Nesta quinta-feira (1), o atleta Caio Bonfim, 33, entrou para a história do esporte nacional. Ele disputou a prova de 20 km da marcha atlética nas Olimpíadas de Paris e terminou em segundo lugar, levando a prata para casa. Com isso, se tornou o primeiro brasileiro a ganhar uma medalha olímpica na modalidade. Porém, quem vê essa conquista mal imagina os desafios que teve de enfrentar durante a infância para que pudesse chegar até ali.
Com apenas sete meses de vida, Caio teve meningite bacteriana. "Todo mundo aqui sabe o quão grave essa doença é, ao todo foram 15 dias de internação. E, pra honra e glória de Deus, eu não tive nenhuma sequela", contou em uma publicação nas redes sociais.
Aí veio outro obstáculo: meses depois, suas perninhas começaram a entortar. O atleta tinha intolerância à lactose e, por isso, não podia ingerir derivados de leite. Sem a quantidade necessária de cálcio no organismo, o desenvolvimento dos seus ossos acabou prejudicado.
"Após muitos exames e acompanhamentos, o ortopedista disse que o caso só se resolveria com cirurgia e que eu teria que repetir essa cirurgia constantemente, pois minhas pernas voltariam a entortar", disse.
Por sorte, isso não foi necessário. Uma única cirurgia foi suficiente para que Caio pudesse voltar a ter uma vida normal e brincar como toda criança. Tentou até ser jogador de futebol, mas, aos 16 anos, se encontrou em outra modalidade: fez seu primeiro teste para uma equipe de marcha atlética e nunca mais parou.
"Aos 18 anos, os médicos pediram para que eu voltasse ao consultório para fazer uma nova avaliação, já com o corpo de adulto. Chegando ao consultório, contamos ao médico que eu havia me tornado um atleta. Ele ficou surpreso, riu e brincou: 'Mas eu não te fiz pra ser um atleta, fiz pra ser no máximo jogador de dominó'. Mais uma vez, mal sabia ele dos planos de Deus na minha vida", comentou.
Os exames mostraram que a cirurgia não só havia dado certo, como também deu a Caio uma estrutura corporal "perfeita" para a marcha atlética. "O médico ficou maravilhado com os resultados. E, surpreso, disse: 'É, o milagre realmente foi grande, o seu corpo é totalmente adaptado para o seu esporte'. E, com a graça de Deus, aquele garotinho que tinha as pernas tortas, hoje está indo para a sua quarta Olimpíada", escreveu.