• Malu Echeverria
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Por uma infância saudável 1 (Foto: Annie Engel)

Lucas, 4 Anos, costumava chegar do colégio sempre limpo. A mãe, que andava descontente com a instituição, achou que esse era mais um sinal para trocá-la, no ano passado. Hoje, o menino, que estuda em período integral, volta para casa imundo e exausto, o que prova que está movimentando mais o corpo e gastando energia. “Costuma até tirar um cochilo antes do jantar”, conta, satisfeita, a mãe, a funcionária pública Adevanir Tiago, 47 Anos. Lucas também aprendeu a comer de tudo e sozinho, segundo ela, graças à influência dos novos colegas e dos professores. Mas não foi um aprendizado apenas para menino – ela também soube tirar proveito das lições de nutrição. “Confesso que acabava dando a comida na boca dele, para ganhar tempo e evitar bagunça, prática que também era adotada onde ele estudava anteriormente. agora, sei que devo deixá-lo à vontade e, por causa disso, ele se alimenta melhor”, afirma.

Assim como Adevanir, muitas famílias contam com os profissionais de educação para ajudar a implementar hábitos saudáveis na rotina dos filhos – da alimentação à prática de exercícios. Pudera! Atualmente, muitas crianças passam o dia na escola: A expansão do ensino integral no país, segundo o último Censo Escolar da Educação Básica, deu um salto de 45% no último ano, em relação ao ano anterior. Por isso, é naturalmente maior o número de refeições que os alunos fazem no colégio – o que redobra a importância de oferecer Alimentos saudáveis.

O especialista em ciências do movimento humano Rafael Braga, da PUC-PR, chama a atenção para outro aspecto. “Em função da crescente violência, as crianças têm, hoje, menos espaço para brincar, já que não é seguro ficar na rua. Nesse contexto, cabe à escola oferecer oportunidades para elas se desenvolverem plenamente.” Mas, na prática, o que pais e educadores podem fazer para ter um resultado inda melhor na saúde das crianças e evitar problemas como a obesidade? Descubra a seguir.

1, 2, 3 E... JÁ!

Muitos educadores afirmam, categoricamente, que as aulas de educação física são tão importantes quanto as de matemática. E eles não estão exagerando. A criança reconhece e explora o mundo através de seu corpo, por isso, é importante que adquira consciência e controle dele, o que se dá a partir do momento em que coordena seus movimentos e é capaz de se deslocar. É assim que ela estabelece conhecimento, isto é, aprende. Essa é uma das teorias do educador francês Pierre Vayer (1921-2001), um dos pioneiros no estudo da psicomotricidade na infância. Isso quer dizer, em resumo, que A aula de educação física é tão fundamental quanto à de qualquer outra disciplina para o desenvolvimento cognitivo da criança como um todo.

Mas, segundo Braga, muitos pais e até mesmo escolas subestimam o objetivo dessas aulas, supondo que sua função seria a de “apenas” brincar. Tanto que, apesar de a educação física fazer parte do currículo do Ensino Básico (conforme A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996), somente no ano passado foi aprovado um projeto de lei que exige licenciatura para o professor que ministra A disciplina. A profissão requer tanto conhecimento pedagógico quanto científico, e exige que o profissional entenda e respeite as etapas de desenvolvimento da criança.

Em um primeiro momento, entre 2 e 7 anos, as aulas visam a evolução e a melhora dos movimentos fundamentais, como correr, rolar, arremessar e se equilibrar, entre outros. “Tais habilidades motoras são importantes para a aquisição de outra mais complexas, no futuro, relacionadas não apenas aos esportes, como também a diversas profissões”, explica Braga. Por exemplo, para fazer uma incisão durante uma cirurgia, a excelência no controle motor, exigida do médico, começou a ser desenvolvida bem antes, lá na infância dele.

As atividades físicas na educação infantil e no ensino fundamental, portanto, são realmente voltadas à brincadeira e, a essa altura, você já entendeu por que ela é indispensável. A finalidade não é aprender um ou outro esporte específico, mas estimular o movimento de todas as formas possíveis. A partir dos 5 anos, começam a ser introduzidas As regras, à medida que a criança consegue combinar movimentos com mais precisão e o grau de dificuldade aumenta, como explica Láercio Aparecido Bertanha, professor de educação física do Colégio Madre Alix, em São Paulo, que é especialista em treinamento desportivo pela Unifesp. Para ele, uma boa aula é aquela em que o professor brinca junto e a criança sai suada e feliz. Mas, para que isso aconteça, as práticas devem ser variadas e dinâmicas. A sugestão de Braga é que as escolas incentivem outros esportes além daqueles que alguns educadores chamam de “quarteto fantástico”, isto é, futebol, voleibol, basquete e handebol. Se não houver atividades que fujam disso, é o caso de os pais pensarem em matricular o filho em aulas extras, como natação, circo, judô, capoeira... E deixe que ele também manifeste suas preferências!

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