• Mônica Kato
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Muita gente pensa que, por estar grávida, a mulher não pode tomar vacinas – talvez porque haja medicações que realmente não são recomendadas para gestantes. No entanto, no caso dos imunizantes, há alguns deles que não só podem, como devem, entrar nos planos da mulher grávida. Aliás, o ideal é que isso seja feito antes mesmo de ela engravidar. “Teoricamente, quando decide ficar grávida, a paciente já deve procurar seu médico e levar a carteira de vacinação. Assim, ele irá avaliar o que está dentro da validade e o que precisa de imunização ou de reforço”, diz o ginecologista e obstetra Alexandre Pupo Nogueira, do Hospital Sírio-Libanês e do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).

Ao analisar a carteira de vacinação da paciente, o especialista pode montar um plano vacinal para atualizá-la e fazer com que ela receba todos os imunizantes necessários durante a gestação. Seria perfeito se essa checagem fosse feita como rotina, assim, a chance de a gestante estar protegida antes mesmo de conceber aumentaria.

Entretanto, recebê-las durante a gestação não é um problema, por isso, é fundamental que essa avaliação seja parte do pré-natal, caso a “candidata à maternidade” não tenha feito isso antes de engravidar. “Sabemos que a tríplice bacteriana, que protege contra difteria, tétano e coqueluche, por exemplo, deve ser refeita a cada dez anos. E que a vacina da hepatite B deve ser realizada em três doses. Se a mulher não está dentro desse esquema, então deve tomá-las”, afirma Alexandre Pupo Nogueira.

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A importância da vacinação na gravidez (Foto: Getty)

A importância da vacinação na gravidez (Foto: Getty)

Não podem faltar

Segundo Cecilia Roteli Martins, presidente da Comissão Nacional Especializada em Vacinas da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), estas são as obrigatórias – influenza, hepatite B, tríplice bacteriana e covid-19. Conheça alguns detalhes sobre elas:

Influenza (gripe): durante a campanha nacional que ocorre anualmente, em geral, em abril, ela tem grande visibilidade. “Mas é importante saber que essa vacina está disponível para gestantes e puérperas nas UBSs durante o ano todo”, alerta Cecilia Roteli Martins.

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Hepatite B: a imunização completa depende de três doses. Por isso, o médico checa na carteira de vacinação. “Se tomou as três, assunto encerrado. Se recebeu duas doses e ainda está no prazo de seis meses da última, toma a terceira. Se essas duas doses foram aplicadas há mais tempo, zera tudo e faz três doses. É possível, inclusive, completar o esquema vacinal, após o parto”, diz Alexandre Pupo Nogueira.

Tríplice bacteriana acelular: protege contra difteria, tétano e coqueluche. Para quem tem as três doses necessárias ou vacinação incompleta, faz-se uma dose de reforço a partir da 20ª semana, quando se tem a maior transferência de anticorpos para o feto, e até a 35ª semana – porque se bebê for prematuro, a transferência não acontece (se a gestante deixa para tomar após esse período). “Essa imunização é importante para proteger mãe e bebê. Até o terceiro mês do nascimento, a criança não tem o esquema vacinal completo para coqueluche, uma doença com alta taxa de mortalidade para recém-nascidos”, diz Cecilia Roteli Martins.

Covid-19: ainda não há dados muito bem definidos para uso em gestantes, mas, diante da situação de pandemia, foi liberada para uso emergencial nesse público. “Ter covid é um risco pior do qualquer evento adverso da vacba que possa ocorrer”, afirma a presidente da Comissão Nacional Especializada em Vacinas da Febrasgo. Para grávidas e puérperas, os imunizantes recomendados são CoronaVac e Pfizer. Isso porque ambas são produzidas com tecnologia que não utiliza vírus atenuados (que podem passar pela placenta e causar danos ao feto).

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Alguns alertas

Aliás, as vacinas feitas à base de vírus vivos atenuados, como a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e febre amarela não devem ser aplicadas em gestantes, justamente por causa do risco de prejuízos ao bebê. Se a mulher está planejando engravidar, o ideal é tomar esses imunizantes cerca de três meses antes de começar a tentar.

As vacinas são recursos vitais para manter a saúde em ordem, inclusive durante a gestação. “No entanto, elas são dadas a pessoas que estão saudáveis, e não para curar doenças. Por isso, às vezes pode ser difícil convencer a população a tomá-las”, diz Cecilia Roteli Martins. Assim, vale aceitar a reflexão: quem toma vacina está saudável, mas continua saudável porque toma vacina. Na gravidez, não é diferente. Por isso, se ainda não fez isso, converse com seu médico e cheque se sua carteira de vacinação está atualizada.