• Sabrina Ongaratto, do Home Office
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A pequena Esther, de Passos, Minas Gerais, tinha apenas 1 ano quando sofreu um grave acidente doméstico. No dia 23 de setembro de 2020, ela caiu na piscina da família e acabou se afogando. Após uma parada cardiorrespiratória de 35 minutos, os médicos conseguiram reanimá-la, mas Esther foi diagnosticada com paralisia cerebral.

"Ela foi induzida ao coma e, após três dias, os médicos retiraram a sedação, mas ela nunca mais voltou. Hoje ela está em estado vegetativo persistente. Não fala, não anda, passa o dia em uma cama e, desde então, estamos nessa batalha, mas com a esperança de fazer o tratamento e trazê-la de volta", disse o pai, Muller Aparecido de Souza.

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Esther antes e depois do acidente (Foto: Reprodução/Instagram)

Esther antes e depois do acidente (Foto: Reprodução/Instagram)

Em entrevista à CRESCER, ele relembrou como foi o dia do acidente, como encontrou a filha já insconsciente em casa e a luta para arrecadar dinheiro e fazer o tratamento.

"No dia do acidente, minha esposa foi para casa com o pai dela, meu sogro, para tomar banho e dar banho na Esther, pois iríamos fazer a sessão de fotos de 1 ano dela. Eu ainda estava no trabalho, e ela me ligou pedindo para eu ir para casa me arrumar também. Eram as fotos de família, que seriam as últimas do ensaio. Minha esposa, então, foi tomar banho enquanto meu sogro ficou com Esther na varanda. Ele sentou no sofá, mas acabou pegando no sono. Esther ficou brincando na frente dele, em na piscina de bolinhas, porém, uma dessas bolinhas correu para dentro da piscina de água e ela foi atrás. Quando meu sogro acordou, ela já estava boiando na água.

Assim que a encontraram, eles me ligaram, eu parei tudo o que estava fazendo e fui correndo para casa. Quando cheguei, ela já estava deitada no chão, totalmente inconsciente, com o rosto e lábios roxos. Não sei como tive forças, mas fiz a manobra de Heimlich [técnica de primeiros socorros]. Nesse momento, ela regurgitou muito leite e água. Logo depois, chegaram o SAMU e o corpo de bombeiros e a levaram para o hospital.

Bolinha correu para piscina de água e Esther foi atrás (Foto: Reprodução/Instagram)

Bolinha correu para piscina de água e Esther foi atrás (Foto: Reprodução/Instagram)

Paralisia cerebral

Foram 15 minutos tentando reanimá-la até os médicos conseguiram. Esther foi induzida ao coma e, após três dias, retiraram a sedação, mas ela nunca mais voltou. Depois disso, foram três meses na UTI. Os médicos chegaram a desconfiar que ela estava com morte cerebral, no entanto, um exame mostrou que havia um fiozinho de sangue que ainda bombeava para o cérebro. A única que ficou intacta foi a parte traseira do cérebro, onde fica o cerebelo. É o que a mantém viva. No entanto, Esther não fala, não anda, mas responde a alguns estímulos, principalmente de toque, texturas e temperatura. Quando conversamos com ela, percebemos que ela ouve, pois mexe a cabeça ou o braço, muito pouco, mas ainda responde. Ela recebe medicações ao longo do dia e geralmente fica deitada. Às vezes, sentamos ela na cadeirinha e faz fisioterapia pelo menos três vezes por semana.

Ela não anda ou fala, mas responde a estímulos de toque (Foto: Reprodução/Instagram)

Ela não anda ou fala, mas responde a estímulos de toque (Foto: Reprodução/Instagram)

Esther está atualmente em estado vegetativo (Foto: Reprodução/Instagram)

Esther está atualmente em estado vegetativo (Foto: Reprodução/Instagram)

Tratamento com células-tronco

Pesquisando, descobrimos sobre um tratamento com células-tronco. Então, hoje, estamos nessa batalha e com a esperança de trazê-la de volta. Soubemos de casos semelhantes na Alemanha e nos Estados Unidos, onde duas crianças conseguiram se recuperar totalmente. Quando recebemos a notícia de que ela ficaria assim, provavavelmente para o resto da vida, foi muito desesperador, mas o fato de saber que outras crianças conseguiram, nos dá muita esperança. 

Porém, para fazer esse tratamento, deveríamos ter feito o congelamento e armazenamento das células-tronco ainda quando Esther nasceu. No entanto, nunca pensamos que isso poderia acontecer. Mas uma semana após nossa filha dar entrada no hospital, descobrimos que minha esposa estava grávida, então, fomos informados de que poderíamos fazer o armazenamento das células do bebê, já que a probabilidade de o irmão ser compatível com a Esther é de praticamente 100%. Então, no dia 15 de maio, meu filho nasceu e o primeiro passo já fizemos, que foi congelar essas células-tronco. Agora, ela estão armazenadas esperando o início do tratamento.

Caçula renovou esperanças com congelamento de células-tronco compatíveis (Foto: Reprodução/Instagram)

Caçula renovou esperanças com congelamento de células-tronco compatíveis (Foto: Reprodução/Instagram)

Campanha

Entramos em contato com empresas que fazem o tratamento para paralisia cerebral, mas todas ficam no exterior. Ele leva em torno de 40 dias e o custo varia de US $ 80 mil a 125 mil. Infelizmente, não temos condições financeiras para arcar com esse valor. Por isso, demos início a uma campanha para trazê-la de volta e fazê-la sorrir novamente. Temos fé que vamos conseguir realizá-lo antes dos 3 anos de idade da Esther, fase em que o cérebro ainda está em formação. Nossa esperança é de que ela volte a ter uma vida normal. Esse é o nosso sonho."

Para ajudar no tratamento de Esther, clique aqui.

Esther tinha 1 ano quando caiu na piscina e teve paralisia cerebral (Foto: Arquivo pessoal)

Esther tinha 1 ano quando caiu na piscina e teve paralisia cerebral (Foto: Arquivo pessoal)

Como evitar acidentes?

Em piscinas, o maior risco para os pequenos é o afogamento, um dos principais responsáveis por óbitos em menores que quatro anos de idade no Brasil. Esse tipo de acidente normalmente ocorre de forma silenciosa e, depois de alguns minutos de submersão, a vítima pode ficar com sequelas neurológicas graves ou até falecer, por isso, a prevenção é tão importante. A supervisão ininterrupta de um adulto é essencial e o uso de boias, em forma de colete, é recomendado para aquelas que ainda não sabem nadar ou estão aprendendo.

De acordo com o ortopedista André Andujar, do Hospital Infantil Joana de Gusmão (SC) e membro da Comissão de Ensino e Treinamento da SBOT (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia), é importante, também, conversar com as crianças sobre os perigos de fazer brincadeiras agressivas à beira da piscina e orientá-las a conferir a profundidade dos locais em que vão mergulhar. “O chamado salto em água rasa pode provocar lesões graves na coluna e até morte por afogamento”, afirma.

Há ainda o perigo de os adultos se distraírem e a criança entrar na água sozinha. Por isso, providencie cercas de pelo menos 1,5m de altura e espaço entre grades menor ou igual a 12 centímetros para a piscina, de preferência, com um portão e tranca. Brinquedos aquáticos devem ser mantidos fora da piscina se os adultos não estiverem por perto, pois tendem a atrair a garotada.

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