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Aumentam as chances de sobrevivência para prematuros extremos (Foto: Flickr)

Aumentam as chances de sobrevivência para prematuros extremos (Foto: Flickr)

Quando um bebê nasce antes de 37 semanas de gestação, ele é considerado prematuro. Mas isso não significa que precise de cuidados hospitalares. "O que costuma manter a internação ou não do bebê não é a prematuridade em si, mas o peso e as complicações decorrentes da prematuridade", explica o pediatra neonatologista e membro da Sociedade Americana de Pediatria, Nelson Douglas Ejzenbaum.

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No entanto, quanto mais prematuro, ou seja, quanto menos tempo na barriga da mãe, maiores são os riscos e as chances de internação. Tanto, que os médicos haviam estimado previamente que a primeira idade gestacional que um bebê poderia ser considerado viável fora do útero era de 28 semanas, quando pesam cerca de um quilo. "Nesse caso, consideramos prematuridade extrema", define o pediatra. No entanto, a boa notícia é que esse limite tem caído constantemente desde a década de 1980.

Ao longo dos últimos 40 anos, bebês nascidos com 24, 23 e até 22 semanas tem conseguido sobreviver, mesmo pesando menos de meio quilo. A taxa de sobrevivência melhorou até mesmo para os que nascem com menos de 22 semanas, passando de 3,6% para 20% na última década. Já para os nascidos com 26 semanas, 8 em cada 10 sobrevivem. As conclusões são de um estudo realizado pelo Hospital Infantil da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos. 

Prova disso, é um bebê japonês que nasceu em agosto do ano passado com 24 semanas, pesando apenas 268 gramas. Após 5 meses de internação, ele voltou pra casa em fevereiro deste ano saudável e pensando 3,2 kg. "Estou nesse negócio há 40 anos e vi o limiar da viabilidade recuar uma semana a cada cerca de 10 anos na minha prática", conta o neonatologista e um dos autores do estudo, Edward Bell, à AFP.

O QUE TEM COLABORADO PARA ESSE AVANÇO?

Na Grã-Bretanha, França e Estados Unidos, cerca de metade dos bebês extremamente prematuros sobrevivem, segundo estudos realizados nos últimos anos. Mas a Suécia é o país que detém, atualmente, o recorde mundial de viabilidade neonatal precoce: 77% dos bebês nascidos entre 22 e 26 semanas, entre os anos de 2014 e 2016, sobreviveram por pelo menos um ano, 7% a mais de há dez anos, revela o estudo publicado nesta semana pelo Journal of the American Medical Association (JAMA).

A explicação para essse avanço estaria na padronização dos procedimentos para suporte avançado à vida neonatal, como intubação imediata ao nascimento, administração de medicamentos e uma transferência rápida para uma unidade de terapia intensiva neonatal. Quase 90% dos nascimentos na Suécia agora ocorrem em um dos seis hospitais do país que possuem UTINs de primeiro nível. "Antes, para um bebê nascido às 22 ou 23 semanas, um médico poderia dizer que não vale a pena fazer nada", conta Mikael Norman, coautor do estudo sueco e neonatologista do Hospital Universitário Karolinska, em Estocolmo.

De um modo geral, desde a década de 1990, houve três grandes avanços médicos para melhorar a sobrevivência de prematuros. Os surfactantes artificiais é um deles, pois ajudam a manter os pulmões dos bebês pouco desenvolvidos inflados quando eles expiram; as injeções de esteroides nas mães logo antes do nascimento têm acelerado o desenvolvimento dos pulmões, aumentando em um dia o que poderia levar uma semana; além de técnicas de ventilação mecânica aperfeiçoadas. Essas técnicas estão amplamente disponíveis nos países desenvolvidos, mas ainda existem disparidades significativas - de país para país e até mesmo entre vários hospitais.

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