• Juliana Malacarne com a colaboração de Andressa Simonini
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Além de surfar ondas gigantescas, Sylvio pratica esportes de aventura, como o Kitesurf. Aqui, a família se diverte nas ilhas Maurício (África Oriental).  (Foto: Acervo pessoal)

Além de surfar ondas gigantescas, Sylvio pratica esportes de aventura, como o Kitesurf. Aqui, a família se diverte nas ilhas Maurício (África Oriental). (Foto: Acervo pessoal)

Quem não gostaria de viajar pelo mundo, ter a oportunidade de trabalhar com o que mais ama na vida e, ainda, estar com a família sempre por perto? Para o surfista Sylvio Mancusi, 40 anos, esse é um sonho possível. Desde os 17 anos, incentivado pelo pai, ele saiu do Guarujá (SP) e fez sua primeira viagem para o Havaí (EUA) para pegar as temidas jaws, ondas gigantes da região. Foi durante essa viagem que ele descobriu que queria fazer isso pelo resto da vida. Já no ano seguinte, conseguiu um patrocinador, passou a competir em diversos países e nunca mais parou.

O mais curioso desta história é que Sylvio casou, teve filho e não abriu mão da sua profissão nem do seu estilo de vida para estar com a família. Muito pelo contrário – ele levou a mulher, Bia Silveira, 33, e o filho Benjamin, que hoje está com 4 anos, para viajarem juntos pelo mundo afora. As aventuras dos três, tanto à procura das ondas gigantes em que Sylvio é especialista, quanto de locais onde possam ser praticados esportes como stand up paddle e kitesurf, são registradas no programa Mar Doce Lar, do Canal Off, que segue para a sexta temporada.

Bia não só acompanha o marido como também é sua cinegrafista, captando todas as imagens para o programa, desde a primeira temporada. Como o trabalho dela não é radical como o do marido, pôde estar por perto de Sylvio inclusive ao longo da gestação. 

É claro que, depois que o bebê nasceu, eles tiveram de adaptar as viagens. “Quando éramos apenas a Bia e eu, ficávamos em qualquer lugar, não havia planejamento. Perdi as contas de quantas vezes dormimos em aeroportos. Agora, com o Ben, nos programamos muito melhor em relação à hospedagem e à alimentação, para não passar nenhum perrengue”, conta Sylvio, em entrevista exclusiva à CRESCER.

Sylvio descansa e brinca com o filho em Oahu (Havaí). (Foto: Acervo pessoal)

Sylvio descansa e brinca com o filho em Oahu (Havaí). (Foto: Acervo pessoal)

Ben alimenta cangurus na Austrália (Foto: Acervo pessoal)

Ben alimenta cangurus na Austrália. (Foto: Acervo pessoal)

Aproveita o mar em Oahu (Havaí). (Foto: Acervo pessoal)

Aproveita o mar em Oahu (Havaí). (Foto: Acervo pessoal)

Ben brinca em uma montanha cheia de neve. (Foto: Acervo pessoal)

Ben brinca em uma montanha cheia de neve. (Foto: Acervo pessoal)

A família salta em uma estrada e posa para foto às margens de um rio. A foto é em Utah (EUA). (Foto: Acervo pessoal)

A família salta em uma estrada e posa para foto às margens de um rio. A foto é em Utah (EUA). (Foto: Acervo pessoal)

A foto é em Utah (EUA). (Foto: Acervo pessoal)

A foto é em Utah (EUA). (Foto: Acervo pessoal)

Pequeno viajante a bordo

Para o surfista, além de programar tudo com antecedência, respeitar o ritmo de uma criança é talvez a parte mais complicada das viagens. Se antes o casal conseguia gravar uma temporada em um mês, hoje em dia o ritmo diminuiu, e eles demoram cerca de três meses para gravar o mesmo número de episódios. Apesar das viagens terem sido reduzidas um pouco também, o entra e sai nos aviões continua constante para a família. E se você pensa que isso pode ser um problema para Benjamin, esqueça. O pequeno colocou o pé na estrada quando era recém-nascido.

Com 15 dias de vida, o menino fez sua primeira viagem, ao Brasil, onde está a maioria dos parentes e amigos – a família Mancusi mantém uma casa em Miami (EUA), que é o porto seguro entre uma viagem e outra. Desde então, o menino está sempre em trânsito e tem mais de 15 países carimbados no passaporte, acredite! “Mesmo tendo muita energia, ele é sossegado durante os trajetos. Quando era menor, andávamos com ele no canguru. Agora que está maiorzinho, gosta de correr pelos corredores do avião e acaba virando a alegria das comissárias”, diz.

Apesar da vida aventureira, o casal evita imprevistos com o filho durante os deslocamentos. Por isso, Bia prepara uma mochila exclusiva para Ben com brinquedos, lanches, soro para o nariz e hidratante para os lábios, por causa do ar-condicionado. Além disso, a mãe leva sempre algo para o filho mastigar durante os pousos e decolagens, para o ouvido não entupir. Os cuidados têm dado certo.

Sylvio pega um tubo no mar cor de esmeralda da Indonésia. (Foto: Acervo pessoal)

Sylvio pega um tubo no mar cor de esmeralda da Indonésia. (Foto: Acervo pessoal)

Ele se prepara para entrar na água, sendo observado de perto pelo pequeno Benjamin. (Foto: Acervo pessoal)

Ele se prepara para entrar na água, sendo observado de perto pelo pequeno Benjamin. (Foto: Acervo pessoal)

Leva o filho de carona na prancha, em Honolulu (Havaí). (Foto: Acervo pessoal)

Leva o filho de carona na prancha, em Honolulu (Havaí). (Foto: Acervo pessoal)

Um mundo de descobertas

Nesse vaivém do pequeno viajante, o mais complicado mesmo, segundo Sylvio, é estabelecer uma rotina para o filho, principalmente na escola.

Em Miami, por exemplo, o menino frequenta a educação infantil e, quando está no Brasil, vai à escola e estuda português. Durante os três meses que a família morou na Indonésia, para que o surfista pegasse as ondas gigantes do país, Ben também foi matriculado em uma instituição para aprender a se comunicar na língua local. “Não me incomodo muito com essas mudanças de escola e de cidades, porque Ben acaba aprendendo muito com isso. Afinal, crianças são como esponjinhas e absorvem tudo que está ao seu redor. E isso o tornou mais sociável, porque passou a conviver com crianças de diversas personalidades e culturas”, diz o pai. Essa habilidade de lidar com a diversidade, aliás, reflete-se até na hora da alimentação. “Ele não dá trabalho para comer, porque já experimentou a gastronomia de muitos lugares. Fico impressionado com o fato de ele lembrar de coisas que, às vezes, aconteceram há mais de um ano. Essas vivências têm formado sua personalidade. Agora, ele está começando a entender mais sobre os locais que conhece”, revela Sylvio.

Pai coruja, não esconde o desejo de que o filho seja surfista – aos 5 meses, colocou o menino na prancha para pegar onda junto com ele. Apesar disso, no entanto, Sylvio sabe que não deve exagerar nas expectativas. “Tem horas que ele ama estar na água, mas em outros momentos não quer. Percebi que tenho de ir com calma e respeitar a opinião dele. Quero que evolua e descubra o que realmente o deixa feliz.”

Felicidade, aliás, que Sylvio não esconde por ter o filho ao seu lado: “Gosto muito de um ditado marroquino [país em que a família estava quando fizemos esta entrevista] que diz que ‘uma casa sem crianças é uma casa sem alma’. A rotina e as nossas viagens são mais alegres e divertidas com Ben. Para mim e a Bia, não há nada melhor do que compartilhar todas essas aventuras com ele e ver seu sorriso de alegria a cada nova experiência”, diz.

Com todo esse sentimento de amor e vontade de conhecer o novo, certamente o trio vai “zerar” os locais que ainda não conhecem no mapa mais rápido do que se imagina.

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