Parto
 


A chegada de um bebê ao mundo é um momento inesquecível e carregado de expectativas e dúvidas. Entretanto, uma coisa é certa: o respeito à gestante e garantia de seu conforto e vontades nesse momento faz toda a diferença. É essa uma parte da premissa do parto humanizado, um tipo de parto que busca, além da segurança de mãe e bebê, tratar a mulher como protagonista.

"O parto humanizado deve ser igualitário: ele independe da via de parto, todos os partos para serem humanizados requerem informação, respeito e acolhimento. Isso cabe ao profissional, ser bem instruído, ter amor pela profissão e tratar o próximo com empatia", descreve Priscila Salvador, enfermeira obstetra, parteira e doula da Clínica Parto com Amor.

Parto humanizado é sobre a assistência e cuidado que a mãe recebe, além do respeito aos seus interesses e decisões na hora do parto — Foto: Ryutaro Tsukata/Pexels
Parto humanizado é sobre a assistência e cuidado que a mãe recebe, além do respeito aos seus interesses e decisões na hora do parto — Foto: Ryutaro Tsukata/Pexels

O que é parto humanizado?

Parto humanizado pode ser qualquer tipo de parto, normal ou cesárea, desde que seja respeitado o protagonismo da mulher. Nesta modalidade, o principal é que a equipe médica responsável fique atenta ao plano de parto e aos desejos da gestante e faça de tudo para mantê-la confortável durante todo o processo. Podem ocorrer intervenções médicas, como indução, anestesia e fórceps, desde que necessárias para a saúde e autorizadas pela mãe. Geralmente ocorre em hospitais ou casas de parto em um ambiente que lembre o útero materno: silencioso, de temperatura amena e com pouca iluminação.

Segundo Juliana Schablatura Vera, ginecologista e obstetra da Clínica Parto com Amor, o termo “humanizado” foi necessário para que a assistência oferecida nesse modelo se diferenciasse dos partos clássicos e muitas vezes violentos que eram oferecidos a quase todas as mulheres no ambiente hospitalar. "O parto humanizado, então, está baseado em três pilares fundamentais: o protagonismo da gestante, assistência baseada nas mais atuais evidências científicas e transdisciplinaridade", diz.

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Assim, o protagonismo consiste em garantir que os desejos da gestante, quando possíveis, sejam respeitados e discutidos, e que ela possa viver esse momento da forma que se sentir segura. Já o segundo pilar existe para que mãe e bebê saiam saudáveis dessa experiência, física e emocionalmente. Quanto à transdisciplinaridade, "consiste em incorporar outros profissionais no cenário do parto, como enfermeiras obstetras/obstetrizes, doulas, fisioterapeutas, e entendendo que cada profissional irá agregar para uma experiência de parto segura e positiva", explica a profissional.

Parto por cesárea pode ser humanizado?

Juliana Vera explica que o parto por cesárea também pode ser humanizado, porém com algumas ressalvas. "Nesse caso, é importante lembrar dos três pilares da humanização. Quando há indicação para o procedimento cirúrgico, quando a gestante está informada e ciente de tudo, e quando outros profissionais estão envolvidos nesse preparo para o procedimento, a cesariana será, sim, humanizada", pontua.

Entretanto, a obstetra reforça a necessidade de ter cautela e que algumas coisas são supérfluas, mas “vendidas” como se fossem sinônimo de humanização - como enfeites, música ambiente e “deixar a mãe ver o bebê”. "Em um cenário com tanta violência obstétrica, ainda é importante lutar por respeito, informação e dignidade a todas as mulheres", declara.

Esse foi o cenário vivido pela influencer Camila Monteiro, que passou por uma cesárea de emergência para o parto prematuro dos gêmeos Noah e Aurora, em novembro de 2021. Em um relato compartilhado em seu perfil do Instagram em janeiro do ano passado, Camila fez questão de destacar que, apesar da angústia de passar por um parto antes da hora, o nascimento dos gêmeos foi inesquecível e humanizado. “E para ser humanizado não basta luzes bonitinhas no teto e musiquinhas tocando. É muito mais profundo que isso. A forma como somos tratadas que define a humanização. Minha dignidade foi respeitada, assim como a do meu marido e a dos nossos filhos”, afirmou.

Camila Monteiro deu à luz Noah e Aurora na madrugada de 10 de novembro — Foto: Instagram
Camila Monteiro deu à luz Noah e Aurora na madrugada de 10 de novembro — Foto: Instagram

Ela contou, ainda, que não teve os braços amarrados, não houve conversas paralelas durante o parto e que pediu para diminuírem as luzes, deixando o ambiente mais acolhedor. “Não senti o frio que uma sala cirúrgica costuma nos provocar. Só ouvia o meu marido, a médica e o som do Salmo 91. Foi lindo, lindo!”, relatou.

Benefícios do parto humanizado

Esse tipo de parto possibilita a e escolha durante o trabalho de parto das intervenções médicas desejadas. Entretanto, para ser humanizado, é preciso encontrar uma equipe que realmente acolha os princípios desse tipo de parto, o que pode ser um desafio, já que no Brasil ainda prevalecem práticas intervencionistas.

"O ponto principal do parto humanizado é ser seguro para mãe e bebê. Inclusive, há a tendência de usarmos apenas esse termo: parto seguro. Os benefícios são inúmeros, já que como há menos intervenções desnecessárias, os riscos de sangramento aumentado, infecções, cesarianas sem indicação precisa, e sofrimento fetal, são menores", ressalta Juliana Schablatura Vera

Preparo para o parto e profissionais envolvidos

Na hora em que a gestante irá dar à luz, o pilar da transdisciplinaridade é colocada em prática para envolver uma variedade de profissionais da saúde no processo. "Enfermeira obstetras e/ou obstetrizes, médico obstetra, anestesista e pediatra fazem parte dessa equipe. Podendo haver demais profissionais como doula e fisioterapeuta pélvica", explica Priscila Salvador.

Segundo Priscila, esses profissionais devem colaborar para que a gestante e o bebê tenham uma experiência segura e tranquila antes, durante e depois do parto humanizado. "Além da segurança técnica de bem estar materno e fetal, precisamos garantir um ambiente calmo, acolhedor, respeitoso e amoroso. Saber as expectativas e os desejos desta gestante e casal fazem toda diferença para um nascimento seguro e leve", conta a enfermeira.

Ressignificação do parto

Depois de uma cesárea quase que imposta, Lívia Polichiso, professora, bióloga e consultora em aleitamento materno buscou uma ressignificação em seu segundo parto e optou pelo modelo humanizado, para garantir todo esse respeito e acolhimento que não sentiu da primeira vez. Quando descobriu a segunda gravidez, fez diversas pesquisas sobre o que é parto humanizado e como poderia reescrever sua experiência com o parto. Através de uma conversa com a prima, chegou ao Coletivo Nascer: uma nova proposta, onde partos hospitalares fossem acessíveis a outras classes sociais e o pré-natal fosse como o próprio nome sugere, coletivo.

"Eu queria muito este parto. Eu queria muito deixar meu bebê chegar na hora dele, como ele quisesse e que fosse o encontro mais mágico dentro do mundo que seríamos nós. Eu acredito que no instante que uma vida chega, o 'como ela chega' importa. Eu acredito que parto empodera tanto quanto ele cura. E eu sentia que nele estava a minha cura. E estava", disse em relato à CRESCER.

Lívia esteve em busca pelo protagonismo no parto  — Foto: Arquivo pessoal
Lívia esteve em busca pelo protagonismo no parto — Foto: Arquivo pessoal

Com 35 semanas, o pequeno Valentim deu indícios que iria nascer, e Lívia teve uma ruptura de bolsa precoce. Entretanto, a mãe não entrou em trabalho de parto nem nas horas, nem nos dias seguintes - e decidiu por esperar. "Todos os dias, alguém passava para nos ver. Todos os dias, discutíamos as opções. Todos os dias, após ver que tudo estava bem, eu escolhia por esperar ele mostrar que realmente estava pronto. E com 156 horas de bolsa rota, no sábado do dia 13 de abril de 2019, Valentim chegou como imaginei: naturalmente, com zero intervenções em mim e nele, em um parto rápido e intenso, com luzes baixa, nossas músicas, ambiente quentinho, recepcionados pelos braços do pai, mamando por duas deliciosas horas, sem pressa, com cordão pulsando, como deve ser", conta Lívia.

Parto humanizado no SUS

Apesar de seus benefícios tanto para a mãe, quanto para o bebê, o parto humanizado ainda é um tipo de parto restrito e elitizado, e nem todas as equipes de parto são capacitadas para oferecer um atendimento nesse modelo. Entretanto, algumas iniciativas já colaboram para tornar o parto humanizado uma possibilidade para mais brasileiras. A Rede Cegonha, por exemplo, completa 12 anos em 2023 e propõe um modelo humanizado de atenção ao parto e ao nascimento no Sistema Único de Saúde. Além disso, a rede auxilia na redução do número de práticas consideradas inadequadas no momento do acompanhamento da gravidez, do parto e do pós-parto.

Para mostrar que é possível, sim, que a saúde pública tenha boas práticas nesse sentido, a fotógrafa curitibana Luciana Zenti decidiu fazer uma série de registros na Maternidade Bairro Novo, de Curitiba (PR), que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS). As imagens renderam um projeto, o Parto delas, que busca ressaltar a importância de um parto com respeito e a possibilidade de que esse modelo humanizado inclua mulheres independentemente de sua condição econômica e social.

"Precisamos entender que a massa de mulheres brasileiras está sendo atendida em maternidades públicas. São mulheres invisíveis para boa parte da população", diz Zenti em entrevista à CRESCER. “Há bons exemplos desse atendimento ao parto de qualidade em todo o país. A ideia [do projeto] é dar luz às iniciativas de sucesso na saúde pública para fortalecer o parto no SUS e inspirar outras maternidades a seguir pelo mesmo caminho”, finaliza.

A ideia é mostrar que um parto com respeito pode ser para todas, sim  — Foto:  Luciana Zenti/ Divulgação
A ideia é mostrar que um parto com respeito pode ser para todas, sim — Foto: Luciana Zenti/ Divulgação

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