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A jornalista britânica Sophie Beresiner, de Londres, na Inglaterra, nunca imaginou que sua jornada para aumentar a família seria tão difícil. Os problemas começaram quando em 2010, aos 30 anos, ela descobriu um câncer de mama. “Ainda fico surpresa quando me dou conta que os médicos simplesmente esqueceram de me dizer que congelar óvulos era uma opção”, disse Sophie ao Daily Mail.

Sophie com a filha nos braços (Foto: Arquivo pessoal)

Sophie com a filha nos braços (Foto: Arquivo pessoal)

Depois da quimioterapia, os ovários de Sophie pararam de funcionar. “Anos depois do tratamento, quando decidi tentar ter um bebê, fomos para clínicas na Russia, onde a diferença de legislação faz com que existam mais doadoras de óvulos no Reino Unido. Lá, tentei engravidar com o esperma do meu parceiro e o óvulo de uma doadora. Tentamos implantar embriões no meu útero em cinco ocasiões, mas nenhuma deu certo”, conta Sophie.

Quando soube que Sophie estava passando por tratamentos de fertilização in vitro, o oncologista da britânica pediu que ela interrompesse as tentativas, pois os hormônios aumentavam o risco de retorno do câncer. “Foi muito difícil porque eu queria viver essa experiência de engravidar, mas decidimos procurar uma barriga de aluguel nos Estados Unidos já que não havia outra opção”, disse Sophie ao tabloide britânico.

O casal encontrou uma agência especializada no serviço e uma mulher chamada Melissa aceitou gestar o bebê por uma taxa de R$300 mil. Junto às consultas e outros gastos durante os nove meses, o custo total estimado seria de R$ 670 mil. “Antes da implantação do primeiro embrião, a Melissa teve problemas de saúde como um cisto no ovário e líquido no útero. Ela já estava tomando os hormônios necessários no tratamento e nós bancávamos todas as viagens que ela precisava fazer para a clínica que escolhemos em Miami, pois Melissa era de Chicago. Passaram-se alguns meses e nosso relacionamento foi piorando. Ela começou a alegar gastos para os quais não tinha recibo, como trajetos de táxi custando R$750 e gastos de R$2500 com babá para seus filhos, durante uma viagem de um dia que ela fez para exames. Tudo isso antes que o embrião tivesse sido implantado”, afirmou Sophie.

No dia em que a transferência do embrião deveria ocorrer, o médico americano enviou uma mensagem para Sophie e o marido dizendo que os exames, que custaram cerca de R$15 mil, haviam apontado que Melissa continuava com problemas no útero e no ovário e que ela não seria uma barriga de aluguel adequada. “Chorei muito e mandei uma mensagem para Melissa falando para ela não se preocupar e cuidar de sua saúde. Ela nunca me respondeu. Só conhecemos histórias de famosos que recorreram a barriga de aluguel e deu certo, mas pode ser uma experiência agonizante e ninguém te prepara para ela. Mesmo assim, apesar de estarmos em grande dificuldade financeira, decidimos tentar de novo, com outra mulher americana. Minha vontade de ser mães era maior que tudo”, disse.

Para as novas tentativas, três embriões com o esperma do companheiro de Melissa e os óvulos de uma doadora foram produzidos. A nova mulher que se dispôs a gestar o bebê do casal se chamava Lydia, mas as duas primeiras tentativas de implantação deram errado. “Antes da terceira e última tentativa, Lydia me liga e diz que está se divorciando e que não poderá mais ser nossa barriga de aluguel porque o stress diminui as chances de sucesso. Perdi todas as esperanças. Estava quebrada emocionalmente e já havia gastado mais de R$1 milhão para ter um bebê, sem sucesso”, conta Sophie.

Foi então que Sophie recebeu o e-mail de Rebecca, uma mulher que também morava em Londres. Assim como no Brasil, a legislação da Inglaterra não permite que as mulheres que aceitam ser barriga de aluguel tenham ganhos financeiros com a prática, então a motivação precisa ser altruísta. “A Rebecca acompanhava meu blog em que eu falava sobre a minha dificuldade para ter um bebê e se voluntariou para nos ajudar. Nosso último embrião foi transferido para o útero dela em agosto de 2019 e deu certo", disse Sophie. "Hoje, com 41 anos, finalmente posso segurar minha filha nos braços graças a bondade dela. Estamos em contato com uma ONG de gestação de substituição aqui do Reino Unido para tentar ter um segundo bebê. Toda essa jornada me fez pensar muito sobre o que pode acontecer quando você acrescenta questões financeiras a um processo como esse. Mas, hoje em dia, faria tudo de novo, pois foi esse caminho tortuoso que me levou à minha filha”.