Dados oficiais do Reino Unido publicados nesta semana mostram quão drasticamente a maternidade mudou nas últimas décadas na região. As gestações entre mulheres com mais de 40 anos subiram para o nível mais alto desde que os registros começaram, antes da virada do século. No entanto, as concepções entre os adolescentes despencaram no mesmo período, apesar de se recuperarem ligeiramente em 2022.
Ao longo da última década, a visão tradicional do casamento antes dos filhos saiu lentamente de moda, com dois terços das gestações na Inglaterra e no País de Gales agora ocorrendo fora do casamento. Os últimos dados do Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês) mostram que 824.983 concepções foram registradas nas duas nações em 2021 — o primeiro aumento em seis anos. Mais de 33 mil estavam entre aquelas com uma idade materna "mais velha" — a maior já registrada, com a taxa de concepção subindo para 17,3 por 1.000 pessoas com mais de 40 anos em 2021.
![Crescer número de mulheres que se tornam mães após os 40 anos — Foto: Polina Tankilevitch/Pexels](https://s2-crescer.glbimg.com/_DIdL6VaCtqx1FJpDPBX5l57cRs=/0x0:1280x853/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_19863d4200d245c3a2ff5b383f548bb6/internal_photos/bs/2023/e/g/aslxf6TDm88n5Bogx3iQ/pexels-polina-tankilevitch-3875136.jpg)
Especialistas acreditam que o aumento de mulheres mais velhas tendo filhos está diretamente ligado à carreira profissional, bem como os avanços na reprodução assistida e em outros tratamentos de fertilidade. A demanda por óvulos doados — um dos métodos mais comuns para mulheres mais velhas terem um bebê — aumentou nos últimos anos. Outras opções incluem fertilização in vitro, se a mulher ainda tiver alguns de seus próprios óvulos, ou inseminação intrauterina, na qual o espermatozoide é colocado diretamente no útero usando um cateter. Medicamentos para fertilidade e cirurgia são outras possibilidades.
De acordo com o ONS, as mulheres de 30 a 34 anos tiveram o maior número de concepções pelo quinto ano consecutivo, com um recorde de 249.073. Essa faixa etária também teve a maior taxa de concepção: de 116,2 por 1.000 mulheres e a menor porcentagem de gestações que levaram ao aborto.
Cerca de 43.116 concepções foram registradas entre meninas adolescentes em 2021, um pouco acima das 42.093 registradas em 2020. Mas ainda é menos da metade do número para esse grupo há uma década, caindo de 30,9 concepções por 1.000 mulheres, em 2011, para 13,2 por 1.000, em 2021. De todas as faixas etárias, aqueles com menos de 16 anos viram a maior mudança percentual nas taxas de fecundidade entre 2011 e 2021 – uma queda de 4,6%. Houve 2,1 concepções por 1.000 mulheres nessa faixa etária em 2021, em comparação com 6,1 concepções por 1.000, em 2011.
Especialistas sugeriram que a gravidez na adolescência caiu devido a uma melhor educação sexual, o ingresso em faculdades e universidades, experiências sexuais posteriores e moradias menos acessíveis. Esta parcela da população também teve a maior porcentagem de concepções que levaram ao aborto (59,8%). Essa taxa geralmente vem aumentando para todas as faixas etárias desde 2015 e atingiu um recorde de 26,5% em 2021, acima dos 25,3% em 2020.
Regionalmente, Londres experimentou a maior queda nos níveis de concepção na última década para mulheres com idade entre 15 e 44 anos: uma queda de 20,9% desde 2009. Por outro lado, West Midlands, um condado localizado no centro da Inglaterra, registrou a maior taxa de concepção, com 78,1 concepções por 1.000 mulheres com idade entre 15 e 44 anos, enquanto o Sudoeste do país registrou o menor número, com 64,6 concepções por 1.000 mulheres.
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Embora o número de concepções para mulheres de todas as idades na Inglaterra e no País de Gales tenha aumentado pela primeira vez em seis anos, os dados do ONS também sugerem que esta é a menor taxa geral observada desde 2001, com 71,5 por 1.000 mulheres em 2021. O isolamento social e as restrições impostas pela pandemia de covid-19, que começaram em 2020 e diminuíram gradualmente durante 2021, podem ter tido um impacto no comportamento de algumas pessoas que vivem em diferentes regiões, de modo que "poderiam ter afetado o número total de concepções e taxas de concepção".
Siân Bradford, pesquisadora sênior em saúde infantil do ONS, disse: "O comunicado de hoje fornece uma compreensão mais aprofundada das taxas de concepção durante a pandemia de coronavírus, quando lockdowns e restrições podem ter afetado comportamentos. Podemos ver que o número de concepções na Inglaterra e no País de Gales aumentou pela primeira vez desde 2015 e atingiu um recorde para mulheres de 30 a 34 anos e para mulheres com 40 anos ou mais."
E ela acrescentou: "Curiosamente, nossos dados mostram uma maior taxa de concepção entre as mulheres que não eram casadas ou em uma parceria civil. Apesar de uma porcentagem maior de abortos, as mulheres que não eram casadas ou em união civil ainda têm um maior número de concepções que conduzem à maternidade. Mais trabalho será necessário para estabelecer se isso marca uma mudança na tendência."
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