Uma mãe de Essex, na Inglaterra, ficou à beira da morte depois de contrair uma bactéria “comedora de carne”, no parto de sua primeira filha. Charleigh Boyne, 28, professora de dança, deu à luz em abril do ano passado, mas teve de voltar ao hospital às pressas, uma semana depois de ter recebido alta, com erupções na pele e calafrios.
Ela passou por uma tomografia computadorizada, que mostrou que ela tinha uma infecção rara e fatal, conhecida como fasciíte necrosante (NF). Causada por uma bactéria, a doença estava consumindo sua pele e seus músculos.
A mãe precisou passar por uma cirurgia, que teve seis horas de duração. Depois disso, foi colocada em coma induzido por dois dias. A fasciíte necrosante afeta 500 pessoas por ano no Reino Unido, segundo o NHS, o sistema público de saúde do país. Agora, ela compartilha sua história para aumentar a conscientização sobre a doença, que, se não for tratada rapidamente, pode ser fatal.
"Entrei em trabalho de parto e estava tudo normal", contou Charleigh, ao Daily Mail, relembrando a história. “Fui para casa e, cerca de seis dias depois, fiquei doente. Eu tinha uma erupção cutânea com vergões na minha barriga. Parecia uma queimadura. A erupção era dolorosa e eu sentia calafrios constantes, como se meus ossos fossem desmoronar. Eu só queria dormir. Meu marido estava apavorado”, diz ela.
A mãe, então, voltou ao hospital e a tomografia mostrou que a bactéria estava corroendo seu abdômen. “Os médicos chegaram rapidamente e disseram que eu precisava de uma cirurgia de emergência ou eu iria morrer. Foi o momento mais estranho da minha vida. Foi como em um filme em que alguém recebe uma grande notícia e tudo fica abafado. Foi uma experiência fora do corpo. Eles me abriram e removeram tudo que estava morto. Quando acordei, me disseram que dois dias haviam se passado e que eu ficaria bem”, recorda-se.
Embora tenha se recuperado, Charleigh lida até hoje com o estresse pós-traumático, causado pela doença. Além disso, ela ficou com uma cicatriz de 13 centímetros, que faz com que ela tenha dificuldade de se olhar no espelho. “Estou melhor fisicamente, mas ainda estou no processo de cura. Tenho uma cicatriz e tenho transtorno do estresse pós-traumático. A cicatriz realmente afeta minha confiança. Eu luto para olhar no espelho. Eu não uso roupas que deixem a barriga de fora, mas, ainda assim, dá para ver já que fica uma marca", relata.
A mulher conta que sua filha não teve nenhum problema e continua se desenvolvendo bem. “Alessia é perfeita. Ela está amando a vida. Ela é uma pequena muito feliz. Nós adoraríamos ter mais filhos, mas eu vou ser muito cautelosa”, afirma.
Charleigh criou uma página no GoFundMe para arrecadar dinheiro para a Lee Spark NF Foundation e o Colchester Hospital, Essex, a quem ela agradece por salvar sua vida. “Vou fazer uma meia maratona pela Lee Spark, que me ajudou a aceitar o que aconteceu, e pelo Hospital Colchester, que salvou minha vida. A conscientização é importante. A maioria das pessoas não tem ideia do que é fasciíte necrosante. Por mais rara que seja, ainda é uma possibilidade e não pode ser diagnosticada, se as pessoas não souberem o que é. Quando chega, chega rápido. Você pode pegar de um resfriado ou de uma ferida aberta”, completa.
O que é fasciíte necrosante?
A fasciíte necrotizante, popularmente conhecida como "doença comedora de carne", é uma infecção bacteriana rara, mas extremamente cruel. 'Necrotizante' refere-se a algo que causa a morte do tecido corporal, e a infecção pode destruir a pele, os músculos e a gordura.
A doença se desenvolve quando a bactéria entra no corpo, muitas vezes através de um pequeno corte ou arranhão. À medida que as bactérias se multiplicam, elas liberam toxinas que matam o tecido e cortam o fluxo sanguíneo para a área. A bactéria se espalha rapidamente por todo o corpo.
Os sintomas incluem pequenos nódulos ou inchaços vermelhos na pele, hematomas que se espalham rapidamente, sudorese, calafrios, febre e náusea. Falência de órgãos e falência circulatória também são complicações comuns.
Os pacientes devem ser tratados imediatamente para evitar a morte e geralmente recebem antibióticos poderosos e cirurgia para remover o tecido morto. A amputação pode ser necessária se a doença se espalhar por um braço ou perna. Os pacientes podem ser submetidos a enxertos de pele após o desaparecimento da infecção, para ajudar no processo de cicatrização ou por razões estéticas.