Natal
 

Por Amanda Moraes, Crescer


O Natal é cheio de tradições divertidas e não tem como negar que uma das que as crianças mais gostam é a troca de presentes. Cada família tem o seu jeito especial de celebrar o momento, mas pode surgir a dúvida: quantos presentes meu filho deve ganhar? Com certeza não existe uma resposta certa para isso, mas é importante levar algumas coisas em consideração para que a quantidade faça sentido dentro da tradição.

O importante é sempre buscar o equilíbrio na quantidade de presentes — Foto: Crescer
O importante é sempre buscar o equilíbrio na quantidade de presentes — Foto: Crescer

Na família de Jaqueline Souza, de Boituva, São Paulo, seu filho Kadu, de 5 anos, recebe um presente dos pais e outro dos avós. “Temos essa tradição desde que ele tinha 2 aninhos. Uns dias antes do Natal, ele faz as cartinhas, sempre uma para a árvore de casa e uma para a da vovó, e ele presta atenção se o Papai Noel retira a cartinha das árvores”, conta a mãe. Na véspera do Natal, ela coloca discretamente o presente embaixo da árvore para que ele o encontre na manhã seguinte e o momento é sempre uma grande alegria.

“Escolhemos a opção de dar um presente para passar a ideia a ele de que todas as crianças merecem ganhar, sempre falamos que o Papai Noel tem muitos presentes para entregar. O objetivo é evitar o consumismo e ajudá-lo a fazer escolhas”, explica Jaqueline. Ela também gosta de escolher bem o tipo de presente que o pequeno irá receber. “Não damos brinquedos que a criança não tem interação, então, sempre tentamos algo que ele possa brincar à vontade, que possa ter várias experiências diferentes. Luzes e eletrônicos acabam ficando de fora”, conta.

Talita Rodrigues, mãe do Leon, 2, também opta por dar um presente comprado em loja, mas adquire mais presentes de outras formas. Ela mora em Munique, na Alemanha, onde os costumes são bem diferentes do Brasil. “Aqui o poder de compra é bem maior em comparação ao Brasil, mas ao mesmo tempo eles possuem uma cultura de não ostentação. As crianças são ensinadas desde cedo sobre finanças e economia doméstica. Então, queremos que o Leon cresça com essa consciência de dar valor ao que possui”, afirma Talita.

Por esse motivo, desde cedo levam o pequeno para feirinhas de bazar para escolher seus brinquedos ou recebem/trocam brinquedos com outras mães e vizinhos. “Acho incrível tudo isso! Aqui temos a cultura de doar e adquirir produtos de segunda mão. Eu comprei um pacote de roupas de segunda mão com uma mãe brasileira e ela doou um jogo de ferramentas para o Leon”, relata Talita.

A princípio, ele iria ganhar apenas esses itens, mas, como ele está em uma fase em que está curioso com artigos médicos, a mãe resolveu comprar um kit médico e um livro de medicina usado para crianças. Todo o processo é muito bem pensado. “Sempre levamos em conta o momento que ele se encontra, o que está gostando mais, o que pode ser útil para seu desenvolvimento, que pode ajudar sua motricidade e foco”, destaca.

A troca dos presentes acontece na manhã do dia 24 ou durante a ceia de Natal, que acontece na hora do almoço, já que a rotina de sono do pequeno começa cedo. “Leon ama surpresas e, para ele, ter um momento em família é muito especial. Digo isso pela reação dele quando recebe algo - não importa o que seja e quanto tenha custado - e quando passamos momentos juntos. Ele só quer fazer parte da família e se sentir incluído e notado”, finaliza Talita.

Afinal, existe uma quantidade ideal?

“É difícil falarmos em quantidade ideal. O que precisamos refletir é sobre o sentido que queremos dar ao presentear os nossos filhos”, aponta Luciana Jamas, psicóloga e psicoterapeuta infantil. Para ela, o importante é analisar o que está por trás deste gesto. “Muitas famílias relacionam o presente a uma forma de dar carinho e amor. Outras compensam dessa maneira a falta de tempo que conseguem dedicar aos filhos”, ressalta.

Por outro lado, também pode ser difícil resistir ao impulso de dar um presente e notar a carinha de surpresa deles. Mas, segundo a especialista, também é importante lembrar que, além dos pais, muitas vezes, as crianças recebem lembranças dos avós maternos, paternos e tios, por exemplo. Não podemos negar que ganhar presente é muito legal. Todo mundo gosta. Mas, como explica a psicóloga, tudo que vem em excesso pode ser prejudicial. Com presente é a mesma coisa.

Presentes em excesso podem gerar na criança uma dificuldade em lidar com frustrações. Elas tendem a ter problemas em esperar e não conseguem valorizar o que têm”, afirma. Além disso, quando ganham muitos presentes, passam a ter dificuldade em escolher com qual deles brincar. “Essa exposição a muitos estímulos pode prejudicar sua criatividade, não dando espaço para criar histórias”, diz Luciana Jamas.

Ainda há mais consequências que o excesso de presentes pode trazer para as crianças, que podem influenciar o adulto que ela irá se tornar. “Quando damos aos nossos filhos tudo o que eles querem, tiramos deles a oportunidade da expectativa, e eles acabam tendo mais dificuldade em criar vínculo com o presente. Podem, também, não valorizar o esforço, pois se ganham tudo o que pedem, não precisam se esforçar para ganhar", explica a especialista.

Por isso, antes de comprar, é importante levar todos estes fatores em consideração. “Vale a reflexão: será que eles precisam mesmo de mais um presente, ou o mais importante é dedicarmos tempo de qualidade com nossos filhos, criando vínculos afetivos e memórias que vão permanecer durante toda a vida?”, questiona Luciana Jamas.

A escolha do presente

Para evitar excessos e selecionar uma quantidade que faça sentido para a criança, Luciana James afirma que é necessário considerar o objetivo do presente e o sentido que quer mostrar ao filho ao presenteá-lo. “Um outro fator importante a se considerar nesse momento é refletir sobre quais valores queremos educar nossos filhos. É o momento de ensinar que qualidade é melhor que quantidade e que o afeto não se mede pelas coisas que ganhamos, mas sim pelas relações que construímos”, explica.

Na hora de escolher, vale considerar os gostos do pequeno. “Brinquedos educativos, por exemplo, são sempre interessantes, mas precisam ser atrativos para a criança que vai ganhar também, ela precisa se envolver com o brinquedo. Não adianta dar um presente que os pais gostem, mas que a criança não vai usar”, ressalta a especialista.

A idade indicativa também não pode ser deixada de lado. “Se dou um brinquedo que a idade é de 6 anos, para uma criança de 10, pode gerar frustração e desinteresse. Por outro lado, se dou um brinquedo indicado para 10 anos, para uma criança de 6, também pode gerar frustração e desinteresse, pois a criança por vezes precisará de auxílio durante a brincadeira”, diz Jamas.

Para não errar na escolha, é importante observar e, se a criança já tiver idade para isso, conversar sobre os seus desejos e interesses. A cartinha para o Papai Noel pode ser uma grande aliada neste momento. "Pode ser um momento valioso de aprendizagem. Ao auxiliar a criança a escrever a cartinha, temos a oportunidade de refletir com eles sobre comportamento, o que foi bom durante o ano, o que devemos manter e o que precisamos melhorar. Assim podemos mostrar o valor do merecimento, do esforço e da superação”, afirma.

Uma outra dica importante, é oferecer critérios para a escolha do presente, como jogos individuais ou familiares, brinquedos educativos, que auxiliem na criatividade. “Podemos aproveitar para levantar questões como: Você já tem um parecido, vai querer outro? Temos espaço para guardar? Temos espaço para utilizar esse presente? Quebra muito fácil? Faz muito barulho? É adequado para a sua idade?”, aponta Luciana Jamas.

Outros ensinamentos e reflexões podem surgir também. “Podemos ensinar que desejo não é direito, pois aprender a conquistar as coisas e a valorizá-las quando se obtém reforça traços importantes como perseverança e resiliência”, ressalta a psicóloga. Ou seja, o presente em si é muito legal, mas todo o processo pode ser muito enriquecedor. Aproveite o processo como um todo!

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