A fase das perguntas sempre chegam — momento em que surgem dúvidas e curiosidades sobre infinitas coisas — e, algumas vezes, acabam colocando os pais em uma situação embaraçosa, não é? E um dos assuntos que mais preocupa os pais é em relação às genitais. De perguntas simples às mais complexas, a orientação é a mesma: por mais difícil que pareça, ser sincero é o melhor caminho.
![Igualdade de gênero; feminino e masculino — Foto: Freepik](https://s2-crescer.glbimg.com/kqFhazsxPu3I-g9p9tmcSGYzQfE=/0x0:1500x1028/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_19863d4200d245c3a2ff5b383f548bb6/internal_photos/bs/2024/J/T/vz4nPbSxuiBP7sj71twQ/man-woman-standing-with-equal-sign-them.jpg)
Para que os pais não precisem fugir do assunto e consigam esclarecer as dúvidas possíveis, separamos aqui as principais indicações e conselhos de especialistas sobre o que fazer. Dá uma olhada!
Como iniciar essa conversa?
Essa talvez seja a nossa maior dúvida: "Mas, afinal de contas, como e quando devemos ter essa conversa com as crianças?". De acordo com a pediatra Patrícia Tosta, do Fleury Medicina e Saúde, os adultos podem aproveitar um momento de dúvida das crianças, uma vez que elas estarão mais abertas ao assunto. "Os pais podem esperar um questionamento mais pontual, ou podem estimular a conversa se estiverem juntos vendo ou ouvindo algum conteúdo que abra esse espaço — seja uma música, uma foto ou um filme, até para entender se o que já sabem é real ou se estão fantasiando" explica.
Ela também esclarece que a fase do desfralde é um momento crucial para o desenvolvimento dos pequenos, uma vez que a criança começa a ter mais contato com os genitais e os questionamentos podem aparecer. "As crianças podem começar a estimular a região, porém é indicado que os pais ajam naturalmente — nem estimulando, nem reprovando, nem desviando a atenção com outra atividade. Também é importante aproveitar essas situações e começar a explicar sobre a privacidade do corpo e o cuidado com as partes íntimas", afirma Patrícia.
A partir de quando as dúvidas costumam surgir?
Segundo o psiquiatra e psicoterapeuta Wimer Bottura, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e presidente do Comitê de Adolescência da Associação Paulista de Medicina (APM), é comum e esperado que os primeiros questionamentos surjam entre os 3 a 6 anos de idade — momento considerado como "fase fálica", em que as crianças começam a ter um entendimento diferenciado em relação às genitais.
Como os pais devem conduzir a conversa?
De acordo com a pediatra Patrícia Tosta, o indicado é que os pais respondam aos filhos de forma clara e objetiva, sendo sinceros sobre as dúvidas, mas também não inventando explicações quando não souberem a resposta. "Ser sincero é o melhor caminho. Os pais devem falar desde cedo o nome certo do órgão, seja o pênis ou vagina, assim como falamos sobre os olhos, boca e nariz, por exemplo. A naturalidade na hora de lidar com o assunto é fundamental para dar confiança aos pequenos", esclarece Patrícia.
Ela ainda conclui pontuando que, por mais que as dúvidas surjam, não é preciso se estender sobre o tema, uma vez que, às vezes, é só uma curiosidade pontual. "Às vezes, explicar longamente sobre um assunto pode confundir ou deixar os filhos desinteressados. Entretanto, fechar a porta da conversa pode fazer com que eles busquem a informação em fontes não seguras, o que pode ser pior ainda", alertou.
E quando os filhos não se sentem à vontade para tirar dúvidas?
Segundo o psiquiatra Wimer Bottura, quando as crianças não se sentem confortáveis em falar com a família, isso é, na verdade, um alerta importante para os próprios pais. "Possivelmente, os pais não se sentem à vontade também ou tratam o tema como um assunto que não se deve falar. Nesses casos, quando percebem que a criança não tem essa liberdade com eles, vale a pena procurar uma orientação, já que os pais têm um compreensão e maturidade maior para ajudar o pequeno a se sentir confortável com suas dúvidas, evitando problemas para o futuro da criança", finaliza.
Fontes consultadas: Wimer Bottura, psiquiatra e psicoterapeuta, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e presidente do Comitê de Adolescência da Associação Paulista de Medicina(APM); Patrícia Tosta, pediatra do Fleury Medicina e Saúde