Ninguém gosta de lembrar que uma criança pode ser a vítima de uma doença com potencial tão agressivo quanto o câncer. Pior ainda é imaginar que isso pode acontecer dentro da sua casa, com o seu filho. Isso não significa, porém, que o assunto deva ser ignorado. Pelo contrário. O conhecimento é a ferramenta mais poderosa e pode fazer a diferença na hora de identificar sinais suspeitos e buscar ajuda profissional especializada e de qualidade – sobretudo em crianças e adolescentes, público em que a doença costuma progredir mais rápido. Contar com o suporte médico adequado é determinante e salva vidas.
De acordo com o oncologista pediátrico Sidnei Epelman, líder nacional da especialidade de oncopediatria da Oncoclínicas, uma das razões pelas quais os cânceres costumam ser mais agressivos na infância e na adolescência é o fato de as células estarem em proliferação, na fase de crescimento. “Além disso, os tipos mais comuns nessa faixa etária também têm como característica o rápido desenvolvimento, como as leucemias agudas, por exemplo”, explica o médico.
É impossível ignorar o problema, já que, no mundo, a cada três minutos, uma criança morre de câncer, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). É a maior causa de óbito por doença na infância no Brasil, correspondendo a 8% do total. Entre as mortes em geral, é a segunda mais comum, perdendo apenas para problemas externos, como traumas. Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) sugerem que, entre 2023 e 2025, 7.930 novos casos de câncer infantojuvenil serão diagnosticados por ano.
A boa notícia é que, ainda que os tumores costumem ser mais agressivos e velozes na infância e na adolescência, nessa fase as chances de cura também são mais altas em comparação com as dos adultos. Para crianças que recebem o diagnóstico o quanto antes e são tratadas adequadamente, em centros especializados, a taxa de cura chega a 80%. “As células têm crescimento mais rápido, e isso explica também a melhor resposta aos tratamentos, como quimioterapia”, aponta Epelman. Hoje, os diagnósticos podem ser mais precisos, o que ajuda a identificar com mais detalhes os tipos de tumores e de alterações. “Como consequência, conseguimos tratamentos mais direcionados para atingir essas mutações”, explica o médico.
Ameaça silenciosa
Embora o diagnóstico precoce seja importante, como o câncer pediátrico costuma ser agressivo, na maioria dos casos, quando ele é identificado, já se apresenta de forma mais desenvolvida. Identificar os sintomas é um desafio porque, dependendo do tipo de câncer, os sinais são muito variados. “O mais importante é a família buscar atendimento de qualidade assim que desconfiar de que há algo errado ou preocupante com a criança ou com o adolescente”, orienta Epelman.
Uma das exceções, aponta o médico, é o retinoblastoma, um câncer ocular, que começa pela retina, a parte de trás do olho. “Nesse caso, o diagnóstico precoce faz toda a diferença, porque, quanto antes o tumor é identificado e tratado, melhores as chances, não só de cura, mas de salvar a visão também”, destaca. Nesse caso, é importante que o pediatra oriente a família sobre a importância dos exames oftalmológicos.
Segundo ele, em boa parte das vezes não há uma causa específica conhecida para o desenvolvimento do câncer, o que dificulta estratégias de prevenção. “Alguma célula começa a crescer desordenadamente, e o tumor cresce. Pode acontecer com qualquer pessoa”, descreve. Em situações mais raras, há uma predisposição por conta de síndromes, alterações genéticas ou malformações. “Crianças com síndrome de Down, por exemplo, podem ter mais risco de ter leucemia em comparação com a população geral. Não significa que todas vão desenvolver a doença, mas há uma necessidade de um acompanhamento mais próximo”, diz o especialista.
Terapias-alvo: uma nova fronteira no tratamento do câncer infantil
Entre os avanços mais notáveis dos últimos anos, na área oncológica, estão os exames mais precisos e o desenvolvimento de tratamentos assertivos, com as chamadas terapias-alvo. Feitas com medicamentos que focam nos pontos do corpo responsáveis pelo crescimento dos tumores, preservam as células saudáveis e produzem menos efeitos colaterais. “Um diagnóstico feito de maneira correta, com todas as informações, dará a melhor chance de cura porque vai revelar o quão agressivo é o tumor e orientar o tratamento com drogas específicas se alguma mutação for identificada”, detalha o oncologista pediátrico.
Epelman explica que a avaliação genética da pessoa ou do tumor é feita em laboratórios existentes em centros especializados. “Com o sequenciamento, é possível ver a linhagem germinativa (quando acontece em células que originam gametas e podem ser transmitidas de uma geração para outra) ou somática (quando ocorre em células que formam tecidos e órgãos) do tumor. Isso oferece um melhor prognóstico e, muitas vezes, quando as alterações são encontradas, as terapias mais direcionadas”, destaca.
A primeira chance é a melhor
Com o câncer infantil, não há tempo para erros. Ninguém conhece seu filho melhor do que você. Portanto, diante de qualquer preocupação, procure atendimento com profissionais de saúde competentes, em centros de saúde especializados. “Nem todos os lugares estão preparados para oferecer, com toda a base de conhecimento, o melhor diagnóstico, acompanhamento e acolhimento”, diz o oncologista pediátrico.
Na Oncoclínicas, além de toda a tecnologia de ponta e das técnicas inovadoras, com protocolos médicos avançados, a prioridade é oferecer um cuidado integral, acompanhando cada criança e adolescente de forma única e personalizada. Um dos princípios mais importantes da oncopediatria é justamente compreender a história de cada paciente, para tratá-lo de maneira individualizada, com empatia, calor humano e segurança. “Quando você trata uma criança com câncer, você trata uma família inteira. A melhor chance é a primeira”, completa. Acompanhe seu filho de perto, fique atento aos sinais e, na dúvida, investigue.