A ansiedade na reta final de gravidez é comum entre as mulheres. Cada dia que se aproxima da 40ª semana, as gestantes ficam na expectativa do nascimento do seu bebê. Mas, há casos em que os pequenos demoram para dar sinais de que estão prontos para nascer, o que faz com que as grávidas recorram a algumas estratégias para acelerar o trabalho de parto.
Para dar um "empurrãozinho" no nascimento do bebê, certas mulheres optam por ter relações sexuais antes do parto. Mas, afinal, isso faz sentido? Durante o orgasmo, de fato, há a liberação de ocitocina – hormônio responsável pelas contrações uterinas. Porém, a quantidade liberada é pequena, ou seja, não é um estímulo persistente para entrar em trabalho de parto.
![Sexo na gravidez: assunto gera dúvida em muitos casais — Foto: (Foto de Amina Filkins no Pexels)](https://s2-crescer.glbimg.com/skVOC9p87zcMBZtoTIQfWprrBVs=/0x0:1920x1280/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_19863d4200d245c3a2ff5b383f548bb6/internal_photos/bs/2022/U/t/nr73BySN2e6tBoeGKnOA/2021-05-05-pexels-amina-filkins-5425141.jpeg)
Nas últimas semanas de gestação, é comum que alguns médicos indiquem o sexo para incentivar o trabalho de parto. No entanto, na maioria das vezes, essa iniciativa não dá certo, porque os receptores para ocitocina no útero só aumentam quando o bebê está pronto para sair.
O esperma masculino contém prostaglandinas, que poderiam, em teoria, também induzir o amolecimento e dilatação do colo e provocar contrações. Mas a quantidade também é insuficiente para que isso tenha algum efeito na prática. Estudos já demonstraram que o índice de bishop (medida de quanto o colo do útero está pronto para o parto, levando em consideração a altura da cabeça do bebê; a textura, a espessura, a dilatação e a posição do colo) não se altera em gestantes de termo com a relação sexual.
A mulher pode ter relação sexual no fim da gravidez?
Sim, até o final, ao menos que exista alguma situação especial. Há vários estudos que comprovam que, em gestações normais, a atividade sexual não provoca danos à saúde da mãe nem do bebê. Um deles, publicado pela The Lancet, acompanhou mais de 10 mil gestações únicas e comprovou que não houve maior incidência de parto prematuro entre pacientes que tinham atividade sexual frequente. Portanto, em gestantes de baixo risco, a atividade sexual é livre até os últimos dias da gravidez.
Em que situações o médico pode contraindicar o sexo na gestação?
O sexo pode ser contraindicado em situações específicas, como em casos de placenta prévia (quando a placenta está muito baixa e o ato sexual pode provocar sangramento); de amniorexis prematura (quando a bolsa rompe antes do trabalho de parto); se há infecções; ou risco maior de parto prematuro – ainda que, nessa situação, o benefício da abstinência sexual seja controverso.
Há risco de o pênis machucar o bebê durante a relação sexual?
Não precisa se preocupar, não há risco! Dentro do útero, o bebê está protegido por diversas camadas de músculo e pelo saco gestacional (nome da bolsa que o envolve, onde ele “flutua” no líquido amniótico). Além disso, no colo do útero se forma uma camada de muco que “fecha” a entrada desse órgão, com o objetivo de mantê-lo livre de germes e bactérias. Esse tampão só vai ser eliminado pelo corpo dias ou horas antes do parto. Portanto, fique tranquila!
O ato sexual pode estimular o trabalho de parto precocemente?
Em gestantes de baixo risco, não. Em gestante de alto risco para parto prematuro, os dados são controversos e, por isso, em algumas situações, o médico pode restringir a atividade sexual, sim.
Fontes: Carolina Ambrogini é ginecologista, obstetra e sexóloga e Diana Vanni, ginecologista e obstetra