• Vanessa Lima
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Ana Carolina e Davi Lucca: ele foi parar no hospital depois de ingerir uma solução nasal (Foto: Arquivo pessoal/ Ana Carolina Oliveira)

Ana Carolina e Davi Lucca: ele foi parar no hospital depois de ingerir uma solução nasal (Foto: Arquivo pessoal/ Ana Carolina Oliveira)

Soluções para aliviar obstruções nasais são comuns e podem ser facilmente encontradas em farmácias, a preços acessíveis e sem necessidade de prescrição médica. O que a Ana Carolina Oliveira, de Belo Horizonte (MG), mãe de Davi Lucca, 2 anos, não imaginava era que um frasquinho que parecia algo tão inocente pudesse levar a um susto tão grande. “Meu filho encontrou meu soro de nariz no bolso de uma blusa e foi uma esguichada na boca, mais ou menos 10 ml”, conta. “Rapidamente, tomei da mão dele, mas já era tarde. Ele bebeu”, lembra.

A primeira atitude de Ana foi ler a bula do medicamento. No trecho que orientava sobre superdosagem, o texto dizia que os sintomas poderiam ser náusea e diarreia. “Li umas 100 vezes”, disse, em entrevista a CRESCER. Segundo a mãe, 20 minutos mais tarde, Davi deitou na cama e disse que queria dormir. “Eram 20h. Achei muito estranho”, contou ela, que ficou ainda mais preocupada. O pequeno, então, começou a suar e não conseguia mais ficar em pé. Apavorados, os pais correram para o hospital.

“Ele começou a ficar gelado e desmaiou. ‘Meu filho morreu’: era só nisso que eu pensava. Entrei em pânico no hospital, pedindo para ressuscitarem meu filho”, relata. Os pediatras do hospital, então, mediram a temperatura do garoto, que estava com 34ºC, hipotermia. A frequência cardíaca baixou para 50, o que significa risco de parada.

O pequeno teve hipotermia e diminuição da frequência cardíaca (Foto: Arquivo pessoal/ Ana Carolina Oliveira)

O pequeno teve hipotermia e diminuição da frequência cardíaca (Foto: Arquivo pessoal/ Ana Carolina Oliveira)

Os médicos, então, levaram Davi para o Centro de Tratamento Intensivo. “Meu mundo acabou. Como pude deixar acontecer isso com o meu filho? Eu sou culpada, é meu dever protege-lo. Sou uma péssima mãe”, escreveu Ana Carolina, em um grupo de mães. Felizmente, depois de algumas horas, a frequência cardíaca e a temperatura se reestabeleceram. “Fomos para casa no dia seguinte. O pesadelo acabou”, contou a mãe. “Depois disso, fiquei em estado de choque, sem comer e sem falar por uma semana. Limpei minha casa umas dez vezes consecutivas, procurando alguma outra coisa que pudesse machuca-lo”, relata.

O que diz a especialista


Existem duas versões de soluções nasais: a adulta e a pediátrica. O produto voltado para crianças não faz nada, além de ressecar a mucosa. Já o adulto costuma ter uma substância mais potente, o cloridrato de nafazolina, caso do medicamento ingerido por Davi Lucca. “Quanto menor a criança, maior o risco da ingestão desse componente. E os efeitos colaterais são esses mesmo: sonolência, sudorese, palidez, hipotermina (queda de temperatura), braquicardia (redução da frequência cardíaca) e a respiração mais lente”, explica Maria Inês Nantes, pediatra do Hospital da Criança, da Rede D’Or São Luiz (SP).

De acordo com ela, mesmo sendo um medicamento muito comum e vendido sem prescrição, é um remédio e precisa ser mantido sempre longe do alcance das crianças. Se seu filho ingerir ou inserir o produto no nariz, o ideal é mesmo procurar ajuda médica, para avaliar melhor a situação e contornar os sintomas.

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