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Permitir que as crianças usem o TikTok e outras plataformas similares de vídeos curtos em ritmo acelerado é como colocá-las em uma 'loja de doces' cheia de 'prazeres imediatos', alertou James Williams, pesquisador no Instituto de Computação da Universidade de Oxford (Inglaterra) e ex-estrategista de publicidade do Google em entrevista ao The Wall Street Journal. Segundo Williams, existe uma “preocupação crescente” em relação à maneira com que esse tipo de aplicativo está afetando o desenvolvimento cerebral de crianças e adolescentes.

Menina usando o celular (Foto:  Andrea Piacquadio/Pexels)

Menina usando o celular (Foto: Andrea Piacquadio/Pexels)

Williams afirma que passar muito tempo assistindo vídeos curtos de até 15 segundos está fazendo com que muitas crianças tenham dificuldade de se concentrar em tarefas cotidianas. “É como se tivéssemos feito as crianças viverem em uma loja de doces e depois lhes disséssemos para ignorar todos aqueles doces e comer um prato de legumes”, afirmou o pesquisador em entrevista ao jornal americano. “Colocamos um fluxo interminável de prazeres imediatos sem precedentes na história humana à disposição das crianças”.

Williams afirma que o principal impacto tem sido na capacidade de concentração das crianças, pois quando o cérebro se acostuma a 'mudanças constantes' - como as do mundo digital - pode ter dificuldade de manter o foco em uma tarefa, como a lição de casa, por algumas horas. A área do cérebro envolvida na capacidade de concentração é o córtex pré-frontal que só é considerado completamente maduro aos 25 anos.

O TikTok é a segunda rede social mais popular entre as crianças nos Estados Unidos, atrás apenas do YouTube, com cerca de 60% das pessoas de 12 a 15 anos entrando no aplicativo pelo menos uma vez por semana. A plataforma ganhou popularidade em 2018 por seus vídeos de formato curto, de até 15 segundos, e em 2021, superou mais de um bilhão de usuários em todo o mundo.

O TikTok atrai usuários monitorando quais vídeos eles passam mais tempo assistindo e, em seguida, mostrando conteúdos semelhantes a eles através do algoritmo. Pesquisas mostram que quando os usuários assistem a esses vídeos, áreas do cérebro também relacionadas a vícios e recompensas são ativadas, tornando mais difícil largar o aplicativo. Outros estudos apontam uma possível relação entre o uso de redes sociais e o aumento de taxas de depressão e ansiedade.

Um porta-voz do TikTok afirmou ao The Wall Street Journal que o aplicativo fez alterações recentemente para restringir o uso excessivo da plataforma por menores de idade, incluindo o bloqueio de notificações para usuários com menos de 15 anos depois das 21h e o envio regular de lembretes para que os usuário façam uma pausa.