• Sabrina Ongaratto, do Home Office
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Acidentes são a principal causa de morte de crianças de 1 a 14 anos de idade no Brasil. Uma análise dos dados mais recentes do Datasus/ONG Criança Segura indica que em 2019, 3.165 meninos e meninas morreram e, em 2020, outras 105 mil crianças foram hospitalizadas por causas acidentais. A boa notícia é que em comparação aos anos anteriores, houve redução de 4,6% nos óbitos e 7% nas internações. 

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“A queda nos números de acidentes é algo importante, mas todos os dias, 8 crianças morrem e outras 288 são hospitalizadas por causas acidentais no Brasil. É um grande impacto na vida de tantas famílias, levando-se em conta, principalmente, que a maioria dos acidentes poderia ser evitada com medidas de proteção e maior prevenção”, destaca Erika Tonelli, coordenadora geral do Instituto Bem Cuidar, braço de conhecimento da Aldeias Infantis SOS Brasil e responsável pela continuidade do legado da ONG Criança Segura.

Todos os dias,  (Foto: Getty)

Todos os dias, 8 crianças morrem e 288 são hospitalizadas por causas acidentais no Brasil (Foto: Getty)

Acidentes na pandemia

Em 2020, 105.060 crianças de até 14 anos foram hospitalizadas em decorrência de acidentes, sendo que as maiores vítimas foram crianças de 5 a 9 anos (35,6%), seguidas dos de 10 a 14 anos (32,8%), 1 a 4 anos (26,6%) e menores de 1 ano (5%). Entre as principais causas de internação estão quedas (44%), queimaduras (19%) e trânsito (10%) – felizmente, todas apresentaram diminuição quando comparadas a 2019. No entanto, casos de intoxicação, afogamento e sufocação cresceram 8%, 7% e 6%, respectivamente. "Isso indica que precisamos intensificar as campanhas para que as famílias e profissionais estejam melhor preparados para proteção das crianças no que se refere ao ambiente doméstico, mas também ao entorno da sua comunidade", alertou a coordenadora.

"Ações simples, como dificultar o acesso aos produtos de limpeza e remédios, por exemplo; estar atento para o fato de os brinquedos ofertados terem selos do InMetro e estarem de acordo com a faixa etária indicada, e aos alimentos oferecidos, já contribuem para prevenir a sufocação. No caso de afogamento, nunca deixar vasos sanitários sem travas de segurança, bacias com água ao alcance dos pequenos. A supervisão das crianças ao brincar com água é fundamental. São alguns exemplos de cuidados para deixar as crianças em espaços mais protetores e seguros", recomendou.

“O alerta dado por organizações que trabalham pela segurança e proteção das crianças no Brasil pode ter contribuído para a adoção de medidas de prevenção por pais e responsáveis. Por outro lado, também não descartamos que os acidentes em ambientes externos tenham diminuído com o isolamento social, como no caso da queda, que reduziu 12%, ou que a ida ao hospital em casos mais leves tenha sido evitada pelo medo de contaminação pela covid-19”, avalia Erika. Ela reforça que os números positivos não devem ser justificativa para diminuir a atenção com as crianças, principalmente em relação aos acidentes que registraram alta; e, pelo contrário, a proteção e a prevenção devem ser prioridades.

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Mortes de crianças por acidentes

Em 2019, 3.165 crianças de até 14 anos de idade perderam a vida devido aos acidentes. O trânsito continua sendo a principal causa acidental de morte, representando 29% do total, seguido por afogamento (26%) e sufocação (25%). Comparando com 2018, o número de óbitos por acidentes recuou 4,6%, sendo que as maiores reduções registradas foram nos casos de intoxicação (-32,2%), armas de fogo (-15,8%), queimadura (-10,5%) e trânsito (-9,2%). Os dois tipos de acidentes que aumentaram no período foram queda (+1,9%), depois de uma redução de 15,5% entre 2017 e 2018, e sufocação (+1,3%), pelo segundo ano consecutivo (+1,8% em 2018). Em relação à faixa etária, o período da Primeira Infância (do 0 aos 4 anos) concentra a maior taxa de mortalidade por acidentes (54%).

Mais dicas de prevenção

Confira, abaixo, outras dicas de como evitar acidentes:

- Ao cozinhar, vire os cabos das panelas para o lado de dentro do fogão.
- Objetos cortantes, de vidro, fósforos e isqueiros devem ficar em gavetas e armários com travas.
- Mantenha sempre produtos de limpeza em suas embalagens originais e fora do alcance de crianças.
- Nunca deixe a criança na cozinha ou no banheiro sem a supervisão de um adulto.
- Não compre álcool líquido 70%, utilize o álcool em gel somente quando não houver água e sabão por perto e guarde-o em local seguro.
- Informe-se sobre plaanta tóxicas e evite-as dentro de casa.
- Mantenha a tampa do vaso sanitário fechada e, se possível com trava.
- Guarde medicamentos e cosméticos em armários altos. Se os armários foram baixos, tranque-os.
- Retire aparelhos elétricos da tomada após o uso.
- Prefira móveis de cantos arredondados. Em casos de móveis com quinas, cubra-os com protetores de silicone.
- Tenha cuidado ao optar por beliches. Eles devem ter grades.
- Prenda os cobertores e lençóis nos “pés” da cama.
- Posicione sofás ou cadeiras longe das janelas.
- Coloque portões ou grades no primeiro e no último degrau das escadas.
- Cerque a piscina e mantenha o portão sempre fechado. Também é válido cobrir com lona e adquirir um alarme.
- Não deixe baldes e bacias com água no chão.
- Proteja as tomadas elétricas que estão fora de uso.
- Janelas e sacadas receber redes ou grades de proteção.