• Sabrina Ongaratto
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Diálogo é sempre a melhor saída para evitar conflitos (Foto: Thinkstock)

Diálogo é sempre a melhor saída para evitar conflitos (Foto: Thinkstock)

A palavra "sogra" representa muito mais do que apenas “mãe do cônjuge”, como traduz o dicionário. O sentido pejorativo de alguém perverso é tão popular que elas são alvos de piadas maldosas por todo o canto do mundo. A cultura é tão antiga que é até difícil explicar como e quando começou.

O fato é que, infelizmente, é comum encontrar relacionamentos “tensos” entre noras e sogras, principalmente após a chegada dos netos. Segundo Ana Cristina Barros Fróes, presidente da Associação de Terapia Familiar do Rio de Janeiro, muitas crianças viram filhas de avós. “Se você deixa a sogra responsável pela rotina das crianças, fica difícil ela não se meter”, explica.

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Já outras se intrometem demais. “Essa é a mais difícil. Ela é boa, quer participar de tudo, mas não tem limites”, explica. Os palpites com alimentação e educação são os que mais incomodam as mães. “Ela quer me ensinar a cuidar dos meus filhos. A cada visita, eu e meu marido brigamos por algo que ela falou. Para evitar conflitos, quase não vou lá”, desabafa Erica Rodrigues da Silva, que tem dois filhos, Erick de 4 anos e Kaick de 10 meses.

Segundo a psicóloga, o primeiro passo é fazer com que cada um entenda o seu papel. “Avó não é mãe. Ela já educou a filha e o filho. Agora, ela vai ser uma colaboradora. Não pode ser educadora. Caso contrário, tira a responsabilidade dos pais”, explicou. “Quem costuma tomar conta dos netos é chamada de co-participadora e tem um papel importante. Mesmo assim, precisa respeitar a visão dos pais”, diz.

NORA E SOGRA: COMO TER UM BOM RELACIONAMENTO

Não existe um manual de como se dar bem, afinal, cada pessoa ou família tem suas particularidades. No entanto, algumas dicas podem ajudar a evitar conflitos e tornar a convivência mais harmônica.

Mariana Carvalho tem uma filha de 3 anos e está grávida de 7 meses. Ela contou que as conversas com a sogra se restringem ao necessário. Mas e o marido, como fica nessa história? “Meu marido não se mete muito, só pede para evitar confusão porque ele não quer se zangar com ela , nem comigo”, conta.

Quanto a isso, Ana Cristina explica que o companheiro precisa se posicionar e estar presente nos conflitos. “Ele deve ser uma espécie de mediador, pois tem as duas relações fortes”, orientou. “Ainda na gravidez, é interessante combinar algumas coisas. Só que essa conversa tem de ser sempre a três: pai, mãe e avó”, explica.

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Segundo a psicóloga, os três primeiros meses são de muito aprendizado para os pais, e essa mudança abrupta, onde todo mundo quer ajudar ou, em outros casos, falta ajuda, causa sobrecarga. Para buscar o equilíbrio, a melhor saída é sempre o diálogo.

“Eu e minha sogra não nos dávamos muito bem. Depois que tive minha filha, ela melhorou muito! Hoje me ajuda bastante. Estou satisfeita e feliz. Tudo é questão de conversa, ser mais compreensiva e amiga”, diz Andreza Costa, mãe da Helena, 10 meses.

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Outra dica é estabelecer uma rotina da casa com horários pré-definidos. “Informe isso às visitas, incluindo os integrantes da família. Faz parte da lei da boa convivência. A rotina vai colocando todo mundo na mesma sintonia”, conclui Ana Cristina.

UMA HISTÓRIA COM FINAL FELIZ

No entanto, quando o clima de conflito já estiver instalado, é recomendável parar e refletir. Dependendo da situação, até mesmo buscar a orientação de um profissional. Karen Guedes contou que os conflitos com a sogra começaram depois do nascimento do filho, Gael, hoje com 1 ano e 7 meses. “Ela ficou de cuidar do meu bebê quando acabasse a licença-maternidade e depois mudou de ideia, então, brigamos. Meu marido, por sua vez, brigou comigo e nós três fomos parar até no psicólogo. Quase me separei", conta Karen.

"Gostaríamos que os netos fossem criados da mesma maneira que nós fomos. Isso chega a ser uma invasão, mas eu nunca criticava. Quando não concordava, eu ficava ressentida, calada e me afastava. Eu estava ficando literalmente doente. Por causa do medo de invadir, me fechei", explica Silvia Vella Ponce, sogra de Karen.

A relação só começou a mudar após um bom diálogo. "Ela me pediu transparência e me deu total liberdade para falar", contou Silvia. "Depois de quase dois anos, estamos todos bem e felizes. Ela ajuda muito aqui em casa. É importante me colocar no lugar dela e parar de achar que elas sempre têm uma segunda intenção em tudo”, diz Karen.

O diálogo e a transparência aproximaram Karen e Silvia  (Foto: Arquivo pessoal)

O diálogo e a transparência aproximaram Karen e Silvia (Foto: Arquivo pessoal)

A dica de Silvia para outras sogras e noras é conversar, mas sempre com muito respeito. "Nós, que somos mais experientes, temos que entender os mais jovens. Cabe a nós não ficarmos questionando tanto e tentarmos entender a postura delas. É só olhar pra trás e ver que a gente já foi igual", diz ela. "Agora, tenho duas noras e a cada dia aprendo mais com elas. Eu sofria muito. Hoje estou serena e tranquila", completa.

Mas não são só histórias de conflitos. A relação de Patricia Costa com a sogra, Maria Aparecida, é como de mãe e filha. Elas se dão tão bem que Patricia fez uma homenagem ao colocar o nome da filha de Maria Valentina, hoje com 6 anos. “Ela sempre fala de como era antigamente e de como as mulheres se protegiam e se cuidavam. Em especial durante a gestação, onde a ‘tribo’ acolhia aquele novo ser. É uma avó presente, que ensina valores, arte e música”, contou orgulhosa.

MAIS DICAS PARA MANTER UMA BOA CONVIVÊNCIA

• Antes de partir para um diálogo a três, converse com seu companheiro. Fale sobre tudo o que a incomoda. Casais que possuem uma aliança funcional, de cooperação e apoio, tendem a ter um melhor relacionamento com as avós.

• Evite radicalismos. Para dar certo, os dois lados precisam ceder. Se você não quer que o seu filho coma doce e a avó insiste em fazer um bolinho, que tal propor a substituição do açúcar refinado pelo mascavo? Use sempre o bom senso!

• Não esqueça que a sogra é a mãe do seu marido. Por isso, evite falar mal e trate sempre com educação.

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