• Julyana Mendes
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Ter autoconhecimento foi fundamental para que Julyana aprendesse a lidar com cada filho de acordo com suas necessidades (Foto: Reprodução Instagram)

Autoconhecimento foi fundamental para que Julyana aprendesse a lidar com cada filho, de acordo com suas necessidades (Foto: Reprodução Instagram)

Dia desses um dos meus filhos estava mais sensível, diferente. Eu então passei a o observar mais de perto. Na hora do dever de casa o vi chorar compulsivamente porque a ponta de um lápis tinha quebrado pela segunda vez. Sim: chorar por uma ponta de lápis. Assim, do nada, por nada. Por nada?

Ser mãe de muitos me levou a estudar e a tentar entender cada um deles. E também a ver porque temos tantas culpas, porque essa geração tem crescido tão despreparada e porque nos sentimos tão perdidas. Não somos nós, mães de hoje, que não temos o tal “manual” de como criar filhos. Nossas mães e avós também não tinham. E também não tinham tantas culpas, reflexões e comparações. E quer saber? Acho que demos mais certo do que errado. Abro um parêntese para dizer que não estou desvalorizando os recursos e as informações que temos hoje. No entanto, é preciso reconhecer que tudo mudou. Hoje temos que lidar com novos medos, as expectativas do outro, as disputas, o mercado de trabalho, a internet... É muita cobrança e pressão, tanto da sociedade quanto de nós mesmas. A ânsia por acertar sempre, ser “boa mãe” sempre, certamente tem contribuído para isto. E é aí que entra a minha teoria do “desaprender para aprender”, que na prática, nada mais é do que olhar para dentro de si e para as necessidades de sua família e seguir o que acha mais viável naquele momento. Caso contrário, ficaremos doidinhas de pedra!

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Voltando aos meus filhos, entender que cada um é de um jeito e que eu preciso ser uma mãe diferente para cada um deles é algo que já faz parte da minha vivência. A frase “mas eu criei todos do mesmo jeito”, além de não ser verdadeira, refere-se a algo que, acredito eu, não devemos buscar.  Respeitar as pluralidades é fundamental. Tenho um filho que precisa de muito colo, o tempo todo, e por mais que fique o dia todo, nunca será o suficiente. Já tem outro que à distância me diz: “Oi mãe, beleza?” Ai de mim se tentar um cafuné. Uns fazem o dever de casa porque amam, enquanto outros fazem porque são responsáveis. E tem também os que se eu não mandar dezenas de vezes fingem que não têm nada para fazer.  Tem aquele que pega todas as viroses possíveis, e o que tem a imunidade de ferro! E ainda tem o melhor amigo de todos os amigos, e aquele que tem dificuldade de fazer amizade. Aqui em casa tem de tudo.

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Agora imaginem duas situações: se eu tentasse agir da mesma maneira com todos, e pior: se para atender as necessidade deles eu tentasse ser quem não sou? A bagunça estaria formada! Percebem que isso é algo impossível e que nos machuca?

Daí a minha teoria que precisamos desaprender a tentar ser igual ao “modelo” que vimos nas redes sociais, especialmente se isso não tem nada a ver com você ou se diz respeito à coisas das quais não acredita. Para fazer esse caminho de desconstrução precisei olhar para mim e entender que não existe padrão de boa mãe. Não preciso gostar de brincar com meus filhos, cozinhar comida orgânica, me cobrar por não ter amamentado exclusivamente, ter filho de parto natural, não permitir açúcar, glúten e lactose na dieta dos meninos...

Julyana se divide para acompanhar a lição de casa dos meninos, que acontece todo dia a tarde (Foto: Reprodução Instagram)

Enquanto as crianças fazem a lição de casa, Julyana faz questão de ficar de olho no que cada um deles precisa (Foto: Reprodução Instagram)

Deixei de lado todas essas crenças que vão colocando na nossa cabeça ao longo dos anos e passei a olhar para mim. Isso tem mais a ver com autenticidade, autoconhecimento e integridade. Tem a ver com ser sincera com você mesma e com seus filhos e se sentir em paz para dizer: disso eu dou conta, disso eu não gosto, preciso de ajuda naquilo. Isso tem menos a ver com o que dizem que temos que ser e muito mais com aquilo que nossas avós já sabiam: seguir a intuição, o que o seu coração diz!

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Nossos filhos são diferentes um do outro e diferentes de nós! Ser boa mãe, para mim, não é atender às demandas de todos eles, até porque acredito que frustrações são essenciais para a formação dessa turma! Mas podemos olhar com o coração e saber quando nosso filho está precisando de nós, quando está triste, quando está mais agressivo, quando mudou de comportamento ou quando chora só porque a ponta de um lápis quebrou! 

Que tal desaprender um monte de coisas e colocar em prática aquilo que ninguém ensina?

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Julyana Mendes (Foto: Arquivo Pessoal)

Julyana Mendes (Foto: Fabricio Rodrigues)

Julyana Mendes, engenheira-civil e mãe de Pedro Henrique, 23, Luís Felipe, 14, João Eduardo, 11, Maria Eduarda, 9, Maria Carolina, 9, Maria Fernanda, 9, e Maria Beatriz, 3. Autora do perfil Mãe de Sete, no Instagram, onde compartilha sua rotina como mulher, profissional e mãe de muitos.

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