Saúde
 

Por Amanda Oliveira


Quando o bebê nasce, os pais costumam ficar ansiosos aguardando o dia da alta hospitalar, momento que mãe e filho podem ir para casa em segurança. No entanto, em alguns casos, as famílias recebem a notícia de que o recém-nascido precisará permanecer no hospital por mais tempo. Uma das condições que pode levar à permanência da criança na unidade de saúde é a icterícia, que se manifesta por meio da coloração amarelada da pele e dos olhos do bebê. Nesse momento, surge um temor quanto ao estado de saúde dos pequenos e a principal pergunta que vem à mente dos pais (especialmente de primeira viagem) é: será que é algo grave?

Primeiramente, não se desespere! Esse quadro não deve ser motivo para pânico. Segundo Paulo Telles, pediatra e neonatologista membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), na maioria das vezes, a recuperação é muito positiva, sendo raros os casos que evoluem para um desfecho mais grave.

Bebê fazendo tratamento para icterícia  — Foto: Getty Images
Bebê fazendo tratamento para icterícia — Foto: Getty Images

O que causa o amarelão na pele do bebê

Pode parecer estranho ver um recém-nascido com a pele amarelada, mas esse tipo de situação é mais comum do que se imagina. Cerca de 7 em cada 10 bebês irão apresentar icterícia. Nesse caso, o principal responsável pela condição é o acúmulo de bilirrubina — um pigmento amarelo fabricado naturalmente pelo organismo. Quando as células vermelhas, que carregam hemoglobina, se rompem em um processo fisiológico, ocorre a liberação dessa substância, que é, então, direcionada para o fígado. É importante lembrar que a criança nasce com uma quantidade significativa de células vermelhas no sangue, favorecendo o aumento dos níveis de bilirrubina. Enquanto a criança está na barriga da mãe, a filtragem da bilirrubina é feita por meio da placenta.

Após o seu nascimento, o bebê deveria ser capaz de eliminar essa substância, porém, em alguns casos, o recém-nascido possui um intestino imaturo e tem dificuldade de eliminar esse pigmento de forma adequada. Entre os prematuros, então, há uma incidência ainda maior de desenvolver esse tipo de quadro, com cerca de 80% deles apresentando icterícia após o nascimento, devido também à imaturidade do intestino e do fígado.

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Em geral, o bebê nasce sem icterícia e o acúmulo de bilirrubina começa a ocorrer no segundo dia, tornando-se visível a partir do terceiro dia. Por isso, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) não recomenda a alta de bebês saudáveis antes das 48 horas, pois se a criança for liberada antes da hora, a icterícia pode passar despercebida. Caso o bebê esteja em casa, os pais devem estar atentos a sinais de icterícia no rosto, pés, troncos e mãos das crianças.

Quando o bebê fica amarelado já nas primeiras 24 horas de vida, existe a possibilidade de haver outro fator patológico associado ao quadro, como a incompatibilidade sanguínea entre mãe e filho. Por conta dessa diferença, o organismo tende a acelerar a destruição dos glóbulos vermelhos. Quanto mais eles se rompem, maior é o acúmulo de pigmento – e o fígado não dá conta de depurar tudo.

Outro gatilho possível para o desenvolvimento de um quadro de icterícia é a dificuldade de amamentação. Quando está mamando de forma adequada e ganhando peso, o bebê elimina a icterícia nas fezes, evitando o excesso do pigmento. Prematuros que nasceram com 34 a 37 semanas de gestação são os principais afetados, justamente também por não terem uma capacidade de sucção bem desenvolvida. Normalmente, o problema é superado assim que a ingestão de leite materno aumenta.

Sinais de alerta

A icterícia é principalmente diagnosticada por meio dos sinais clínicos, que incluem a coloração amarela da pele e dos olhos do bebê. No entanto, os especialistas avaliam o grau de icterícia do paciente a partir de zonas. Inicialmente, na zona 1, o recém-nascido pode apresentar coloração amarela no rosto. Na zona 2, a icterícia se estende para o tronco. Na zona 3, alcança a região da barriga e o início das pernas, enquanto na zona 4, afeta as pernas e braços. Por fim, na zona 5, o amarelão pode atingir as mãos e pés. Quanto maior o nível de icterícia, maior é a extensão da coloração amarela, chegando mais próximos dos pés e mãos.

Além da avaliação dos sinais clínicos, é possível recorrer a exames mais detalhados para determinar a melhor forma de tratamento do problema. Um desses exames é a coleta de sangue, que permite identificar os níveis de bilirrubina no sangue. Outra opção é o uso de um aparelho para medir os níveis do pigmento da pele. No entanto, caso o bebê não apresente a coloração amarelada, não é necessário realizar a investigação.

Tratamento

Até a normalização dos níveis de bilirrubina, o recém-nascido deve ser observado diariamente. O tratamento mais indicado para a icterícia é a fototerapia que dura entre 24 a 48 horas. No entanto, vale destacar que nem todas as crianças precisarão passar por esse procedimento. Com base no tempo de vida do bebê e nos níveis de bilirrubina, os especialistas avaliam se há necessidade de indicar ou não um tratamento.

Na fototerapia, a luz azul muda o formato da bilirrubina, que deixa de ser lipossolúvel e passa a ser hidrossolúvel. Dessa forma, o bebê consegue eliminar a bilirrubina mais facilmente pelo xixi. E nada de colocar o bebê para tomar banho de sol. Segundo Telles, essa prática não é recomendada pelos especialistas por não ser efetiva. Outro conselho popular que muitos pais já devem ter ouvido é que chá de picão seria bom para o tratamento da icterícia. Entretanto, essa bebida não tem nenhum impacto para tratar o problema.

Riscos de complicações

Em geral, a icterícia não evolui para problemas mais graves, mas é preciso estar atento aos níveis de bilirrubina do bebê para evitar quadros preocupantes. Um dos principais temores dos médicos é de que esse pigmento se acumule no sistema nervoso central e cause a encefalopatia bilirrubínica (kernicterus). Nesse caso, a criança pode desenvolver problemas neurológicos graves como atraso no desenvolvimento motor e cognitivo.

Para tratar esse caso em específico, os especialistas, em geral, fazem um procedimento conhecido como exsanguíneotransfusão (EXT), em que o sangue do bebê que está com níveis altos de bilirrubina é trocado para evitar que o pigmento se deposite no sistema nervoso central.

Quanto tempo leva para desaparecer?

A doença fisiológica costuma se estender de sete a dez dias e regredir espontaneamente – nem sempre, porém, é preciso ficar no hospital por todo esse tempo. Em outras situações, o quadro pode se prolongar, caso não seja bem tratado ou se a oferta de leite materno for escassa.

E depois, é necessário algum cuidado especial?

Com os parâmetros sanguíneos normalizados, não deixe de prestar atenção à coloração do seu filho e consultar um pediatra, se tiver dúvidas sobre o estado de saúde dele. Quando os níveis de bilirrubina baixam, não quer dizer que a alteração sumiu de vez. Algumas vezes, a concentração do pigmento no sangue volta a subir, embora isso não seja comum. Por isso, é fundamental fazer consultas periódicas.

Fontes: Andrea Contini, professora do Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); Cecília Maria Draque, médica da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); Helen Zatti, neonatologista, Henrique George Naufel, pediatra; Ilson Enk, pediatra e Lílian dos Santos R. Sadeck, pediatra e Paulo Telles, pediatra e neonatologista membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

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