Uma compra de materiais escolares rendeu uma grande revelação e boas risadas entre Nathalia Prada, 23 e seu filho Vini, 4 anos. Moradores da Zona Norte do Rio de Janeiro, eles haviam acabado de comprar novos materiais para as aulas do pequeno, e decidiram gravar o momento de organizar os itens, pois Vini estava super animado, segundo a mãe. "No momento em que eu mostrei a borracha nova, usei o termo 'ele comeu a borracha antiga', no sentindo de dizer que ela já estava gasta. E pra minha surpresa ele me pergunta 'mas faz alguma coisa comer a borracha?'", relata Nathalia em entrevista à CRESCER.
Foi aí que Vini contou que comeu um pedaço de borracha na escola e engoliu sem ninguém ver - nem mesmo os amigos.
O vídeo que registra a conversa entre a mãe e o filho fez sucesso no TikTok e já conta com 1,5 milhão de visualizações e mais de 250 mil curtidas. Nele, Nathalia pergunta ao filho se ele comeu uma borracha de verdade. O pequeno afirma que engoliu um pedaço e, quando questionado sobre quem deu a borracha para ele, Vini diz que comeu sozinho: "eu simplesmente perdi a cabeça e comi." "Na minha cabeça tava cheio de coisa, aí realmente eu comi a borracha", continuou o pequeno.
Ele continua a conversa afirmando que comeu o pedaço da borracha "porque quis comer", e porque "perdeu a cabeça". Até que Nathalia explica que a borracha escolar não é comestível e que ele não pode comer nada que não seja para se alimentar. "Ah, entendi! Só comida", compreende Vini.
Nathalia conta que não esperava essa reação do pequeno e buscou explicar com clareza que o material escolar não é comestível. "Eu fiquei supresa pois ele deixa bem claro que engoliu a borracha e questiona toda a situação. Entendi que foi por curiosidade, ri com ele, mas expliquei e ensinei para que não ocorra com qualquer outro objeto, deixei claro o perigo e ele se mostrou a entender", conta.
Segundo ela, nos comentários do vídeo, muitas pessoas ficaram encantadas com a forma que Vini explica o incidente e as expressões que usou, como "infelizmente" e "perdi a cabeça". "De forma muito inusitada, muitas pessoas se identificaram e disseram já terem comido borracha na infância", conta Nathalia.
Parceria diária
Nathalia e Vini possuem uma relação próxima, segundo a mãe, que deu à luz aos 19 anos. "Somos amigos, a gente ri bastante o dia todo. Conversamos sobre tudo e incluímos o Vini em todas as tarefas e situações que ocorrem, deixamos ele opinar, ensinamos que temos responsabilidades e sobre respeito. Ele é tudo que eu tenho", relata. A família gosta de passar o tempo em conjunto e, segundo o próprio Vini, as sessões de cinema são o programa preferido. "Perguntei pro Vini e ele disse que [o que mais gosta] é assistir um filme grudadinhos. E eu concordo!", conta a mãe.
Fase de experimentação
Quem nunca teve a curiosidade quando criança, assim como Vini, de sentir o gosto ou a textura de algo que não era um alimento? Esse impulso, na verdade, faz parte de um processo comum na primeira infância. Segundo a psicóloga Tatiane Mosso, esse é o período que vai do nascimento até os seis anos de idade e é considerada um período crucial para o aprendizado, o desenvolvimento e o bem-estar social e emocional das crianças.
"As crianças vão se formando a partir do que aprendem com seus cuidadores e também com a exploração do mundo ao seu redor de forma sensorial. Uma das maneiras mais naturais de entender o ambiente nessa idade é através da boca, o que já começa no primeiro dia de vida com a mamada. Isso acontece porque a boca é uma região rica em terminações nervosas que ajudam a criança a identificar texturas, formas e sabores", explica Mosso. Assim, é comum que, por curiosidade, bebês e crianças na primeira infância levem objetos à boca, mesmo que não sejam comestíveis, pois ainda estão em processo de aprendizado de fazer essa distinção.
Meu filho comeu algo não comestível. E agora?
A história de Vini gerou entretenimento no TikTok, mas também pode despertar algumas dúvidas para mães e pais. Afinal, o que fazer caso a criança coma um pedaço de borracha, um brinquedo ou outro item que não seja comestível?
Segundo Aline Piedade, pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a ingestão de um pedaço de borracha escolar geralmente não causa danos imediatos à saúde da criança, especialmente se o pedaço for pequeno e a criança não apresentar nenhum sintoma de engasgo ou dificuldade para respirar.
"Se os pais perceberem que a criança ingeriu um pedaço de borracha escolar, é importante seguir algumas orientações como observar se a criança apresenta sinais de engasgo, dificuldade respiratória, tosse persistente ou qualquer outro sintoma preocupante. A ida ao pronto socorro só é necessária se houver sinais de engasgo ou dificuldade respiratória", explica a pediatra. "Os pais podem monitorar a criança em casa, observando qualquer sinal de desconforto abdominal, vômito ou mudanças nos padrões intestinais. Se esses sintomas surgirem, é recomendável consultar um pediatra", conclui.