Certa vez, fiz uma palestra em uma escola para pais e educadores sobre como é urgente termos uma visão mais empática e não violenta sobre a educação de nossas crianças e adolescentes. No momento das perguntas do público, um pai ergueu a mão. Levantou-se, com o microfone, e sua expressão revelava que ele estava incomodado:
![Abraço entre pai e filho — Foto: Freepik](https://s2-crescer.glbimg.com/wOAS3VbfAFilZTbhD2LzPj_0Uh4=/0x0:1500x1001/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_19863d4200d245c3a2ff5b383f548bb6/internal_photos/bs/2023/A/y/YbQQ37SLWxccKuBUIBGQ/pai-de-tiro-medio-segurando-crianca-1-.jpg)
- O que você falou até agora é muito bonito, mas não é a realidade. Precisamos dar limites para nossos filhos, senão perdemos a autoridade!
A minha resposta foi tudo o que aquele pai não imaginava ouvir:
- Eu concordo, limites são essenciais para a formação dos nossos filhos (e alunos) enquanto indivíduos.
Depois da reação de clara confusão no rosto dele, continuei elaborando que, talvez, a maior diferença entre a minha percepção e a dele sobre limites estava em três pontos:
1. Os limites devem ser razoáveis
Crescemos numa sociedade em que limites sem o menor sentido eram empregados apenas para dizer que “o mundo lá fora é difícil, então sua vida não pode ser fácil”. Estamos lidando com crianças e adolescentes em formação e, por mais que o mundo seja cruel, seus lares devem ser seus pontos de ancoragem emocional. É em nosso afeto que nossos filhos devem descansar, então não podemos ser mais uma fonte de estresse e ameaça para eles.
2. Os limites são explicados
Limite costuma ser confundido com um braço do autoritarismo. Não pode pular no sofá e ponto. Não tem discussão, sequer explicação. Oferecer alternativas? Nem pensar. Se desejamos que nossos filhos sejam indivíduos autônomos e com consciência crítica desenvolvida, não podemos impor a obediência através de um autoritarismo nas relações.
Explicar que pular no sofá é perigoso e pode machucar é o mínimo que devemos fazer. Contar para eles que pular no tapete do chão é seguro e superdivertido, entrando na brincadeira também, é a mensagem que precisamos passar: nem sempre podemos fazer o que queremos, mas que sempre haverá alternativas se formos abertos e flexíveis.
3. O que fazemos depois do limite é mais importante que o limite em si
Se, depois de um limite, a reação que vemos é de choro ou birra, temos uma decisão a fazer: gritar com eles e ameaçar com punições, ou acolher essa frustração de forma empática.
No primeiro caminho, estamos apenas fazendo com que nossos filhos sofram duas vezes pelo mesmo problema. No segundo, oferecemos colo para alguém que está frustrado e sem saber gerenciar suas emoções. Aqui, não somos permissivos, e sim agentes de promoção de inteligência emocional.
Que fique claro, limite é afeto. Limite é contorno. Limite é essencial, mas a autoridade deve ser construída pelo vínculo, não pelo medo.
![Thiago Queiroz é educador parental, escritor e palestrante, ajudando famílias a criar filhos com mais afeto e respeito. Pai de Dante, Gael, Maya e Cora, é fundador do site e canal do YouTube Paizinho, Vírgula! e autor dos livros Queridos Adultos, Abrace seu Filho e A Armadura de Bertô. — Foto: Divulgação](https://s2-crescer.glbimg.com/m7PTcDLqlpv_MVmSOfp7Zg6Zr6Q=/0x0:338x338/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_19863d4200d245c3a2ff5b383f548bb6/internal_photos/bs/2023/i/B/6DymfpSrGBsIObpZ3NVQ/thiago-queiroz.png)
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