolongado oferece benefícios protetores que reduzem alguns dos problemas de saúde que muitas vezes vemos em crianças nascidas por cesariana", explica Amanda. 

O estudo mostra ainda que as mulheres maias iucatecas experimentam desafios pós-cesariana no ambiente hospitalar, como a separação prolongada de seus bebês, problemas de retenção e atraso no reflexo de descida do leite. No entanto, elas costumam contornar os problemas consumindo alimentos especiais e fazendo uso de ervas e compressas. Elas também recebem apoio emocional e conselhos sobre amamentação de sua família e amigos. 

"Agora que as cesarianas estão se tornando mais universais, é importante entender mais sobre as conseqüências para a saúde das crianças em uma variedade de cenários", disse Veile. "Isso inclui comunidades muito rurais em todo o mundo que estão em transição para um maior acesso aos cuidados com a saúde, ao mesmo tempo em que experimentam um saneamento comunitário deficiente e o duplo fardo da desnutrição", explica. De qualquer maneira, segundo a pesquisadora, o estudo é uma "mensagem poderosa de apoio a amamentação". Não há dúvidas!

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