Histórias
 


Para muitos brasileiros, o dia 8 de julho de 2014 não traz boas memórias à tona, afinal, foi o dia em que o Brasil foi eliminado da Copa do Mundo pela Alemanha, perdendo de 7 a 1. Mas, para Camila Patucci da Silva, 42, radialista, de São Paulo, a data tem um significado completamente diferente: o nascimento do seu filho, Ricardo, que completa 10 anos nesta segunda-feira. Além de nascer no mesmo dia do jogo, o pequeno ainda teve uma coincidência com o placar: ele nasceu com sete dedos no pé direito, condição chamada polidactilia.

Ricardo nasceu com sete dedos no pé — Foto: Arquivo pessoal
Ricardo nasceu com sete dedos no pé — Foto: Arquivo pessoal

Tudo começou no sexto mês de gestação, quando, durante o ultrassom do segundo trimestre, a médica detectou os dedinhos extras do menino. "Eu não estava esperando jamais. Meu marido que falou para a médica olhar bem para as mãos dele, porque ele nasceu com uma verruguinha, não chegava a ser um dedo, então já foi retirada na sala de parto, e o tio dele também teve a mesma condição. Ela começou a olhar as mãos, não tinha nada. Aí foi no pé esquerdo, não tinha nada. Aí no pé direito, ela ficou, insistiu. Então, falou: 'Veio aqui, sete dedos perfeitos com unhas e, inclusive, a formação do pé é diferente, é mais largo'", lembra Camila em entrevista exclusiva à CRESCER.

A notícia chocou a mãe. "Eu fiquei assustada, passam mil coisas na cabeça da gente, ainda mais porque a gente não escuta falar sobre isso, mas a médica nos tranquilizou. Primeiro ela falou que era raro, porque é difícil acontecer em um membro só, normalmente é nos dois. Aí a cabeça já começa a girar. Meu marido ficou mais chateado ainda, porque pensava que tinha passado alguma coisa para o nosso filho", diz. A médica continuou confortando o casal, dizendo que o bebê estava saudável e, no momento, não havia nada que pudesse ser feito, mas Ricardo precisaria de atenção após o parto, pois a condição poderia afetar a locomoção.

'Todo mundo dizia que ele já era especial'

Depois do choque incial, o resto da gravidez foi tranquila. "A família começou a ficar ansiosa para ver o Ricardo dos sete dedos. Todo mundo dizia que ele já era especial. Agora, com o placar, ele é mais ainda. Ele é o único na vida que vai ter essa coincidência", destacou. A data foi escolhida e o pequeno nasceu por cesárea, pois Camila tem uma prótese na coluna e seu neurologista disse um parto normal não seria seguro. "Já que dava para escolher, eu falei para o meu obstetra que só não queria uma data ímpar, então surgiu a ideia de ser dia 8 de julho. Meu marido falou: 'Doutor, mas é o dia do jogo do Brasil' e ele respondeu: 'Calma o jogo é a tarde. O Ricardo vai nascer de manhã'", conta.

Conforme previsto, o menino chegou ao mundo às 11h24. "Eu nem vi o jogo, mas depois a gente soube que foi 7 a 1 e o padrinho do Ricardo relacionou uma coisa com a outra. Aí foi essa coincidência, ele nasceu no dia do 7 a 1 com sete dedos e a gente deu risada. Para a maioria dos brasileiros, essa data ficou como uma coisa chocante, foi o dia da goleada. Mas, para mim, foi o nascimento do meu filho. É isso que vai ficar registrado na minha memória", recorda.

Ricardo com sete dedos — Foto: Arquivo pessoal
Ricardo com sete dedos — Foto: Arquivo pessoal

Camila também conta que desde a maternidade, o filho já era popular. "Todo mundo que passava na frente do meu quarta colocava a cabeça para ver se enxergava o menininho que nasceu com sete dedos", afirma.

Ricardo quando bebê — Foto: Arquivo pessoal
Ricardo quando bebê — Foto: Arquivo pessoal

O tratamento

Dois meses depois do nascimento de Ricardo, ela procurou um médico para tratar a condição e entraram em contato com Rafael Yoshida, especialista em ortopedia pediátrica do Hospital Ortopédico AACD. "Ele explicou que o pé dele vai se desenvolvendo a medida que ele vai crescendo. Então, vai chegar um momento que vai incomodar para andar, para pôr um tênis, a questão do equilíbrio. Então, a solução era cirúrgica", diz Camila.

Eles logo começaram com os preparativos, fizeram exames de ressonância magnética e, quando Ricardo completou nove meses, eles realizaram o procedimento para amputar os dedos e corrigir o formato do pé. "Fiquei com o coração apertado, mas sabia que ia dar tudo certo", diz. A cirurgia foi um sucesso e Ricardo se recuperou rapidamente. Ele precisou usar um gesso no pé, mas isso não interferiu em nada. O pequeno aprendeu a engatinhar ainda com o gesso e, depois que tirou alguns meses depois, já começou a andar como se nada tivesse acontecido. "Foi até bom ele ter feito o procedimento quando bebê porque ele não sentiu o pós cirúrgico. Não me deu trabalho nenhum", comemora.

Em 2019, quando Ricardo tinha 4 anos, ele precisou passar por mais uma cirurgia. "Começou a subir uma cartilagem no peito do pé, o que já tinham nos avisado que seria possível acontecer, porque o pé dele estava em formação constante. Aí isso começou a atrapalhar na hora de colocar o sapato. Então, decidimos fazer a cirurgia para raspar esse osso e dar mais conforto para ele", explica a mãe. O segundo procedimento também foi tranquilo e menos invasivo, Rafael Yoshida até utilizou a mesma cicatriz da primeira cirurgia. O pequeno se recuperou bem e, até agora, não houve necessidade de mais intervenções cirúrgicas.

Ricardo e Rafael Yoshida — Foto: Arquivo pessoal
Ricardo e Rafael Yoshida — Foto: Arquivo pessoal

'Ele corre, joga bola, faz judô...'

Hoje, Ricardo não tem nenhuma sequela da sua polidactilia, mas segue fazendo acompanhamento regular com o ortopedista. "Ele corre, joga bola, faz judô", diz Camila. Agora, com 10 anos, o menino não tem vergonha da sua história e vive contando para as pessoas sobre os seus sete dedos. "A gente levou isso no bom humor, na fé de que ia dar tudo certo. Ele acha [a coincidência com o 7 a 1] engraçada. Nós conhecemos outras pessoas que fazem aniversário dia 8 de julho também, mas ele diz: 'Nossa mãe, do meu jeito, só eu'", brinca.

"Foi uma coisa marcante na na vida do Ricardo e na nossa vida. Também foi um aprendizado, eu aprendi que a gente não pode sofrer por antecipação. Quando você vai pelo caminho certo, você encontra os melhores resultados possíveis", finaliza.

Ricardo no judô — Foto: Arquivo pessoal
Ricardo no judô — Foto: Arquivo pessoal

Sobre polidactilia

"A polidactilia é a duplicação dos dedos", diz Rafael Yoshida. Existem diferentes graus de gravidade, desde a formação de um pequeno brotinho até o desenvolvimento de dedos inteiros, com articulações. É possível que os dedos se desenvolvam separados ou até grudados. Segundo ele, existem tipos diferentes, confira:

  • Polidactilia pré-axial: quando nasce um ou mais dedos do lado do polegar do pé ou da mão;
  • Polidactilia central: consiste no crescimento de dedos extras no meio da mão ou do pé. É muito raro;
  • Polidactilia pós-axial: ocorre quando o dedo a mais nasce ao lado do dedo mindinho, da mão ou do pé. É o mais comum.

A principal causa é a herança genética. "Quando a mãe ou o pai tem polidactilia, tem uma chance maior de ter uma transmissão genética, que a gente chama de autossômica dominante. Por exemplo, se o pai tem, a criança tem 50% de chance de nascer com a mesma deformidade", afirma ele. "Também há síndromes que podem levar problemas cardíacos associados à condição", acrescenta. Além disso, alguns casos de polidactilia podem estar ligados à diabetes gestacional.

Como é feito o diagnóstico?

"O diagnóstico geralmente é feito intraútero, na ultrassonografia de 24 semanas, quando é possível perceber se há algum dedo a mais. Quando o diagnóstico é feito intraútero, o médico também vai atrás de outras alterações que podem estar associadas, como as malformações cardíacas", explica. Mas, também é possível que a condição seja identificada apenas no parto. "Principalmente quando é a duplicação do quinto dedo e não é uma malformação completa, sem osso, ou quando a mão fica fechada ou escondida, pode passar despercebido e o diagnóstico é feito quando a pessoa nasce", acrescenta.

Como é feito o tratamento?

É possível que a condição atrapalhe atividades diárias e afete a qualidade de vida. Na situação de Ricardo, seus dois dedos extras poderiam afetar sua locomoção e seu equilíbrio. Em casos como esse, normalmente é indicada a remoção dos dedos extras e a correção do formato do pé por cirurgia. Vale destacar que são feitas cirurgias de polidactilia tanto para os casos em que o dedo extra é somente composto por pele, quanto para os casos em que o dedo extra é completamente formado, com ossos e articulações, porém, este costuma ser um procedimento cirúrgico mais complexo, que requer a reconstrução de músculos e de pele. A forma de intervenção sempre deve ser indicada por um especialista.

"No caso do Ricardo, eu tive que amputar os dois dedos extras e fechar o espaço entre os dedos, utilizando um fio de aço para alinhar", explica Rafael Yoshida. A recuperação costuma ser muito rápida. "Depois de cinco dias, a criança não sente dor nenhuma", assegura. Geralmente, é recomendado realizar o procedimento nos primeiros anos de vida, se os dedos surgirem nos pés, é melhor fazer antes da criança começar a andar. A grande maioria das pessoas com essa condição leva uma vida normal sem apresentar complicações.

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