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O enjoo é um dos sintomas mais clássicos da gestação, sobretudo no primeiro trimestre. Junto da ausência da menstruação, é um dos sinais que leva muitas mulheres a desconfiarem que esperam um bebê e a buscar fazer um teste de gravidez. É normal e esperado que isso aconteça. De acordo com a ginecologista e obstetra Luciana Nicastro, coordenadora de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital e Maternidade Sepaco (SP), 90% das gestantes relatam algum grau de náusea durante a gestação.

Grávida passando mal com enjoo — Foto: Freepik
Grávida passando mal com enjoo — Foto: Freepik

No entanto, em certos casos, a intensidade e a quantidade de vômitos são exageradas, o que caracteriza uma condição mais rara, conhecida como hiperêmese gravídica. Além de afetar severamente a qualidade de vida da mulher, pode impactar sua saúde e a saúde do bebê, levando à perda de peso, desidratação e distúrbios hidroeletrolíticos [causados pela perda de líquidos e eletrólitos, que ajudam a regular diversas funções do organismo]. A hiperêmese acontece em 0,3% a 3% das gestações, segundo a médica.

O nome ganhou bastante popularidade quando Kate Middleton sofreu com o transtorno, nas gestações dos três filhos, George, Charlotte e Louis. A duquesa britânica chegou a ser internada por conta do transtorno.

Para se ter uma ideia do quão grave pode ser o problema, uma estimativa feita pela ONG britânica Pregnancy Sickness Support, que atua no apoio a mulheres que sofrem de náuseas e vômitos durante a gestação, revela que 10% das grávidas diagnosticadas com hiperêmese gravídica decidem interromper a gestação, por não suportar os sintomas. Um dos desafios enfrentados por mulheres com a hiperêmese gravídica é a tendência de os médicos de dizerem que a condição é normal.

Um estudo feito pela Universidade de Plymouth, também no Reino Unido, mostrou que a doença pode afetar a saúde mental das mulheres e gerar sérios danos psicológicos. Para chegar a essa conclusão, os cientistas se debruçaram sobre material publicado nos últimos vinte anos, que abrangia diversos relatos de mulheres com hiperêmese. A análise mostrou que o prejuízo mental era tão intenso, que muitas delas chegavam a ter pensamentos suicidas. Os pesquisadores identificaram quatro sintomas decorrentes da condição e que podem estar relacionados à saúde mental: o isolamento social; a incapacidade de cuidar de si mesma ou dos outros; os efeitos psicológicos negativos, como a depressão e a culpa; e uma sensação de estar morrendo, de querer morrer ou, novamente, o desejo de abortar. Ou seja: o assunto é muito sério e não dá para ignorar!

Como diferenciar enjoos comuns de hiperêmese gravídica?

A frequência pode variar, de acordo com cada mulher, mas, em geral, os enjoos na gestação são mais comuns da 6ª semana até o fim do primeiro trimestre. Quando essas náuseas, vômitos ou hiper salivação são excessivos, constantes, severos e continuam no segundo trimestre, é importante investigar o problema.

Além dos vômitos, a obstetra aponta outros sinais de alerta importante, ligados à desidratação, que devem levar a grávida a conversar com seu médico para saber se é hiperêmese. “Nesses casos, o ideal é procurar orientação médica e a internação hospitalar para correção dos distúrbios”, diz ela. São eles:

  • Queda de pressão ao ficar em pé
  • Urina escura em pequena quantidade
  • Alterações de eletrólitos nos exames
  • Alterações de função hepática e renal nos exames
  • Perda de peso

Diagnóstico de hiperêmese gravídica

Mulher grávida com enjoo — Foto: Freepik
Mulher grávida com enjoo — Foto: Freepik

Uma vez que a mulher desconfie de que há algo errado, é fundamental buscar atendimento o quanto antes, para realizar exames e avaliar a necessidade de intervenções. “É muito importante realizar o diagnóstico diferencial com outras doenças que cursam com náuseas e vômitos, principalmente se o quadro iniciar na segunda metade da gestação, para propor o tratamento adequado o mais rápido possível, prevenindo complicações”, orienta a especialista.

O diagnóstico da hiperêmese é clínico e baseado na observação dos sintomas. Alguns dos critérios são:

  • Mais de três episódios de vômito por dia, associados à perda de 5% do peso
  • Impossibilidade de comer e beber
  • Restrição das atividades

Além de avaliar fisicamente e conversar com a mulher, o médico pode usar ferramentas, como questionários que facilitem a pontuação dos sintomas. Isso permite classificar a gravidade e a intensidade da doença. “A confirmação pode ser feita ao identificar alterações em resultados de testes laboratoriais, como distúrbio de eletrólitos, função renal, hepática, tireoidiana, amilase [enzima digestiva produzida pelo pâncreas e pelas glândulas salivares], vitaminas e cetonuria [alterações na urina da gestante]”, diz Luciana.

O que causa hiperêmese gravídica?

Segundo a médica obstetra, a condição é multifatorial, ou seja, não existe uma única causa. Infelizmente, também não há maneira conhecida de prevenção – apenas a identificação precoce, para tratar o quanto antes.

“Parece existir um risco genético maior associado a alterações hormonais, distúrbios da motilidade gastrointestinal, deficiência de nutrientes como zinco e vitamina B6, alterações do colesterol, queda da imunidade e ainda correlação com sintomas de depressão”, exemplifica.

Luciana também aponta que pode haver alguma relação com o lugar em que a grávida vive, já que náuseas e vômitos são mais frequentes em países ocidentais e em centros urbanos – e menos comuns na África e na Ásia, por exemplo. “Mulheres jovens e primigestas [que estão grávidas pela primeira vez] parecem ser mais afetadas do que as mais velhas e multíparas [que já tiveram mais de uma gestação]”, afirma. No entanto, assim como aconteceu com a princesa Kate Middleton, mulheres que tiveram hiperêmese em uma gestação anterior têm mais riscos de ter novamente, em gestações seguintes.

Outros fatores de risco para hiperêmese, apontados pelas evidências científicas, são as gestações gemelares, a doença do refluxo gastroesofágico, e a não utilização de vitaminas no período pré-gestacional e nas primeiras seis semanas de gravidez. A gravidez molar, que é quando não há bebê e sim um crescimento de tecido anormal, também oferece mais chances de a mulher ter os episódios de vômitos excessivos, que caracterizam a condição.

Hiperêmese gravídica tem tratamento?

Diante do diagnóstico de hiperêmese gravídica é essencial buscar tratamento o quanto antes. Além do incômodo e dos riscos à saúde da mãe, o bebê também pode ser afetado, com déficit de crescimento e mais chances de prematuridade. “Os estudos mostram que na maioria das vezes isso acontece com grávidas que tenham ganho de peso inferior a 7 kg”, aponta Luciana.

A conduta vai depender da avaliação individual de cada gestante, mas em casos frequentes, a condição requer internação hospitalar, para realizar o tratamento adequado, via endovenosa, com antiemético, corticoide, hidratação, correção dos eletrólitos e reposição de vitaminas, entre outros. “As causas mais comuns, que determinam a necessidade de hospitalização são desidratação, perda de peso e alterações nos exames laboratoriais”, indica a obstetra.

Dá para aliviar os enjoos?

Além do tratamento medicamentoso e da internação, quando for o caso, é possível seguir algumas medidas que ajudam a amenizar os enjoos e vômitos em casa. Priorizar uma alimentação adequada é umas principais. Veja a lista:

  • Ingerir alimentos frios e secos, várias vezes ao dia
  • Evitar jejum prolongado
  • Comer devagar, em pequenas porções
  • Escovar os dentes após as refeições
  • Evitar escovar os dentes quando estiver em jejum
  • Consumir vitaminas junto com as refeições
  • Consumir gengibre
  • Acupuntura
  • Psicoterapia

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