• Vanessa Lima
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João ingeriu a solução nasal e teve crise de hipotermia (Foto: Reprodução/ Facebook)

João ingeriu a solução nasal e teve crise de hipotermia (Foto: Reprodução/ Facebook)

O que para os adultos pode parecer um objeto comum, para as crianças, pode ser uma arma fatal. Você imaginaria que algo tão corriqueiro, como um frasco de solução nasal, daquelas, vendidas sem prescrição na farmácia, apenas para aliviar a sensação de nariz congestionado, poderia ser capaz de quase matar uma criança por hipotermia? Foi o que aconteceu com João, 1 ano e 11 meses, em Niterói, no Rio de Janeiro (RJ). "Meu marido tem o hábito de usar essa solução nasal e, como meu filho nunca havia conseguido abrir a tampinha, não representava perigo para nós", conta a mãe, Maria Gisane, em entrevista a CRESCER. "Nesse dia, meu marido usou o remédio e deixou o vidrinho na mesinha de cabeceira. Meu filho dorme comigo na cama e, no dia 19 de junho, terça-feira, acordou antes de nós sem fazer ruído. Pegou o vidro, conseguiu abrir, colocou no nariz e na boca e ingeriu o líquido", relata. 

Maria conta ainda que o marido dela acordou nesse momento e viu a cena. O pai, então, pegou dele o frasco, que estava com um pouco menos da metade do conteúdo. Como João seguia sem nenhuma alteração no corpo ou no comportamento, os pais observaram, mas não deram tanta importância ao fato. O susto veio duas horas depois. "Ele começou a ter calafrios, a pele arrepiou de uma maneira surreal. Foi assustador. Ele ficou gelado. Caiu em sono profundo do nada, ficou tipo imóvel. Eu me desesperei", lembra a mãe, que levou o menino para o hospital mais próximo imediatamente. "Durante todo o trajeto, eu tentava acordá-lo", diz. 

Ao chegar no hospital, a família teve sorte: o pediatra de João estava de plantão e deu assistência ao menino. "Quando chegamos, ele estava praticamente desmaiado, com hipotermia, a temperatura dele foi a 34 ºC e a pressão estava 8/4", relata. Se o pai não tivesse acordado e visto o menino ingerijndo o remédio, a rapidez para identificar o problema talvez não fosse tanta e não daria tempo de prestar o socorro necessário. "Ele foi rapidamente pulsionado, tomou soro e ficou em observação por seis horas. O pânico foi enorme, mas, pelo atendimento rápido, ele não teve maiores complicações", conta Maria. 

Sobre a solução nasal

Existem duas versões de soluções nasais: a adulta e a pediátrica. O produto voltado para crianças não faz nada, além de ressecar a mucosa. Já o adulto costuma ter uma substância mais potente, o cloridrato de nafazolina, caso do medicamento ingerido por Davi Lucca. “Quanto menor a criança, maior o risco da ingestão desse componente. E os efeitos colaterais são esses mesmo: sonolência, sudorese, palidez, hipotermina (queda de temperatura), braquicardia (redução da frequência cardíaca) e a respiração mais lente”, explica Maria Inês Nantes, pediatra do Hospital da Criança, da Rede D’Or São Luiz (SP).

De acordo com ela, mesmo sendo um medicamento muito comum e vendido sem prescrição, é um remédio e precisa ser mantido sempre longe do alcance das crianças. Se seu filho ingerir ou inserir o produto no nariz, o ideal é mesmo procurar ajuda médica, para avaliar melhor a situação e contornar os sintomas. Maria e sua família aprenderam no susto. "Ficou a lição", disse a mãe. 

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