• Carolina Ambrogini
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Mãe com bebê no sling (Foto: Thinkstock)

(Foto: Thinkstock)

Para falar a verdade, nós, mães, não descansamos nas férias e, muitas vezes, até cansamos mais. Afinal, quem consegue ficar na espreguiçadeira tomando banho de sol ou lendo um livro no sofá? Se os filhos são pequenos, eles querem atenção constante, já os maiores aparecem sempre com alguma demanda, como o tradicional “eu estou com fome” ou, simplesmente, querem a nossa companhia. Resumindo: no fim da temporada, acabamos precisando de férias das férias. Mas, cadê a energia?

“Temos de nos fortalecer para educar uma criança e manter o ‘não’ diante do choro, para persistir nos ensinamentos.”


Eu estava pensando nisso durante meu treino de musculação. Diante do esforço de fazer um exercício, passou pela minha cabeça a necessidade de fortalecer o meu corpo para voltar à rotina. Não estou falando no sentindo de “malhado”  – que também não é nada mau –, mas por uma questão de saúde mesmo. Precisamos suportar o peso de carregar as crianças no colo e as tensões musculares que insistem em nos avisar que a postura não está correta. O nosso físico vai aguentando, até que chega uma hora que ele nos faz enxergá-lo com a muleta dos anti-inflamatórios.

É claro que não são só os músculos que necessitam dessa potência toda! Precisamos de força interior quando nos tornamos mães para resistir aos enjoos, ao parto, à amamentação, à cólica, à febre, ao desmame, ao desfralde, aos primeiros dias da escola nova, às birras (haja ioga!), à babá que faltou, à colega da escola que decidiu não ser a melhor amiga da sua filha, à prova de matemática, à primeira balada...

Temos que nos fortalecer para educar uma criança e manter o “não” diante do choro, para persistir nos ensinamentos e não sucumbir quando estamos cansadas. Todas essas experiências exigem uma inesgotável robustez e equilíbrio mental que é impossível qualquer ser humano ter – ainda mais os que são regidos por hormônios. Isso sem falar nas mães heroínas que lidam com problemas excepcionais, como uma doença grave. Para elas, eu tiro meu chapéu todos os dias, pois só com o meu “basal” já fico esgotada. É claro que cansamos, descompensamos, perdemos a paciência inúmeras vezes e ameaçamos ir morar no Japão. Mas, vamos nos adaptando e nos fortalecendo com essas vivências. Antropologicamente falando, nós, mulheres, sempre fomos o pilar de sustentação da família. É no nosso ventre que a vida cresce, é o nosso leite que nutre e o nosso colo que acolhe. Já fomos dominadas, caladas e humilhadas por muitos séculos e nos fizemos fortes para sobreviver. Mas acredito que é na maternidade que conseguimos buscar essa força que nem sabíamos existir, talvez porque seja a partir dela que somos mais felizes e plenas.

Não custa lembrar, no entanto, que é importante se reabastecer de energia de tempos em tempos, ter momentos só para você e curtir a vida, para ser também leve, além de forte.

Dra. Carolina Ambrogini (Foto: Guto Seixas / Editora Globo)

 (Foto: Guto Seixas / Editora Globo)

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