Comportamento
 


A cena é encantadora. Nela, Heitor, 4 anos, que é autista não verbal, está sentado em sua carteira. Ayla aparece abraçada a ele. Em seguida, ela deixa o colega mexer em seus cabelos e até cheirá-lo. Ela o abraça novamente e dá um beijo carinhoso em sua bochecha. Logo depois, pede que ele retribua. A menina parece conhecer muito bem o amigo e sabe que a amizade é recíproca. Tanto que, de forma espontânea, Heitor levanta e a abraça brevemente.

As imagens foram compartilhadas pela mãe de Heitor, a cabeleireira Letícia Soares, 26 anos, de Araranguá, Santa Catarina [veja o vídeo no fim da página]. "Esse fofo no vídeo, é meu filho Heitor. Um menino autista, ainda não verbal, de 4 aninhos. Um menino super doce, amoroso e inteligente. Recebi esse vídeo da escola, onde ele está recebendo muito amor e carinho da sua coleguinha Ayla. Obrigada, pequena Ayla, por tratar o Heitor com tanto amor e carinho. Mostrando o quanto é importante incluir os coleguinhas e amar as diferenças. Meu coração de mãe fica quentinho e aliviado", escreveu ela, na legenda.

Ayla e Heitor na sala de aula — Foto: Reprodução/Instagram
Ayla e Heitor na sala de aula — Foto: Reprodução/Instagram

Somente no perfil da mãe foram 115 mil visualizações e mais de 10 mil curtidas. "Crianças criadas com amor e respeito, compartilham amor e respeito!", escreveu uma pessoa. "Emocionante e lindo. Essa é a verdadeira inclusão na sua essência e prática", comentou mais uma. "Que difícil segurar as lágrimas nesses horas! Linda, Ayla. Lindo, Heitor! Que Deus ilumine vocês sempre", desejou uma terceira.

Diagnóstico de autismo

Em entrevista à CRESCER, a mãe de Heitor disse que começou a perceber os sinais de autismo quando o filho tinha 1 ano. "Chamávamos pelo nome e ele não olhava. Foi surgindo mais alguns sinais, como o atraso na fala, ele foi ficando seletivo para comer, girava a roda dos carrinhos para brincar, entre outros. Eram poucos sinais, mas já fiquei atenta", conta.

"Com 2 anos, levei ele a uma psicopedagoga e fizemos acompanhamento durante 10 meses. Ela observou alguns sinais, então marquei uma consulta com o neuropediatra. Na escola, a professora também havia percebido que Heitor não atendia pelo nome. No dia da consulta, levei a avaliação da escola e da psicopedagoga, mostrei vídeos de como ele era em casa e todos os sinais que eu havia observado. Heitor, então, foi diagnosticado com autismo aos 3 anos e 2 meses", continua.

O menino é considerado um autista não verbal. "Ele já soltou umas 4 palavrinhas, imita o sons dos animais e alguns balbucios. Mas não fala. Heitor é um menino doce, muito inteligente. Mesmo com a ausência da fala, consegue se comunicar mostrando tudo que quer. Ele é criança muito calma, risonha e amorosa. Ele tem hiperfoco em animais, então tudo o que envolve animais, ele ama. Ele ama sair — basta convidar que ele já entra dentro do carro — e ama batata frita. Atualmente, ele faz cinco terapias por semana: psicomotricidade, estimulação precoce, fonoaudióloga, psicopedagoga e terapia ocupacional", disse a mãe.

Inclusão na escola

Heitor entrou na escola antes do diagnóstico. "Na época, eu falei que estava investigando e que suspeitava. Mas mesmo após o diagnóstico, ele nunca foi tratado com diferença — as professora foram sempre muito atenciosas e carinhosas. Atualmente, ele tem uma auxiliar que o acompanha", comentou.

A mãe disse que o vídeo foi uma surpresa positiva, e ficou chocada com a repercussão após compartilha-lo nas redes sociais. "Não imaginei que fosse gerar tanta repercussão. Eu postei do meu Tiktok porque queria que ficasse guardado de lembrança. E, com isso, vários perfis — tanto do Instagram quanto do Tiktok — começaram a repostar e me marcar. Postei à noite e, no outro dia pela manhã, já havia 700 mil visualizações. Recebemos muitos comentários positivos e choramos muito de emoção", declarou.

Heitor e a amiga Ayla — Foto: Arquivo pessoal
Heitor e a amiga Ayla — Foto: Arquivo pessoal

Sainara Sartori, mãe de Ayla, contou que, antes do vídeo, a filha já comentava sobre Heitor em casa. "Ela sempre fala o quanto ele é um fofo. Eu, no começo, não o conhecia e não sabia que ele era uma criança autista. Pensava que ela comentava porque havia se identificado e que era o mais próximo", disse. Segundo a mãe, Ayla não sabe o que é autismo. "Ao perguntar, ela diz que não sabe muito bem o que é, mas sabe que precisa ter muita atenção e amor com eles", explicou a mãe.

"Foi um misto de emoções, orgulho, felicidade e choro", disse ela, sobre quando viu o vídeo pela primeira vez. "Desde então, a gente tem recebido muitas mensagens de carinho das pessoas e isso tem alegrado os nossos corações. Estamos nos sentindo muito orgulhosos e com a sensação de que a Ayla, apesar de tão pequena, já está indo pelo caminho certo. Afinal, o mundo precisa muito dessa empatia e desse amor verdadeiro", afirmou.

Desafios da maternidade atípica

Para Letícia, o maior desafio para uma mãe atípica é a falta de assistência. "Hoje, o SUS fornece pouquíssimas terapias. Você passa mais de um ano na fila e, quando é chamado, não são todas as terapias necessárias. Por lei, os autistas têm direito a receber um benefício, mas isso só é concedido se os pais não trabalharem fora. Mas se não trabalham fora, o valor serve apenas para se manter, e não é direcionado para o tratamento da criança. Se toda criança fosse beneficiada, os pais poderiam trabalhar para se manter e usar o benefício para pagar as terapias — e, mesmo assim, daria apenas para custear três terapias por mês", lamentou.

Heitor com os pais — Foto: Arquivo pessoal
Heitor com os pais — Foto: Arquivo pessoal

Segundo ela, o tratamento de uma criança autista é altíssimo. "Ela precisa de acompanhamento com fonoaudióloga, psicóloga, psicopedagoga, terapeuta ocupacional e musicoterapeuta. Algumas ainda precisam de fisioterapia, psicomotricidade, natação e equoterapia. Cada terapia custa mensalmente em torno de R$ 480 a 500", afirmou. "Outro desafio é a falta de profissionais qualificados para acompanhar a criança atípica dentro das salas de aula, tanto nas escolas municipais quanto particulares. Muitas escolas particulares recusam alunos autistas e, nas municipais se torna uma luta para conseguir uma auxiliar", completou.

"E tem ainda a falta de empatia das pessoas, que dizem que 'hoje, tudo é autismo'. O autismo sempre existiu, porém, hoje, temos mais informações e o diagnóstico chega mais cedo", defende. Quando questionada sobre o que ela diria para pais que acabaram de receber o diagnóstico, ela afirma: "Não fique com medo do diagnóstico, nossos filhos são capazes de tudo. São crianças extremamente amadas. Depois do diagnóstico do meu filho, eu aprendi a dar valor as pequenas conquistas. Com diagnóstico cedo e interação, eles desenvolvem muito. E o mais importante: devemos ter paciência e muito amor".

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