• Paola Lobo
Atualizado em
Incubadora  (Foto: Arquivo Pessoal)

Quando nos tornamos mães, não temos ideia dos desafios que a vida nos reserva, mas guardamos dentro do peito a chave para vencê-los: o amor incondicional. Quando passamos por uma situação imprevista, tiramos uma força sabe lá de onde. Ou melhor, sei sim: do coração. Só o amor é capaz de explicar tamanha dedicação.

Quando frequentei a UTI neonatal, me emocionava a cada momento com o incansável amor de mãe, ao conhecer as histórias das minhas vizinhas de leito. Muitas moravam em outras cidades e viajavam horas para estar ali incansavelmente ao lado do filho. Outras, cujos filhos já estavam internados há meses, com poucos sinais de melhoras, aos quais se apegavam com uma imensa esperança. Todas vendo seus corações batendo ali dentro da incubadora. Nenhuma reclamava de absolutamente nada. Era um estado de gratidão pura por cada pequena vitória.

Nos 13 dias em que meus trigêmeos ficaram internados, celebrava a cada segundo as bênçãos que recebia: a saída da sonda, a retirada do respirador, a passagem da incubadora para o bercinho, o primeiro colo de cada um, a primeira sucção (eles não sabiam sequer mamar) e o grande dia de ir para casa. Só conseguia dizer: obrigada, obrigada, obrigada.

Depois, novo aprendizado: o caçula precisou de fisioterapia, por causa de um atraso motor. Aos três meses de vida, lá fomos nós novamente para mais um desafio, sempre com muito amor. Pela manhã, deixava os outros dois bebês em casa com o pai para levar o mais novinho para sua missão: sustentar o próprio pescoço. E na sala de espera, novo aprendizado com as mães lutadoras da fisioterapia, muitas levando no colo filhos já grandes, para quem um passo é uma vitória imensa. Novamente, não vi ninguém ali reclamando e sim agradecendo pela oportunidade de poder estar ali, cuidando do seu grande amor.

Recentemente, voltamos a frequentar os corredores do mesmo hospital, desta vez para ir à fono, por causa do atraso na fala dos meus dois rapazinhos. E lá fomos nós de novo. Encontrei outras mães passando pelas mais delicadas experiências, celebrando cada pequena grande vitória. Mulheres incríveis, fortes, confiantes. Não era um sacrifício estar ali, afinal, nós, mães, viemos ao mundo pra isso: para dar todo o amor e suporte para nossas crias!

Nas situações mais difíceis, a gente aprende o real sentido da vida: de que precisamos ser humildes, amar a cada minuto, comemorar cada vitória. De que é um imenso prazer cuidar dos nossos filhos. De que essa missão maravilhosa não é um fardo, mas sim uma dádiva.

Hoje, ao sair do hospital, encontrei uma grávida de gêmeos que estava emocionada e tensa com o desenvolvimento dos bebês e com o possível parto prematuro. Ela não conteve as lágrimas. Me vi naquela moça, exatamente há dois anos e meio. Me deu vontade de abraçá-la. Mais uma vida sendo transformada pela maternidade. Transformada para melhor. Não tenho dúvidas de que cada segundo vale à pena.

Paola Lobo (Foto: Arquivo Pessoal/ Paola Lobo)


PAOLA LOBO é jornalista, autora do blog Mãe Pirada e mãe da Rafaela, de 10 anos. Quando tentou o segundo filho, engravidou dos trigêmeos Gabriela, Vitor e Guilherme, de 2 anos. Aqui, ela vai contar como é sua louca rotina com quatro crianças. Quer escrever para ela? Mande para: [email protected].