Saúde
 


Clariana Souza (@clarianasouza), de Guarujá, litoral de São Paulo, tinha 20 anos quando descobriu que estava grávida pela primeira vez. A gestação não foi planejada, mas o bebê, desde o início, foi muito amado. "Eu sempre quis ser mãe, principalmente de um menino", lembra. A gravidez foi tranquila e, no dia 12 de janeiro de 2020, Valentim nasceu saudável. Era início da pandemia de covid, mas ele se desenvolveu normalmente.

No entanto, no mês em que completaria seu primeiro ano de vida, tudo começou a mudar. "O primeiro sintoma foi a falta de apetite, que eu pensei ser dente. Depois, apareceu uma mancha amarelada na pálpebra, que parecia uma irritação. Esses eram os únicos sintomas até então, antes de a doença evoluir", conta a mãe. Ela levou o filho ao hospital e, lá, disseram que "não era nada". "Ouvi que, provavelmente, ele só tinha colocado algo sujo no olhinho. Com o remédio que passaram, até deu uma melhorada, mas em seguida, saiu 'galo' bem pequeno, perto do olhinho. Na época, achei que ele tivesse batido em algum lugar", lembra.

Valentim partiu com 1 ano e 10 meses — Foto: Reprodução/Instagram
Valentim partiu com 1 ano e 10 meses — Foto: Reprodução/Instagram

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Mas, dias antes da festinha de 1 ano, Valentim caiu da cama e a mãe decidiu levá-lo ao hospital mais uma vez, por precaução. "Depois de alguns exames, ele foi liberado. Mas, no dia da festa, ele tava bem quietinho. Só dormia e nem conseguiu curtir", disse. No dia seguinte, os pais se assustaram — o olho de Valentim parecia estar saltando do rosto. Como se algo estivesse empurrando para fora. Além disso, o caroço estava maior.

No hospital, Valentim foi submetido a diversas avaliações e exames. "Nos chamaram para dizer que, possivelmente, ele tinha algum problema neurológico e pediram para investigar. Era época de pandemia e nenhum lugar queria fazer os exames que Valentim precisava", conta. Enquanto isso, o estado de saúde do pequeno piorava: "Ele só chorava, só queria colo. Igor e eu nos revezávamos no hospital. A rotina era exaustiva. Ele foi submetido a tomografia, ressonância magnética...", conta a mãe.

O pequeno cresceu saudável até 1 ano — Foto: Reprodução/Instagram
O pequeno cresceu saudável até 1 ano — Foto: Reprodução/Instagram

O diagnóstico

Valentim tinha acabado de completar 1 aninho quando recebeu o diagnóstico — tratava-se de um neuroblastoma em estágio 4, um câncer infantil que cresce em partes do sistema nervoso ou nas glândulas adrenais. Nesse dia, Clariana tinha ido em casa organizar algumas coisas e recebeu a ligação do marido. "Quando eu ouvi a palavra 'tumor' foi difícil de raciocinar. Só fiquei pensando: 'Não, meu filho não'. Naquele momento, familiares tentaram me acalmar dizendo que poderia ser benigno, mas eu já não escutava mais nada", lembra.

"No hospital, eu perguntava mil vezes para os médicos se eles tinham certeza de que era um tumor. Quando confirmaram, foi caindo a ficha. Vendo outras crianças na ala da oncologia, percebi que era isso mesmo. O mundo desaba, entramos em outra realidade — uma realidade doída demais. Eu queria poder trocar de lugar com ele, queria que eu estivesse passando por aquilo, não ele. Ele era só um bebê", lamenta.

Valentim com os pais — Foto: Reprodução/Instagram
Valentim com os pais — Foto: Reprodução/Instagram
Valentim encarou o tratamento — Foto: Reprodução/Instagram
Valentim encarou o tratamento — Foto: Reprodução/Instagram

"Quando descobrimos, já havia metástase em cinco partes", lembra. "Durante uns 6 meses, ele reagiu muito bem ao tratamento, embora tivessem algumas intercorrências. Ele parecia forte — se alimentava bem, brincava, sorria. Ele fazia quimioterapias mais pesadas, ficava abatido, mas logo estava bem de novo. Lembro que, uma vez, o médico elogiou por ele estar comendo, disse que ele era um bebê muito forte. Apenas três meses após o início do tratamento, o tumor havia sumido de três locais. Então, era só esperanças, pois restavam apenas dois locais", conta.

Cuidados paliativos

Os pais sabiam que o tratamento seria longo, mas as chances de cura eram reais. A mancha na cabeça havia sumido, seu olho estava normal e Valentim já não ficava mais triste ou choroso. Então, quando completou sete meses de tratamento, ele foi submetido a novos exames. "Ele fez exames de imagem para ver como estava a evolução e notaram manchas em novos lugares. Significava que a doença estava progredindo. Então, os médicos decidiram iniciar um novo protocolo, mas sem sucesso. Foram diversas tentativas, mas nada funcionava", conta.

A despedida

Em seguida, Valentim entrou nos cuidados paliativos. "Quem passa, sabe o que escutamos. Dói demais! Eu não queria aceitar, lutamos muito pela cura da doença", lamenta. "No dia que partiu, ele já estava muito debilitado. Os tumores estavam crescendo muito, de forma visível, e ele já não se alimentava, estava inchadinho, tomando banho no leito, mas consciente. Lembro de ele pegar nas nossas mãos. Cuidávamos com todo zelo, não víamos a gravidade que ele estava, enxergávamos apenas o nosso filho", lembra.

"Nesse dia, louvamos a tarde inteira no leito dele — oramos, minha irmã deu um banho nele, na cama mesmo, e lembro de passar o perfume, colocar as meias... foi o tempo de me virar e escutar o último suspiro dele. Minha irmã começou a chamá-lo, mas ele já tinha partido. Foram choros, gritos, soco na parede... Eu gritava e gritava naquele hospital. O amor da minha vida se foi. Valentim partiu com 1 ano e 10 meses, no dia dia 27 de novembro de 2021", lembra.

Valentim partiu após dez meses de tratamento — Foto: Reprodução/Instagram
Valentim partiu após dez meses de tratamento — Foto: Reprodução/Instagram

Aprendendo a conviver com a dor

Clariana entrou em depressão após a partida do filho. "Precisei de muita medicação e tratamento para continuar", lembra. "Era muita dor e muita saudade", diz. Mas apenas dois meses depois, ela descobriu que estava grávida novamente. "Foi um susto! Não foi planejado, eu não tive reação, não entendia. Mas, com o tempo, no fundo do meu coração, eu sabia que essa nova vida me ajudaria. Analiz nasceu sete meses depois — e me salvou. Hoje, ela está com 1 ano e 11 meses", conta. "Sempre falo de Valentim para ela, e digo que ele é um anjinho", conta.

Analiz nasceu sete meses depois — Foto: Reprodução/Instagram
Analiz nasceu sete meses depois — Foto: Reprodução/Instagram
Os pais com Analiz — Foto: Reprodução/Instagram
Os pais com Analiz — Foto: Reprodução/Instagram

Desde então, os pais criaram um projeto social com o nome do filho — Valentim Valente (@projeto.valentimvalente). "Não queria que sua morte fosse em vão. Tentamos levar alegria para crianças em situação de vulnerabilidade, como em hospitais e orfanatos", explica.

"Com Valentim, aprendi a valorizar e ser grata. Ele me mostrou que a vida é maravilhosa nas coisas mais simples, ensinou a ter empatia e amor ao próximo. Ele me mudou por completo — desde o nascimento até o seu último dia aqui. O que eu diria para outras famílias que estão passando por essa perda é: 'Tudo bem se revoltar e tentar achar um culpado. Acredito que Deus entenda a nossa dor e a nossa indignação. Mas saiba que essa dor terrível vai amenizar — não passará completamente —, mas aprendemos a conviver com ela", finalizou.

Sobre o neuroblastoma

O neuroblastoma representa cerca de 6% dos cânceres na infância e normalmente se desenvolve em bebês e crianças menores de 10 anos. Pode começar em qualquer parte do corpo, mas costuma aparecer primeiro na barriga. É resultado do crescimento desordenado de células nervosas do sistema nervoso simpático. O sucesso do tratamento depende de fatores individuais de cada paciente, mas, mesmo nos casos mais agressivos, as chances de cura podem chegar a 50%.

Sintomas: podem variar de acordo com a localização e o tamanho do tumor. Os sinais mais comuns são caroços ou inchaços na barriga, dificuldade de respirar e engolir, perda de peso, falta de apetite, perda do controle para fazer xixi e cocô e dores nos ossos.

Diagnóstico: na investigação, podem ser feitos exames físicos, de sangue, de urina e de imagem, mas apenas a biópsia é capaz de ajudar no diagnóstico definitivo da doença.

Tratamento: as cirurgias podem ser usadas tanto para fechar um diagnóstico quanto para tratar a doença. Para tumores menores, que ainda não se espalharam para outras partes do corpo, o procedimento cirúrgico muitas vezes é a única intervenção necessária. Em tumores maiores, a quimioterapia e o transplante de medula podem ser considerados.

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