Como ajudar a criança a eliminar o catarro com segurança

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De acordo com a otorrinolaringologista Sofia Borges, ao apresentar sintomas de gripe, por exemplo, os pais não devem levar o filho prontamente ao hospital. "A verdade é que a grande maioria das gripes, mais de 90% delas vão se curar com, sem ou independente de médico e de medicação", explica. Além disso, a orientação é evitar a exposição ao ambiente com outras pessoas doentes e não sobrecarregar os atendimentos de saúde.

Por outro lado, a avaliação médica é necessária diante dos sintomas de alerta — caso a criança não apresente melhora após dez dias, tiver febre que reaparece após alguns dias sem febre; recusa de líquidos e redução de urina; prostração sem febre; cansaço para respirar, falta de ar, costelas aparecendo durante a respiração, respiração rápida ou com dor no abdômen; e lábios e/ou pele azulada, ou pálida demais.

A lavagem nasal é uma importante aliada para a eliminação da secreção. "O catarro acumulado no nariz é o principal vilão para que essa gripe ou resfriado possa se complicar em uma sinusite ou otite bacterianas, por isso, não economize na lavagem", recomenda. Bebês de 0 a 6 meses podem fazer a lavagem com a quantidade de 1 ml. De 6 meses a 6 anos, a quantidade varia de 3 ml a 20 ml.

No entanto, muitas vezes, ao verem os filhos congestionados e com tosse, os pais acabam vendo a nebulização como uma solução para o problema. A nebulização, segundo a especialista, tem como principal objetivo levar substâncias medicamentosas ao pulmão de maneira mais fácil. E, quando feita apenas com soro, hidrata as vias aéreas, mas pode atrapalhar no processo de eliminação do catarro pelo nariz.

"Uma hidratação nasal com aquele soro nebulizando quentinho, vai fazer esse catarro ficar mais mole, porém, não vai fazer a criança liberar o catarro do nariz porque os pequenos geralmente não tem força para assoar. Com isso, o catarro que ficou mais mole vai começar a gotejar mais no fundo da garganta e pode piorar a tosse", alerta a otorrinolaringologista. Para ela, a nebulização pode auxiliar desde que esteja associada à lavagem nasal, mas, caso a criança ainda não tenha esse nível de cooperação, deve-se optar pela lavagem somente.

Outro cuidado importante é a segurança. Jamais deve-se usar seringas e outros apetrechos improvisados nas lavagens nasais, principalmente que possuem borracha em seu interior. "O ideal são os dispositivos feitos para esse fim", alerta.

Além disso, a médica esclarece que a lavagem nasal é melhor para a eliminação do catarro que o uso de frascos com jatos contínuos de soro. "O jato contínuo é excelente para lavagem de manutenção, para aquele nariz que já está bom e nós estamos lavando para manter a saúde nasal", complementa Borges.

Ela ainda esclarece que durante três segundos de aplicação do jato contínuo, a capacidade de lançar soro dentro do nariz é de apenas 1ml. "Quando estamos com o nariz encatarrado, o volume de soro que entra é o mais importante para fazer uma boa limpeza, ou seja, durante três segundos, aplicar 1ml de soro não é o suficiente para limpar o nariz com catarro", diz.

A especialista explica ainda que o catarro acumulado é o que costuma piorar os quadros virais, por isso, enquanto houver secreção nasal, a lavagem nasal não tem quantidade máxima de vezes. "A proteção natural do nosso nariz é um muco fluido e transparente e é imperceptível durante a lavagem. Por isso, enquanto você estiver lavando e saindo catarro, você pode continuar a lavar. Catarro não é proteção natural", diz.

A médica alerta ainda para a necessidade de se usar espaçadores próprios para inalação, quando for utilizada medicação na forma de bombinhas. "Adultos podem fazer sem o espaçador, mas as crianças não podem receber um jato forte diretamente na boca. Sempre que o médico recomendar o uso do espaçador, tem que usar mesmo como uma importante forma de proteção. E assim como os higienizadores nasais, hoje também já existem marcas de espaçadores lúdicas, com cores e embalagens de heróis, desenhos animados. As crianças se identificam muito mais com essas linhas e sempre recomendamos", diz.

E não deixe de incentivar os pequenos a intensificar a ingestão de água, pois uma criança bem hidratada apresenta menos episódios de febre. Além disso, a hidratação permite a fluidificação do catarro.