• Mônica Kato
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Existem algumas doenças das quais a gente ouve falar, mas conhece pouco. A hepatite é uma delas. A maioria sabe, apenas, que tem a ver com o fígado. E tem! Esse é o nome que se dá para todo tipo de inflamação nesse órgão. No entanto, ela pode apresentar diferentes causas, sendo as mais conhecidas, aquelas causadas por alguns tipos de vírus. Os principais são os da hepatite A, B e C. “As grandes diferenças estão na gravidade dos sintomas e na forma como os vírus são transmitidos”, afirma o médico pediatra Marcello Creado Pedreira, do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo (SP). A seguir, saiba mais sobre essa enfermidade.

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Contaminação em crianças

A hepatite A é transmitida pela água ou alimentos contaminados, ou ainda, pelo contato direto com pessoas contaminadas que não lavaram as mãos após irem ao banheiro, por exemplo. “Esse tipo ocorre mais em ambientes e situações com baixo nível de higiene”, diz Eitan Berezin, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP). O compartilhamento de talheres, copos ou outros objetos mal lavados com pessoas doentes também pode provocar a doença. “É a chamada transmissão fecal-oral, já que o vírus é eliminado pelo trato gastrointestinal, pelas fezes”, completa Marcello Creado Pedreira. A ingestão de alimentos crus que não foram higienizados corretamente pode ser outra fonte de contaminação.

Já as hepatites B e C são disseminadas exclusivamente pelo sangue, seja em transfusões por material contaminado, acidentes com agulhas usadas em pessoas doentes, compartilhamento de instrumentos ou agulhas durante o uso de drogas injetáveis, tatuagens ou piercings, ou nas relações sexuais. Portanto, esses tipos são mais comuns nos adultos. O mais frequente nos pequenos é o tipo A.

Saiba mais sobre hepatite e a importância da imunização infantil (Foto: Getty)

Saiba mais sobre hepatite e a importância da imunização infantil (Foto: Getty)

Consequências da doença

As mais sérias, em geral, têm a ver com as hepatites B e C. “Há sempre o risco de a doença evoluir para uma inflamação crônica, cirrose hepática e até mesmo câncer, com perdas do fígado e necessidade de transplante”, diz Pedreira. Ele ainda explica que, em geral, essas hepatites demandam tratamento com medicamentos e acompanhamento longo, por causa do risco de complicações. Para as formas mais leves, causadas pelo vírus A, o tratamento costuma ser repouso e observação, até que o vírus seja eliminado do corpo – o que pode levar meses. “Definitivamente, nenhuma família desejaria ter de passar por nada disso”, conlcui.

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Imunização infantil

“As crianças devem ser protegidas contra hepatites, porque elas são doenças primariamente graves e que podem causar problemas, como o afastamento das atividades normais, inclusive escolares, por três semanas, no caso do contágio pelo vírus A”, lembra Eitan Berezin. O infectologista alerta sobre a importância de vacinar os pequenos, seguindo o PNI – Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.

O médico Marcello Creado Pedreira lembra que, atualmente, as vacinas disponíveis contra hepatite protegem contra os vírus A e B. “Ainda não há imunizantes contra o C, assim como para outros tipos.”

Pelo PNI, Sociedade Brasileira de Pediatria e Sociedade Brasileira de Imunizações, a primeira dose da vacina contra hepatite B deve ser aplicada ainda na maternidade, logo no nascimento. Depois, deve ser seguida de mais três doses de reforço, aos 2, 4 e 6 meses de idade. Eitan Berezin alerta que, apesar de o tipo B ter maior potencial de contaminação na adolescência e idade adulta, ele pode ser transmitido no parto, caso a gestante seja portadora e não saiba. “Nesse caso, o acometimento da criança pode ser ainda mais grave, com chance de se manifestar, inclusive, muitos anos depois, já como cirrose ou câncer de fígado”, alerta. Importante saber, ainda, que o imunizante contra hepatite B faz parte da vacina combinada pentavalente, que inclui, além dessa doença, proteção contra difteria, tétano, coqueluche e meningite por Haemophilus influenzae tipo B – tudo numa picada só.

Já a vacina contra hepatite A deve ser feita aos 12 meses, com a recomendação de uma dose de reforço após seis meses. Ambas estão disponíveis no SUS (com exceção da segunda dose da hepatite A).

Um mal evitável

Para concluir, tanto a hepatite A, quanto a B podem ser prevenidas com a vacinação. No caso da B, como foi dito, isso é importantíssimo, porque ela pode se tornar uma doença crônica e evoluir para formas graves. Já a hepatite A deve ser evitada, principalmente pelo risco de transmissão para outras pessoas, e para poupar o seu filho dos efeitos prolongados que ela pode provocar, como febre, mal-estar, náuseas, vômitos, amarelamento da pele e dos olhos e dor abdominal. Se dá para driblar tudo isso, não há por que correr o risco.