• Ana Paula Pontes e Thaís Ferreira
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esperma_óvulo_espermatozoide_concepção_fecundação (Foto: Thinkstock)

Parece que congelar os óvulos está na moda. Afinal, se é possível adiar a maternidade enquanto você procura o marido ideal ou se dedica à carreira, por que não? Na teoria, até pode parecer uma decisão simples, mas é preciso saber que não é bem assim. Há risco na retirada dos óvulos (sim, é uma cirurgia), além da possibilidade de a fertilização dar errado. O procedimento ainda é novo, tem menos de vinte anos, e aqui no Brasil o primeiro bebê nasceu apenas em 2002. Para ajudar você a entender tudo isso, explicamos como é feito e para quem é indicado o congelamento dos óvulos.

Para quais mulheres o congelamento de óvulos é indicado?
Para as que desejam preservar sua fertilidade por causa de algum problema de saúde que comprometa o seu desejo de ser mãe. Seja porque terá de passar por tratamentos contra o câncer, como quimioterapia, por existir histórico de menopausa precoce na família ou ainda porque terá de retirar um ovário, o que pode levar a uma menor reserva de óvulos.

Mas o congelamento também tem sido usado por quem deseja adiar a maternidade. Há algum risco?
De fato, cada vez mais o congelamento é usado com essa função social. É preciso lembrar, porém, que, mesmo que a mulher decida engravidar aos 40 anos, por exemplo, com óvulos congelados aos 32, sua gravidez será compatível com sua idade ao engravidar. Ou seja, terá mais chance de diagnosticar pressão alta ou de diabetes gestacional. Por outro lado, como a saúde dos óvulos está ligada à idade da mulher no momento da retirada, há menos riscos de o bebê ter doenças como a síndrome de Down. Ainda assim, tudo vai depender também da carga genética da mãe, que independe da idade.

Há uma idade mínima ou máxima para o congelamento dos óvulos?
Não há idade mínima para o congelamento. Ele pode acontecer a partir do momento em que há um amadurecimento do eixo hormonal da mulher, que pode ser aos 16, 17 anos. Mas nessa fase não há motivo para congelar, a não ser que haja algum problema de saúde. Quanto à idade máxima, o ideal é que o congelamento seja feito até 40 anos, porque a partir daí há uma queda na produção de óvulos.

Como o óvulo é congelado?
Primeiro, a mulher tem que tomar hormônios para induzir a ovulação. Eles poderão levar à produção de 15 a 20 óvulos. Depois, é feita uma punção aspirativa transvaginal para a retirada dos óvulos, em um centro cirúrgico e com anestesia. Logo após, os óvulos são levados para nitrogênio líquido a menos 196 ºC (é a técnica chamada vitrificação). O procedimento não tem cortes e dura cerca de 15 minutos. A mulher pode ser liberada após uma hora.

Quais os riscos do procedimento?
Os riscos são da anestesia, como em qualquer cirurgia, e, em casos raros, síndrome de hiperestimulação, em que os ovários respondem de forma exacerbada aos hormônios aplicados, produzindo uma quantidade de óvulos muito maior do que a esperada. Os sintomas dessa condição incluem dor abdominal, náusea e inchaço.

Por quanto tempo os óvulos podem ficar congelados?
O consenso atualmente é de que o tempo é indeterminado e os óvulos não perdem a qualidade. No mundo, já nasceram bebês saudáveis de óvulos congelados há 15 anos.

Qual o procedimento quando a mulher decidir engravidar com os óvulos congelados?
Depois de feito o descongelamento, a mulher vai passar pela fertilização in vitro. Ou seja, é colhido o sêmen do companheiro e feita a injeção do esperma dentro do óvulo maduro. Formam-se os embriões em laboratório, que devem evoluir por três dias e, depois, são escolhidos aqueles de melhor qualidade para serem transferidos para a mulher. A chance de gravidez fica em torno de 40%, a mesma da fertilização com óvulos frescos. Entre os problemas que podem acontecer estão a não sobrevivência do óvulo após ser descongelado e a não fertilização do embrião.

Crianças nascidas a partir de óvulos congelados podem ter algum problema no futuro?
Não, a incidência de anomalias é a mesma que ocorre em gestações tradicionais.

Quanto custa o congelamento dos óvulos?
O procedimento de indução e punção fica entre R$12 e R$17 mil.

Fontes: Emerson Bachi, ginecologista e obstetra especialista em reprodução humana do Hospital São Luiz (SP); Eduardo Motta, diretor da Clínica Huntington – Medicina Reprodutiva; Rodrigo da Rosa Filho, ginecologista, obstetra e diretor da clínica de reprodução humana Mater Prime.

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