• Fernanda Montano
Atualizado em
Cardiopatas precisam sempre de cirurgia? (Foto: Kaboompics/ Pexels)

Cardiopatas precisam sempre de cirurgia? (Foto: Kaboompics/ Pexels)

Ser mãe e pai já é viver cheio de dúvidas. Quando seu filho tem alguma condição de saúde específica, então, a cabeça está sempre permeada por perguntas. São tantas opiniões - desde médicos até os completamente leigos no assunto - que muitas vezes criam-se mitos em relação a isso. É o que acontece, por exemplo, com as crianças cardiopatas. Vamos, então, tirar as dúvidas?

Só se trata cardiopatia com cirurgia
Mito. São vários cenários. "Por exemplo: a cardiopatia mais frequente é a CIV, comunicação interventricular, que é um buraco ou defeito na parede que comunica os ventrículos. As musculares normalmente são pequenas e podem fechar ao longo dos primeiros anos sem tratamento", explica José Cícero Stocco Guilhen, especialista em cirurgia cardiovascular do Hospital e Maternidade Santa Joana, de São Paulo (SP). Outras cardiopatias podem ser tratadas com cateterismo ou acompanhadas com medicação.

A criança cardiopata não pode levar uma vida normal
Mito. Pelo contrário, a maioria vai ter uma vida normal ou muito próxima do normal. "Com a cirurgia ou tratamento o que queremos é que o paciente tenha uma vida como outra criança. Mesmo nos casos mais graves, uma criança que tenha cardiopatia congênita e acesso a tratamentos em bons centros de referência tem 85% de chances de chegar à idade adulta", diz o especialista.

Somente adultos devem fazer exame de prevenção
Depende. O cenário ideal é que todas as gestantes façam entre 24 e 26 semanas o ecocardiograma fetal, que consegue diagnosticar 70% dos casos. Além disso, é lei fazer o teste do coraçãozinho entre 24 e 48 horas de vida. Se der alguma variação, o bebê precisa fazer ecocardiograma antes de ter alta da maternidade. Depois, no consultório do pediatra, não há indicação de fazer exames em crianças assintomáticas, a não ser que tenha histórico familiar, como mãe ou irmão com cardiopatia, ou algum exame físico com alteração, como suspeita de sopro.

Todo sopro auscultado (identificado pelo médico pela escuta, com ajuda de aparelhos como o estetoscópio) em uma criança é caso de cirurgia
Mito. "O sopro é a reverberação do sangue quando passa pelas cavidades cardíacas, mas tem várias causas. Em criança é comum um sopro leve, porque ela tem maior volume de sangue circulando. Mas acontece bastante de auscultar em consultório, pedir o ecocardiograma e o paciente não ter nada no coração, é o chamado sopro inocente. Mas, de qualquer forma, deve sempre ser investigado", orienta José Cícero.

Alguns alimentos favorecem a saúde do coração
Verdade. Mas funciona mais para doenças adquiridas. Cuidar da alimentação, na verdade, ajuda todo mundo, mas não muda nada em relação à condição da doença de quem já tem uma cardiopatia congênita. Ainda assim, é fundamental cuidar da alimentação da criança cardiopata para que ela não adquira outra doença cardiovascular no futuro. As refeições devem ser ricas em frutas, verduras, baixo teor de gordura saturada e ingestão de óleos e oleaginosas em baixa quantidade.

Criança com cardiopatia não pode fazer atividade física
Mito. Mas depende do tipo de atividade física. A maioria das atividades e brincadeiras a criança cardiopata faz sem problemas, sendo o limite o seu próprio cansaço. Se for o caso de atividades de alto rendimento, como treinar natação para competir, a criança até pode, mas precisa de avaliação e acompanhamento.

É necessário um cirurgião cardíaco disponível na sala de parto para operar o bebê
Mito. "O bebê enquanto está na barriga da mãe está 'protegido'. Depois que nasce, a gente analisa nas primeiras horas e prepara para cirurgia, se for o caso. Mas dificilmente opera no mesmo dia, primeiro espera estabilizar", conclui José Cícero.

O canal CRESCER COM SAÚDE é um especial da CRESCER, realizado com apoio de ABBVIE.