• Depoimento a Maria Clara Vieira
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Fabiana (Foto: Helder Tavares/Ed. Globo)

Fabiana e os filhos (Foto: Helder Tavares/Ed. Globo)

“Eu escolhi chamar minha bebê de Valentina Vitória porque quando fui dar à luz, os médicos diziam que ela precisaria ir para a UTI, que teria que receber oxigênio. Estavam até com medo de fazer o parto, porque não havia vaga na UTI pediátrica. Mas ela nasceu muito bem, não precisou de nada disso. Eu achei minha bebê uma vitoriosa e quis dar um nome forte. Ela é minha quinta filha. Também tenho o Matheus, 17 anos, o Breno, 13, a Maria Eduarda, 8, e a Ana Julia, 3. A Valentina tem microcefalia e a Ana Julia tem macrocefalia [condição em que a cabeça da criança é maior do que o esperado para a idade] e uma síndrome rara que os médicos ainda não sabem qual é, mas ela anda, fala e vai à escola. Minha caçula, além da malformação do cérebro, nasceu com pé torto congênito e tem muitas convulsões. Os médicos receitaram remédios para tentar controlar. Só não estou conseguindo pegar de graça, porque dizem que não têm esses medicamentos na farmácia popular, então eu compro. Os exames da visão e da audição mostraram que ela enxerga e ouve bem. Ela até dança quando escuta música, levanta as mãozinhas e as perninhas. Parece que música acalma minha filha. Já era para a Valentina estar com o pescoço mais firme, mas ela teve que parar a fisioterapia porque ficou um tempo internada. Como engasgava muito enquanto mamava, ela precisou fazer uma cirurgia para colocar uma sonda provisória na barriga. Agora ela se alimenta só assim. Estamos aguardando uma nova operação para colocar o tipo certo de sonda que ela precisa. Os meus exames deram negativo para as doenças que causam microcefalia. O exame do cordão umbilical não apontou o zika. Mas os médicos explicaram que o vírus pode ter sumido do cordão, então não descartam a possibilidade de ter sido essa a causa. Eu tive todos os sintomas durante a gestação: pintinhas no corpo, febre, tontura, dor de cabeça. Até fui para o hospital, mas a zika ainda não estava conhecida. Antes eu fazia faxina, passava roupa. Mas, agora, preciso acompanhá-la nos tratamentos. Vivemos com o benefício social que consegui para a minha filha. O pai foi embora. Os médicos disseram que podemos melhorar o desenvolvimento dela fazendo os exercícios da fisioterapia em casa também. Todos os irmãos ajudam e entram no clima. Eles amam muito a Valentina”.
Fabiane Lopes, 32 anos, dona de casa, mãe de Valentina Vitória, nascida em Duque de Caxias (RJ) em dezembro de 2015.

fabiane (Foto: Helder Tavares/Ed. Globo)

A casa onde a família vive, em Duque de Caxias (RJ) (Foto: Helder Tavares/Ed. Globo)