• Julyana Mendes
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Julyana em reunião com as trigêmeas: ela separa um tempo para ver o que cada um precisa. "Mais foco, menos sofrimento", diz. (Foto: Reprodução Instagram)

Julyana em reunião com as trigêmeas: ela separa um tempo para ver o que cada um precisa. "Mais foco, menos sofrimento", diz. (Foto: Reprodução Instagram)

Todos os dias eu pego as crianças na escola. E faço questão disso. Para mim este é um momento que gera oportunidades valiosas. A escola é o espaço onde eles socializam, interagem com crianças e adultos muito diferentes uns dos outros, enfrentam desafios, se alegram, se entristecem, fazem amigos para a vida. É um verdadeiro termômetro e muda a cada ano. 
Essa semana Carol, uma das trigêmeas, entrou no carro chorando. Assim como as irmãs, ela havia recebido as notas das primeiras provas bimestrais. Chorava porque a nota de matemática foi ruim. Enquanto isso, Nanda comemorava as notas excelentes e Duda estava normal, como se não tivesse recebido nota nenhuma. Ambas estão no 4º ano do ensino fundamental e as coisas começam a ficar mais difíceis. O conteúdo é maior, a exigência também.

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Um dos desafios que eu enfrento todos os dias é ter que lidar com muitas demandas ao mesmo tempo.  E entendi desde cedo algumas coisas: primeiro que não posso ser a mesma mãe para todos (já falei disso aqui). E já que sou apenas uma preciso saber “ler” aquele que precisa mais de mim naquele momento.
Tenho exercitado um pouco uma ferramenta valiosa que quero passar para vocês: em vez de responder de maneira imediata a uma situação, paro, respiro, sinto e penso antes de falar ou de agir. Parece ser complicado no início, mas é como um treino, em que aprendemos a cada dia e que se torna ainda mais valioso se levarmos em conta que estamos sempre com pressa, somos impulsivos, ansiosos e quando percebemos já falamos ou fizemos algo que não foi adequado.
Voltando à Carol, enquanto ela chorava e Nanda comemorava a nota boa eu colocava Bia, a caçula, na cadeirinha. De lá sairia para buscar os outros dois meninos. Foi quando parei, respirei e pensei o que poderia falar e como poderia fazer desse momento uma lição para todas elas.

O momento em que as crianças estão no carro é ótimo para entender como está cada filho (Foto: Reprodução Instagram)

O momento em que as crianças estão no carro é ótimo para entender como está cada filho (Foto: Reprodução Instagram)

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Perguntei à Carol o que aquela nota de matemática baixa me dizia sobre ela. “Que eu preciso estudar mais?” Insisti. Queria que ela entendesse que aquela nota não resumia a menina maravilhosa que ela é. Perguntei de várias maneiras o que aquela nota representava sobre ela. Até que ela me respondeu com uma pergunta: “nada?”
Exatamente, respondi. “Nada!” Deixei bem claro que aquelas métricas significavam que ela teria quer estudar mais, mas não diziam nada sobre aquela criança incrível, inteligente, criativa, generosa que eu tinha. Mostrei à ela que a menina que tinha entrado no carro de manhã era a mesma que estava ali agora. Entendido isso eu quis reforçar a ideia de que ela tem desejo de ser veterinária e para isso ela vai precisar seguir um caminho e estudar muito realizar seu sonho.
Parabenizei também o esforço de Nanda, que foi bem na prova. E só então fiquei sabendo que a Duda também tinha ido bem em tudo, menos em matemática. Percebam que minha atitude vem da minha ideia de amor incondicional.  Eu não amo meus filhos se as notas forem boas, se o comportamento for adequado, se fizerem como eu peço.  Eu os aceito e os amo como eles são. Só que como mãe preciso guiá-los todos os dias a viverem em sociedade. Então determino regras e as explico e aplico.  Eu preciso estar ali, perto, acolhendo, explicando o mundo e respeitando as diferenças.

As "Marias": uma tem o comportamento diferente da outra (Foto: Reprodução Instagram)

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Entendam que amar incondicionalmente não quer dizer que não vou me estressar ou não vou errar ou mesmo que é leve ou fácil. Quer dizer apenas que escolhi amar, aceitar e enfrentar, o que é para mim, um dos maiores e mais lindos desafios da vida! E lembrando que quando falo de amor incondicional falo de amor a mim mesma também. Aliás, fica aqui a pergunta: você tem se olhado sem julgamento, com aceitação e paciência? Já pensou nisso? Para cuidar do outro, precisamos cuidar de nós mesmos. Nossos filhos também precisam disso. Aproveite o momento junto a eles, mesmo que seja dentro do carro na volta da escola, para aprimorar o amor próprio e o conhecimento sobre seus filhos.

Julyana Mendes (Foto: Arquivo Pessoal)

Julyana Mendes (Foto: Arquivo Pessoal)

Julyana Mendes, engenheira-civil e mãe de Pedro Henrique, 23, Luís Felipe, 14, João Eduardo, 11, Maria Eduarda, 9, Maria Carolina, 9, Maria Fernanda, 9, e Maria Beatriz, 3. Autora do perfil Mãe de Sete, no Instagram, onde compartilha sua rotina como mulher, profissional e mãe de muitos.