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Aline Fanju fala sobre a maternidade  (Foto: Jorge Bispo)

Aline Fanju fala sobre a maternidade (Foto: Jorge Bispo)

Aline Fanju já interpretou muitos papéis nas telas, seja como a desiludida com o amor Maristela, de Totalmente Demais, ou mesmo como a zeladora Josefina, mãe de Bene e Julinho, em Malhação Viva a Diferença. No entanto, em 2018, a atriz teve que viver um de seus papéis mais importantes: o de ser mãe. Com 39 anos, ela engravidou da pequena Teresa, hoje com 1 ano e 11 meses, e optou por dar à luz por um parto humanizado

No início, a atriz não pensava em ser mãe, pois tinha como prioridade se voltar para o seu trabalho. Porém, seu companheiro, Marcelo Cavalcanti, queria muito ter filhos. A gestação dela foi um susto. "Cheguei em casa com o meu teste de farmácia. Não era nem o de dois pauzinhos. Estava escrito: “GRÁVIDA”. Eu fiquei catatônica!", relata. Apesar de ser um momento inesperado, Aline afirma que a maternidade foi muito importante para a sua vida. Logo, ela percebeu que poderia ser mãe, mas não deixaria de ser atriz. "Minha filha só vai ser realmente feliz se eu tiver inteira e o meu trabalho é uma parte importantíssima de mim". 

Quer saber mais sobre a história de Aline Fanju? Esse e outros relatos de parto serão exibidos no programa Boas Vindas, do Canal GNT. Episódios reprisados às sextas-feiras, às 23h. 

Nunca tive isso de querer ser mãe. Eu sempre me questionei muito e isso nunca esteve no topo das minhas prioridades. Meu foco era a minha profissão. Se mais para frente eu quisesse ter um filho, poderia adotar. Eu já estava com o Marcelo, mas nós não morávamos juntos, estávamos namorando. Só que ele desejava muito ter filhos. Para ele, isso era uma certeza.

Quando engravidei, foi um susto imenso. Estava com um mau humor. Achei que estava na maior TPM da minha vida. Nós tínhamos viajado e quando voltamos, íamos a um aniversário. No dia da festa, me deu um negócio que comecei a pensar: “E se eu estiver grávida? Não estou, claro! Mas, e se eu estiver”. O mais louco foi o que eu pensei isso sozinha e depois o Marcelo também me falou para eu fazer o exame pelos mesmos motivos.

Cheguei em casa com o meu teste de farmácia. Não era nem o exame de dois pauzinhos. Estava escrito “GRÁVIDA”. Fiquei catatônica! Eu me vesti e o Marcelo chegou e falou: “E aí?” Eu respondi: “Estou grávida”. Então, ele perguntou: "O que a gente pode fazer, se abraça?". Falei que nós íamos para a festa, pois as pessoas poderiam pensar que aconteceu alguma coisa. Foi quando ele me disse que realmente tinha acontecido alguma coisa! [risos]. 

A pequena Teresa tem 1 ano e 11 meses  (Foto: Jorge Bispo)

A pequena Teresa tem 1 ano e 11 meses (Foto: Jorge Bispo)

Depois de três dias, eu fui para São Paulo gravar uma série. Então, pensei: "vamos fingir que não estou grávida, depois que gravar esse lance, vou dar conta do que está acontecendo aqui, porque é muita coisa”. Fiquei muito abalada. Muitas vezes, eu chorava, ficava insegura e meio confusa. Questionando muita coisa. Pensei se isso poderia dar um "break" na minha profissão. Afinal de contas, nós vivemos em um país muito machista e o mercado de trabalho tem um pouco de dificuldade de acolher mães. Há muitas mulheres que depois que engravidam perdem seus empregos ao voltar da licença-maternidade. Uma maluquice, porque se as mulheres decidirem não parir, não nasce mais ninguém no mundo. Isso que as pessoas não calculam.

O mundo não está preparado para essa mãe, que é muito presente. Você gera e depois é o alimento desse bebê, você é a base de proteção e de acolhimento. É muito tempo envolvida unicamente naquele projeto e aí chega uma hora que você fala: “não, peraí, eu não sou feita só disso”. Minha filha só vai ser realmente feliz se eu tiver inteira e o meu trabalho é parte importantíssima de mim.

Eu contava para as pessoas que estava grávida com uma cara meio de nada. Elas ficavam animadas e depois me olhavam e perguntavam: “Mas, você está feliz?”. A partir de três ou quatros meses que eu fui começar a aproveitar e curtir essa onda que é estar grávida. Já o Marcelo curtindo desde sempre.

Aline, marido e a filha  (Foto: Jorge Bispo)

Aline, marido e a filha (Foto: Jorge Bispo)

As ultras são realmente um bálsamo, porque assistir à evolução de um ser humano dentro da gente é uma coisa extraordinária. É muito impressionante! Finalmente, o momento que eu comecei a curtir muito foi quando ela começou a mexer. Foi uma das coisas mais bonitas que já vivi.

O parto já foi um vulcão em erupção que eu falei “uau, que acontecimento é esse?”. Eu estava muito segura e bem confiante na minha fêmea. Estava me deixando bem leoa e imediatamente, quando a Teresa saiu, eu virei uma mãe muito mãe. Aquilo reluziu no meu colo. Imediatamente, estava amando ser mãe. É claro que o amor de uma mãe por uma filha é uma coisa muito dita, falada, cantada, mas quando você sente é avassalador. A pele fica curta, transborda, sai pelos poros.

Essa Aline que tinha dúvidas, talvez, more aí, mas não há nada que questione a existência da Teresa. Ser mãe dela é ser merecedora de um amor tão imenso. Gosto do caminho que estou tomando como mulher, pois o meu maior desejo é criar a Teresa para ser uma mulher cheia de autonomia e que se faça respeitar para que o mundo seja melhor para ela. É óbvio que homens e mulheres são diferentes, mas que ser mulher não seja menos. Esse é o grande lance do feminismo.