• Sabrina Ongaratto
Atualizado em
Criança doente na cama (Foto: Thinkstock)

Quais são os riscos da hipotermia? (Foto: Thinkstock)

O terror das mães, geralmente, é a febre. Basta o indicador do termômetro começar a subir para já dar um banho morninho ou administrar um antitérmico. Mas e quando o que acontece é totalmente o oposto? Você saberia o que fazer? A pedagoga Carolina Camillo, 32, levou um susto na última madrugada quando o filho Martín, de 1 ano e 10 meses, ficou completamente gelado!

Ela conta que o pequeno vinha com um quadro de febre há cerca de três dias. "Sempre com 38°C, às vezes 38,5°C. Ontem à noite, percebi que ele estava esquentando. Quando medi a febre, ele estava com 38,3°C e não pensei duas vezes, fui prontamente pegar o antitérmico. Dei uma gota por quilo, conforme orientação médica, e fiquei aguardando. Cerca de três horas depois, acordei com ele gelado e suado. Peito, pescoço e braço, principalmente. Quando medi, deu 34°C", diz.

A mãe diz que pediu ajuda em um grupo de mães nas redes sociais. "Meu filho está com 34ºC, suado e gelado, estou em pânico. O que eu faço?", escreveu Carolina. Conforme foi recebendo orientações, ela foi testando. "Agasalhei, dei leite quente e nada de subir. Quanto mais ele suava mais esfriava. Até que coloquei uma touca quente na cabecinha dele e fiz uma bandana com uma mantinha fina por todo o corpo. Foram seis longas horas até, de fato, ele voltar a temperatura normal, de 36°C", lembra. "Não levei ele ao pronto socorro, acho que foi um risco e não sei se arriscaria novamente. Foi a pior madrugada da minha vida", lamenta.

O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE HIPOTERMIA

Segundo o pediatra e neonatologista Nelson Douglas Ejzenbaum, da Sociedade Brasileira de Pediatria e Academia Americana de Pediatria, a temperatura normal do corpo de uma criança varia de 36 a 37,7°C. "Temperaturas de 35°C ou menos já configura a chamada hipotermia. A mais frequente é a leve, com temperaturas entre 33°C e 35°C. Abaixo disso, ainda tem a moderada e grave", explica.

As causas são variadas. "Pode acontecer por causa da superdosagem ou ainda reação a algum componente de medicamentos como antinflamatórios, analgésicos e até descongestionantes. Também é comum quando a pessoa é colocada em temperaturas extremas", diz. Diante dessa situação, o especialista explica que o corpo reage tentando aumentar a temperatura corpórea. "É comum que a pessoa apresentar tremor, contração, movimentação, aumento da frequencia cardíaca, sudorese, alteração de comportamento, choro e até confusão mental. Tudo na tentativa de tentar poupar energia de outros lugares", completa.

O QUE FAZER?

A recomendação, segundo o pediatra, é aquecer o corpo da criança. "Agasalhe bem, seja com cobertor ou casaco. Oferecer bebidas mornas, como chá ou leite, também ajuda. "Essas medidas costumam resolver, na maioria dos casos", explica. "Não costumo prescrever banhos, pois a mudança de temperatura pode piorar a situação", alerta.

Segundo o médico, depois disso, os pais devem ficar atentos ao termômetro. "Se em uma, no máximo duas horas, a temperatura não se elevar, leve a criança ao Pronto Socorro. A temperatura não precisa subir rapidamente, mas tem que apresentar elevação. Seis horas é muito tempo", alertou. "A hipotermia é perigosa. Deixar a criança muito tempo nessa condição pode levar a convulsões, parada cardíaca e até a morte", finaliza.

CURIOSIDADE

A hipotermia não é de todo ruim! Em alguns casos, ela pode até salvar a vida de uma criança. Quando um bebê nasce com anoxia neonatal - que é a ausência de oxigênio nas células do recém-nascido -, os médicos realizam uma hipotermia induzida, sob condições controladas. Nesse caso, é possível poupar o cérebro, impedindo lesões cerebrais e dificultando convulsões. É um procedimento bastante frequente em UTIs.