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Colocar a criança para dormir envolve muitos cuidados, principalmente devido aos riscos de morte súbita. Recentemente, a Academia Americana de Pediatria (AAP) publicou uma atualização de suas diretrizes para tornar o sono do bebê mais seguro — a última tinha sido divulgada em 2016. Em suas novas recomendações, a instituição continua enfatizando a importância de que os pequenos sejam colocados para dormir de costas, com a barriga para cima, e em um berço perto dos pais, e reforça a orientação de não usar a cama compartilhada em nenhuma circunstância.

Segundo a entidade, nos Estados Unidos, cerca de 3,5 mil bebês morrem anualmente, devido a questões relacionadas ao sono. Os pesquisadores alertam que o número de óbitos permaneceu praticamente o mesmo desde 2000, após um declínio substancial nas mortes na década de 1990, como resultado de uma campanha educacional realizada com o intuito de orientar os pais a colocarem os filhos para dormir de costas.

Cama compartilhada (Foto: Courtney Keating / Getty Images)

Cama compartilhada (Foto: Courtney Keating / Getty Images)

“Fizemos grandes avanços no aprendizado do que mantém os bebês seguros durante o sono, mas ainda há muito trabalho a ser feito”, ressaltou Rachel Moon, pediatra da Faculdade de Medicina de Virgínia (EUA) e principal autora do comunicado e relatório técnico produzido pela AAP. “A morte de um bebê é trágica, dolorosa e muitas vezes evitável”, acrescentou.

Confira as principais recomendações da AAP:

Superfície deve ser firme e plana

Os bebês não devem dormir em superfícies inclinadas, pois isso pode aumentar as chances de asfixia. Segundo o pediatra e especialista em sono de crianças e adolescentes, Odilo Queiroz, essa recomendação é interessante, pois por muito tempo se pensava que os bebês que tinham refluxo deveriam dormir de forma mais inclinada, para evitar os riscos de broncoaspiração. “Com certeza, eles encontraram evidências de que é melhor deixar a superfície plana”, destacou o médico.

A AAP ainda alerta que as cadeirinhas, carrinhos, cadeira de balanço para os bebês e os slings não são recomendados para a rotina do sono da criança em casa, principalmente no caso dos menores de 4 meses.

Mesmo quarto, camas separadas

Um dos pontos polêmicos quando se fala de sono do bebê é a cama compartilhada. No documento, a pesquisadora Rachel Moon reconhece que muitas mães optam por dividir a cama com a criança para ajudar na amamentação ou mesmo por uma preferência cultural e crença de que seja seguro. No entanto, a pediatra enfatizou os perigos desse tipo de hábito: “A evidência é clara de que isso aumenta significativamente o risco de lesão ou morte de um bebê. É por esse motivo que a AAP não pode apoiar o compartilhamento de cama em nenhuma circunstância”.

O pediatra Odilo Queiroz concorda com a recomendação da entidade norte-americana. “Sempre temos notícias de bebês que morrem na cama compartilhada ou porque os pais adormeceram por exaustão ou o bebê engasgou mamando e a mãe estava dormindo”, explicou o especialista.

Apesar da cama compartilhada não ser indicada, isso não significa que o bebê deva ficar sozinho no seu quarto. A AAP recomenda que pais e filhos durmam no mesmo ambiente, mas não na mesma cama que o bebê — de preferência pelo menos nos primeiros seis meses. Queiroz acrescenta que é possível colocar um berço acoplado à cama, para facilitar a rotina de sono dos pais e dos pequenos.

Berço vazio!

Muitos pais ainda resistem a essa recomendação. Não é incomum encontrarmos travesseiros, colchas, mantas e protetores de berço em volta do local onde o bebê vai dormir. No entanto, segundo a AAP, esses itens devem ficar longe do berço, para evitar os riscos de sufocamento.

Queiroz afirmou que no período de frio é mais difícil convencer as famílias a não usarem mantas nos filhos. No entanto, há outras formas de aquecer os pequenos com segurança, como por exemplo, vestir a criança com roupas mais quentinhas — sem deixá-la aquecida demais — e também usar um saco de dormir que deixe as mãos dos bebês livres.

Barriga para cima

A posição mais segura para o bebê dormir é de costas, ou seja, virado de barriga para cima. Segundo Queiroz, esse assunto também ainda é controverso, pois por muito tempo se acreditava que era necessário colocar o bebê deitado de lado, para evitar a broncoaspiração. “Só que esse bebê pode virar de bruço e se sufocar”, alertou o médico.

Uso de chupeta

Em seu relatório, a Academia Americana de Pediatria associa o uso de chupeta à redução do risco de síndrome de morte súbita infantil (SMSI). No entanto, Queiroz adverte que é necessário tomar cuidado com esse tema. “Na atualização de 2022, ficou a mesma brecha para várias interpretações, na minha visão”, comentou o médico. Segundo o especialista, o que a entidade observa é estatístico. “Aquele bebê que já usa chupeta sofre menos com morte súbita. Não significa que é recomendado o uso de bicos”, pontuou.

No documento, a entidade norte-americana também aponta que, se os pais quiserem fazer o uso da chupeta, eles devem oferecê-la apenas a bebês que já estejam com a amamentação firmemente estabelecida. Vale ressaltar que o aleitamento materno também reduz o risco de SMSI relacionadas ao sono. Segundo a AAP, esse ​​efeito protetor aumenta com maior duração da alimentação com leite materno.

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