Saúde & bem-estar
 


"Fiquei em choque." Este foi o sentimento da empresária Aline do Vale, 33, de Poços de Caldas, Minas Gerais, ao descobrir que estava com câncer de mama em estágio 3. "Foram dois diagnósticos errados até o médico dizer: 'É câncer'", lembra em entrevista à CRESCER. Os primeiros sinais apareceram em janeiro do ano passado, mas ela só foi diagnosticada corretamente em outubro. "Os médicos disseram para eu não me preocupar", destaca Aline, que é mãe de três.

Aline e as filhas — Foto: Arquivo pessoal
Aline e as filhas — Foto: Arquivo pessoal

Tudo começou quando ela foi ao médico porque queria colocar próteses nos seios. "Em um dos exames de mamas, apareceu um tumor, que foi diagnosticado como BI-RADS 3. O mastologista explicou que era provavelmente benigno e que a chance de ser maligno seria de 1%. Ele disse que eu podia ficar tranquila e fazer minha cirurgia para colocar a prótese", recorda.

Com a liberação do médico, ela fez o procedimento em março. Mas, durante a recuperação, começou a perceber que algo não estava certo. "Em maio, eu estava fazendo uma massagem para prótese não enrijecer e senti um nódulo", conta. Sem perder tempo, Aline logo retornou ao médico. "Fizemos um outro ultrassom e ele disse que era um cisto, que era comum que isso acontecesse depois de colocar a prótese e que não era para eu me preocupar", afirma.

'De repente, eu estou com câncer de mama já em estágio 3'

Aline ficou com a consciência limpa e seguiu sua vida. "Mas, em setembro, enquanto estava fazendo filmagens para a minha loja de roupas, eu e a minha amiga comparamos algumas imagens e percebemos que o cisto tinha crescido. E aí ele foi crescendo cada vez mais rápido", afirma. Então, ela retornou ao médico que disse que este crescimento realmente não era normal e que seria preciso fazer uma biópsia.

"Peguei o resultado dia 10 de outubro. Fui ao médico e a primeira coisa que ele falou foi: 'Infelizmente é câncer'. E eu não tinha para onde correr, tinha que dar início à quimioterapia imediatamente, porque, nesse tempo, o câncer já tinha se espalhado para a axila e não dava para fazer a cirurgia para removê-lo", recorda Aline. "Foi um choque, foram dois diagnósticos errados e aí, de repente, eu estou com câncer de mama já em estágio 3", lamenta.

O diagnóstico veio em um momento bastante conturbado da vida de Aline, pois estava passando por um divórcio. "Eu tinha acabado de me separar e tinha assumido a responsabilidade das meninas sozinha. Eu fiquei com medo por não saber o que estava por vir e pensei: 'O que eu vou fazer agora?'", lembra. Mas, depois do susto inicial, ela conseguiu se acalmar e foi amparada pelos amigos e familiares.

Depois de se consultar com a psicóloga para saber a melhor forma de abordar o assunto, ela contou a notícia para as filhas - Thayna, 18, Alicia, 13, e Elisa, 5 - que se tornaram o seu porto seguro. "Elas foram muito corajosas", diz. "Minha mãe veio para a minha casa para cuidar das meninas, também tive muito apoio da minha melhor amiga", completa.

Thayna, Aline, Elisa e Alicia — Foto: Arquivo pessoal
Thayna, Aline, Elisa e Alicia — Foto: Arquivo pessoal

O tratamento

No final de outubro, Aline começou o tratamento com quimioterapia. "Eu coloquei na minha cabeça que o câncer tinha remédio, que a minha cura seria espiritual e que o sofrimento seria uma escolha - e eu escolhi não sofrer", afirma. Por isso, ela seguiu vivendo sua vida. "Continuei trabalhando, continuei viajando, continuei saindo com os amigos, porque eu me recusei a viver o câncer. Coloquei o batom vermelho na boca todos os dias e segui em frente", destaca.

Mas, nem sempre era fácil. "O câncer é bem feio, é assustador, é doloroso... A quimioterapia fazia doer os meus ossos, eu fui perdendo a disposição para andar, fui ficando cada vez mais cansada, minha pele foi mudando e meu físico também. Mas eu precisava manter a minha mente boa, manter minha mente saudável para lutar e para vencer o câncer", ressalta.

Quando viu que o seu cabelo estava caindo, resolveu raspá-lo por completo. "Eu encarei a careca porque me recusei a usar peruca. A Thayna também cortou o cabelo bem curto junto comigo. Foi um ato de muita coragem, porque ela amava o cabelo grande dela. Um dia, às 22h, ela chegou no meu quarto com o cabelo na mão e disse: 'Está tudo bem, é só cabelo'. Com isso, eu tive coragem de raspar", recorda.

Mas, nem todas as filhas se acostumaram logo de cara com o novo visual da mãe. "A Elisa, a mais nova, sempre se identificou muito com os meus cachinhos, porque a gente é muito parecida. Para ela foi um choque quando cortei meus cachos. No começo, ela não quis nem que eu a levasse mais na escola. Isso doeu nela", lamenta. Mas, com o tempo ela aceitou a mudança. "Ela se tornou meu apoio, porque hoje ela beija minha careca, abraça, me chama de 'Carequinha'. A gente se divertiu durante o meu tratamento colocando umas perucas coloridas no meu cabelo", afirma.

Elisa também sempre foi muito carinhosa com a mãe. "Sempre que eu estava com frio por causa da quimioterapia [que pode aumentar a sensibilidade ao frio], a Elisa era quem me abraçava e me acolhia com muito carinho", recorda.

Thayna e Aline — Foto: Arquivo pessoal
Thayna e Aline — Foto: Arquivo pessoal

'Eu venci o câncer'

O tratamento deveria ter acabado em 13 de março deste ano, porém, as quimioterapias vermelhas - feitas com um medicamento com tom avermelhado - precisaram ser adiadas. "O meu sistema imune e as minhas plaquetas [fragmentos celulares presentes no sangue] caíram e eu entrei num quadro de risco. Eu nem senti que as plaquetas estavam caindo, mas um dia tive uma febre e fui para o hospital. Chegando lá, um médico disse que eu teria que ser internada imediatadamente, porque entrei no pior quadro possível", diz.

Aline ficou internada por seis dias até conseguir retomar o tratamento. Mas, a cada dose de quimioterapia vermelha que recebia, suas plaquetas caíam novamente e, consequentemente, a próxima sessão precisava ser adiada. "Era muito angustiante, porque eu queria terminar logo esse processo para poder dizer: 'Eu venci o câncer'. É muita ansiedade e são muitas frustrações de não conseguir terminar. Nesse momento, foi quando o medo bateu pela primeira vez, o medo de não conseguir vencer", desabafa.

Felizmente, na última segunda-feira (22), ela compartilhou que finalmente terminou as 16 sessões de quimioterapia. "Encerrei esse ciclo e venci o câncer! A gente vence quando acaba o protocolo", comemora. "Meu câncer é genético, porém, ele começou em mim e terminou em mim. Fizemos um teste nas minhas filhas e elas não têm a mutação genética. Eu fui a premiada, ninguém na minha família tem", acrescenta.

Agora, próximo passo é fazer a cirurgia. "Estamos decidindo se vai tirar somente o quadrante afetado ou se vai precisar retirar as duas mamas. Mas eu estou indo um dia de cada vez e não estou focada nisso por enquanto, porque eu preciso me manter firme aqui. Como eu sempre digo: grata a Deus pelo dia de hoje e sem sofrer pelo que está por vir pela frente. Então, quando eu passar no médico a gente vai tomar a melhor decisão para enfim encerrar esse ciclo de uma vez por todas", diz.

Aline e Elisa — Foto: Arquivo pessoal
Aline e Elisa — Foto: Arquivo pessoal

'Existe uma Aline antes, durante e depois do câncer'

Após passar por tudo isso, Aline sente que é uma nova mulher. "Foi uma transformação. Eu vivi muitos anos em função de um casamento e quando eu decidi terminar e viver a minha vida, descobrir quem era eu além da relação homem e mulher, me veio um câncer. Acho que quando eu pedi a Deus liberdade, ele me ensinou formas de ser livre", afirma.

Para ela, o câncer impactou na sua autoestima. "Antes, eu não gravava nenhum vídeo, eu tinha muitas críticas comigo mesma, pensava sempre na perfeição, queria sempre agradar os outros... Mas virou uma chave na minha cabeça quando eu tive que raspar meu cabelo. Encarar o tratamento e o câncer me libertou de muitas coisas, me fez crescer, me fez evoluir", destaca. Hoje, ela compartilha seu dia a dia no Instagram e já acumula quase 55 mil seguidores.

"Existe, sim, uma Aline antes do câncer, uma Aline durante o câncer, que lutou com muita coragem, e uma Aline depois do câncer, que eu estou descobrindo agora que é o meu verdadeiro 'eu'", acrescenta. As filhas da empresária também foram impactadas com a condição da mãe. "Elas se tornaram meninas muito mais fortes, foram raras as vezes que eu as vi chorando junto comigo. Elas sempre me deram muita coragem e apoio", ressalta.

Agora, ela está ansiosa para este novo capítulo. "Eu sinto que eu vou realmente viver a minha vida e conseguir criar as minhas filhas da maneira que eu acredito que seja o meu caminho de agora em diante", diz. "Eu consegui vencer o câncer, com muito amor e com muita garra. Enfrentei as minhas dificuldades, meus altos e baixos, mas agora descobri um novo mundo e eu sigo acreditando que coisas boas estão por vir", finaliza.

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