• Sabrina Ongaratto
Atualizado em
Vasectomia está crescendo no Brasil (Foto: Getty)

Vasectomia está crescendo no Brasil (Foto: Getty)

Os casais brasileiros estão tendo cada vez menos filhos. A média atual está em 1,77 por mulher, mas até 2060, segundo o IBGE, deve cair para 1,66. E para garantir que a família não cresça de forma inesperada, homens e mulheres têm recorrdo a procedimentos cirúrgicos. Prova disso, são os dados do Sistema Único de Saúde (SUS), que mostram que o número de vasectomias no Brasil cresceu mais de 300% em 16 anos. Passou de 7,7 mil em 2001 para  homens optaram pelo método. Em 2017, esse número saltou para 34 mil em 2017.

A vasectomia, segundo o urologista Alex Meller, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e membro do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein (SP), o procedimento é realmente eficaz — por volta de 98 a 99%. Mas antes de tomar a decisão, é fundamental estar certo de que não quer mais filhos. O especialista afirma que estar em relacionamento estável e não ser muito jovem também é importante. "Tudo isso ajuda a diminuir o risco de arrependimento e da necessidade de reversão da vasectomia, que é um procedimento caro e complexo", afirma.

COMO É FEITA A VASECTOMIA?

Como é feita a vasectomia? (Foto: Photo by rawpixel.com from Pexels)

Como é feita a vasectomia? (Foto: Photo by rawpixel.com from Pexels)

O primeiro passo é buscar um urologista. Durante a consulta, é feita uma entrevista e o especialista passa todas as orientações ao paciente. Caso ele nunca tenha feito algum procedimento anterior, o médico deve pedir um coagulograma — conjunto de exames para detectar alterações no tempo de coagulação do sangue.

Na prática, a cirurgia é simples. Se tudo transcorrer normalmente, dura cerca de 40 minutos. "O espermatozoide produzido no testículo é conduzido até a uretra por um canal chamado 'ducto deferente'. Então, realizamos uma incisão na pele, fazemos a secção completa do ducto e amarramos seus cotos. Isso impede a passagem do espermatozoide tornando o sêmen estéril", diz. "Com isso, os espermatozoides ficarão retidos no ducto deferente e no epidídimo, sendo absorvidos pelo organismo após 90 dias", completa.

A RECUPERAÇÃO
Após a cirurgia, normalmente o paciente fica um dia internado. Depois, é fundamental fazer repouso por uma semana e aguardar um mês para retornar a atividade sexual. Para saber se o procedimento realmente deu certo, é realizado um controle com um exame de espemograma de 60 a 90 dias depois da cirurgia. Uma das maiores preocupações dos homens após o procedimento é com o desempenho sexual, mas o especialista afirma que a cirurgia é segura quanto a isso. "As causas que interferem na potência masculina podem ser orgânicas ou psicogênicas. As orgânicas são doenças que trazem dificuldade de vascularização e irrigação do pênis para fazer a ereção, como diabetes, hipertensão, algumas doenças neurológicas, o uso de algumas medicações, sedentarismo, tabagismo, alto colesterol, etc", explica.

DÁ PARA REVERTER A VASECTOMIA?
Em caso de arrependimento, é possível fazer a reversão, mas segundo o especialista, o processo é caro e complexo. "Abordamos o ducto na mesma região onde ele foi cortado e seccionamos os pontos. Então, realizamos uma anastomose para alinhar o ducto e permitir que os espermatozoides voltem a passar pelo ducto. Como esse ducto é muito fino, usamos um fio mais fino que um fio de cabelo e o auxílio do microscópio para realizar os pontos com precisão e segurança", conta.

No entanto, após a reversão há o risco de o homem ter dificuldade para ter filhos. De acordo com o especialitsta, isso depende, principalmente, do tempo que se passou entre a vasectomia e a reversão. "Após 3 anos, vai ficando mais difícil. A chance de reestabelecer a passagem dos espermatozoides pelo canal bloqueado pela vasectomia é por volta de 90% até 5 anos, 10 anos por volta de 60 a 70% e 15 anos até 50%", alerta.

VASECOTMIA PELO SUS, É POSSÍVEL?

A vasectomia também pode ser realizada por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). O médico explica que, nesse caso, o paciente deve ir até uma unidade de saúde. Lá, ele responde a um questionário e passa por uma primeira avaliação. Depois disso, é preciso cumprir um prazo de 60 dias para reflexão, já que é um processo de esterilização.

Após esse período, ele é encaminhado para um especialista que orienta quanto aos exames pré-operatórios e, posteriormente, sobre a cirurgia. "Vale salientar que há todo um trâmite burocrático que varia de cidade para cidade. Se casado, precisa do consentimento da esposa. Mas, em geral, o homem deve ter mais de 25 anos e no mínimo dois filhos. Lembrando que o SUS não realiza a reversão", finaliza.

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