• Lílian Kuhn
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Criança ouvido (Foto: ThinkStock)

Diariamente, muitas famílias com diferentes perfis de crianças – idades, sintomas e com ou sem diagnóstico – me procuram solicitando indicações de locais para realizar a avaliação do processamento auditivo. Mas, por outro lado, também leio ou escuto todos os dias as pessoas falando que o problema do filho é apenas desatenção. Mas, afinal, o que é e por que é importante se preocupar com o Processamento Auditivo Central (PAC)?

O nosso sistema auditivo é dividido, principalmente, em duas partes:

1 - Sistema Auditivo Periférico -  Parte mais conhecida por todos nós e é onde ocorre o que chamamos de “ouvir”, ou seja, onde o som é detectado. Assim, qualquer alteração de funcionamento neste sentido provoca o transtorno de audição conhecido como deficiência auditiva ou surdez.

2 - Sistema Auditivo Central -  Essa parte é a responsável pela análise e interpretação dos sons detectados na parte periférica. Se houver qualquer falha nesse subsistema, dizemos que houve um transtorno e ele é denominado Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC).

O TPAC causa alterações em diversas habilidades auditivas como: localizar de onde vem um som, identificar o tipo de som e até dificuldade em memorizar uma sequência de sons. Na escola, surgem as principais queixas, por ser um ambiente bastante ruidoso e onde a criança precisa manter a atenção por um longo período. Portanto, cabe também à equipe pedagógica ficar de olho e avisar aos pais caso a criança:

- Apresente alteração de produção de fala;
- Tenha dificuldade na leitura e na escrita;
- Necessite que o professor repita a fala ou pergunte o tempo todo “Ahn?” e “O que?”;
- Demonstre dificuldade para seguir, memorizar ou localizar uma sequência de sons;
- Apresente mudança (piora) de comportamento em ambiente ruidoso;
- Fique muito agitada ou, em contrapartida, muito quieta, pareça desatenta ou desinteressada.

Afinal, cada criança reage de um jeito perante a dificuldade de compreensão da fala.

Apesar de essas queixas estarem relacionadas à alteração de processamento auditivo, elas também podem ser características de outros transtornos. Por isso, a avaliação final do PAC só pode ser feita através de exames realizados em cabine acústica pelo fonoaudiólogo. Vale lembrar, porém, que para realizar o exame, a avaliação audiológica básica (audiometria e imitanciometria) já deve ter sido feita e a criança tem que ter mais de 6 anos, pois em faixas etárias anteriores, as habilidades avaliadas ainda não estão plenamente desenvolvidas.

Importante: a alteração de processamento auditivo não impede o desenvolvimento de linguagem. Ela “apenas” o atrapalha, provocando algumas distorções e omissões de sons da fala, principalmente em “l” (“pulo”), “r”(“farol”), “s”(“sino”)e “x/ch” (“chuva”). Se os pais notarem qualquer sinal de alteração de hatilidades auditivas deve procurar um fonoaudiólogo. Ele é o único profissional habilitado a avaliar e tratar o TPAC. 

Lilian Kuhn (Foto: Divulgação)

Lílian C Kuhn Pereira é fonoaudióloga com especialização em Audiologia e Mestrado e Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem. Há mais de dez anos atende crianças e adultos com distúrbios de linguagem. Escreva para ela: [email protected]

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